Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Entrevista de opositores tirada do ar

CENSURA

O colunista político e secretário de organização do Partido Socialista Brasileiro do Amapá, Camilo Capiberibe, e o deputado estadual Ruy Smith, do PSB amapaense, foram vitimas de censura na manhã do dia 26 de agosto último. Convidados pelo radialista Carlos Lobato, da Rádio Cidade 101 FM de Macapá, para debater um pacote de leis teoricamente voltadas para o desenvolvimento do Amapá, foram sumariamente tirados do ar. Quando o debate mal tinha começado, a transmissão foi interrompida. Minutos depois, concertada a ‘falha’ no transmissor e reiniciado o debate, a energia elétrica da emissora foi cortada.

Perdeu a sociedade amapaense que não pôde ouvir críticas aos projetos porque não existem espaços democráticos para o debate no cenário da radiodifusão comercial do Amapá. Até o momento, o Sindicato dos Jornalistas não esboçou nenhuma reação e possivelmente não vai fazer nada. Nos rincões, o buraco é mais embaixo, e por pequeno que seja nosso estado, censura aqui dói do mesmo jeito que nas grandes capitais, e está presente no dia-a-dia de quem pensa diferente do poder estabelecido.

Faço abaixo um clipping da repercussão do fato na mídia alternativa do Amapá.

** Site do jornalista Correa Neto Online (26/8/05)

Ninguém conseguiu ouvir hoje pela manhã as opiniões do deputado Ruy Smith, PSB, e do colunista político Camilo Capiberibe sobre o pacote de medidas que o governador Waldez Góes [PDT] mandou para a Assembléia aprovar durante o recesso, e o próprio governo aponta como necessárias para o desenvolvimento. >>> No princípio o programa Tribuna da Cidade, da 101 FM não estava sendo jogado no ar. Depois faltou energia, mas só na emissora. As casas localizadas ao lado da emissora tinham energia, normal.

** Repiquete no Meio do Mundo – Blog de Alcilene Cavalcante

Rádio: Estranha coincidência ou censura e vergonha?

Os ouvintes do programa Tribuna da Cidade, de Carlos Lobato e Paulo Silva, que vai ao ar pela rádio 101fm, devem estar agora com caraminholas na cabeça sobre o que aconteceu de fato no programa da última sexta-feira. Estavam no ar dando entrevista o deputado Ruy Smith, do PSB, e Camilo Capiberibe. Estranhamente a emissora saiu do ar e faltou energia na hora da entrevista, que se desenrolava bem. Mais estranho ainda é que na vizinhança da rádio a energia não faltou, como na casa do fotógrafo Paulo Uchoa, que mora bem ao lado.

Será que foi só coincidência? Será que a CEA teve o desplante de desligar a energia na hora da entrevista com políticos que fazem oposição ao governo do estado? Se o caminho escolhido foi esse, é um caminho muito perigoso. Não podemos esquecer duas coisas muito importantes: emissoras de rádio são concessões públicas. E a manifestação da oposição faz parte do jogo democrático e é fundamental para qualquer sociedade.

** Coluna do jornalista João Silva no site Tempus Digital

Reflexão

A democracia é conquistada e, depois de conquistada, é preciso ser preservada; isso exige esforço dos cidadãos, sem o que não permanecerá viçosa como uma bela árvore que precisa ser ‘regada’ todos os dias, entre coisas, pela liberdade de expressão, pelo respeito às instituições, às diferenças, ao papel da imprensa no mundo em que vivemos.

Até para que não paire qualquer dúvida, os radialistas Carlos Lobato e Paulo Silva precisam pautar uma nova entrevista com o deputado estadual Ruy Smith (PSB) e o assessor Camilo Capiberibe, sobre a questão fundiária do Amapá. No meio da semana os dois falavam ao programa ‘Tribuna da Cidade’ quando a conversa foi interrompida por falta de energia nos estúdios da emissora.

Como a entrevista não foi retomada depois, perdeu a sociedade, impedida no seu direito de avaliar opiniões divergentes sobre assunto relevante. Ainda acredito na retomada do debate não só com os dois representantes do PSB, mas também com outras correntes da opinião pública do Amapá.

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Advogado