Reunidos em Brasília na quarta-feira (26/11), movimentos sociais e ministros do governo Lula trocaram relatos e demandas sobre ações públicas do Planalto. Uma carta de propostas aos governantes assinada por mais de 50 organizações representantes de trabalhadores, de estudantes e entidades da sociedade civil foi entregue aos ministros de Estado. Entre as demandas listadas pelos movimentos presentes no encontro no Palácio do Planalto, o pedido de convocação da Conferência Nacional de Comunicação surge como aspiração de uma diversidade de segmentos sociais, aumentando a mobilização em torno da realização da plenária.
Representante da Coordenação Executiva do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) no encontro, a psicóloga Roseli Goffman relata que a audiência com o governo federal teve a presença de enorme diversidade de segmentos sociais e que todos apoiaram as manifestações pelo chamado para a Conferência Nacional de Comunicação. José Luiz Sóter, presidente da Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária (Abraço), destaca que a reunião tinha o caráter de [o governo] mostrar aos movimentos sociais o que tem feito para promover a inclusão social e a situação econômica do país.
Massa crítica
Para as entidades envolvidas com a construção da Conferência Nacional de Comunicação, porém, foi de grande utilidade ainda porque serviu para agregar apoiadores e mostrar ao Planalto a força e a dimensão que já toma o movimento, afirma Sóter. ‘Para a nossa luta, de provocar a Conferência Nacional de Comunicação, foi muito positivo, porque todos os movimentos sociais lá representados receberam muito bem a proposta. Na verdade, ampliamos a mobilização com o apoio dos outros movimentos sociais’, estima o dirigente da Abraço.
Roseli cita como exemplo a importante a adesão do MST à luta pela realização da Conferência Nacional de Comunicação. ‘O MST é um movimento reconhecido internacionalmente. Não é um partido político. É uma massa crítica. A massa crítica do pessoal que é mais desfavorecido no nosso país e que, ao mesmo tempo, consegue se articular nacionalmente. Quando eles discutem numa plenária, formatam um texto e o encaminham como um pleito deles. Isso é decisivo’, enfatiza a psicóloga.
Relação mais transparente
A carta entregue pelos movimentos sociais ao governo Lula carrega, no seu item 10, o seguinte texto:
‘A mídia permanece concentrada nas mãos de poucos grupos econômicos. Este quadro reforça a difusão de um pensamento único que privilegia o lucro em detrimento das pessoas e exclui a visão dos segmentos sociais e de suas organizações do debate publico. Para reverter esta situação e colocar a mídia a serviço da sociedade, é preciso ampliar o controle da população sobre as concessões de rádio e TV, fortalecer a comunicação pública e garantir condições para o funcionamento das rádios comunitárias, acabando com a repressão sobre elas. Por tudo isso, é urgente que o governo federal convoque a Conferência Nacional de Comunicação (clique aqui para ler a íntegra do documento).’
‘A gente espera agora que o governo se sensibilize e veja que já existe uma manifestação popular pela realização da conferência, que não é só uma iniciativa de gabinetes, restrita aos corredores do Congresso Nacional’, projeta Sóter. De acordo com ele, a visibilidade conferida no encontro serve para que o governo reconheça que a sociedade brasileira está preparada para realizar uma grande conferência envolvendo os concessionários, os destinatários dos meios de comunicação, os comunicadores comunitários, os fabricantes de equipamentos de tecnologias para a comunicação. ‘E que há maturidade para que todos esses segmentos tentem uma relação mais transparente, igualitária em relação aos interesses da Comunicação Social como um todo’, manifesta o dirigente.
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Da Redação FNDC