Uma pesquisa encomendada pelo jornal britânico Guardian ao instituto ICM Research revelou que a confiança do público na BBC caiu após os recentes escândalos ocorridos na rede pública. Primeiro, houve a revelação de que o resultado de um concurso por telefone no programa infantil Blue Peter havia sido forjado. Depois, causou controvérsia a exibição, a jornalistas, de um trailer do documentário A Year with the Queen (Um ano com a Rainha, tradução livre), que mostra os preparativos da rainha Elizabeth II para seu 80º aniversário e os bastidores de sua viagem aos EUA.
A falsificação rendeu à rede multa de mais de US$ 100 mil, imposta pela Ofcom (instituição regulatória do setor de telecomunicações no Reino Unido); a gafe com a rainha, que na edição do vídeo parecia ter abandonado uma sessão de fotos com a respeitada fotógrafa Annie Leibovitz, o que não ocorreu, levou a um pedido público de desculpas.
Dos entrevistados, 59% responderam que, hoje, confiam menos na BBC do que confiavam antes; apenas 37% disseram que não mudaram sua opinião sobre a rede, mesmo com a BBC reconhecendo os erros. Os mais velhos são os que menos acreditam na emissora: 67% com mais de 65 anos alegam confiar menos na BBC.
Em busca da credibilidade
Na semana passada, Sir Michael Lyons, presidente do BBC Trust, conselho que representa os telespectadores que pagam a taxa de financiamento da rede, disse que, para que a reputação da companhia seja reconstruída, ele gostaria de ver mudanças significativas dentro de um ano. A BBC orgulhava-se de sua transparência e credibilidade, mas, segundo a pesquisa, apenas 37% crêem que sua tendência a contar a verdade seja maior que a dos rivais comerciais ITV e BSkyB. Para a grande maioria, 58%, não há diferença entre a BBC e outros canais.
A rede pública britânica não é a única a perder confiança do público nos últimos tempos: a indústria televisiva do Reino Unido, como um todo, passa por uma crise de credibilidade. Dos entrevistados, 74% acreditam que muitas informações mostradas na TV são armadas, e apenas 22% acreditam no que vêem. Informações de Julian Glover [The Guardian, 28/7/07].