Uma investigação do Exército americano concluiu que artigos sobre o Iraque assinados por um soldado anônimo na revista New Republic são falsos. O autor, sob o pseudônimo Scott Thomas, escrevia textos para a publicação política desde fevereiro, sobre experiências – muitas vezes chocantes – testemunhadas no Iraque. As colunas descreviam cenas do cotidiano da vida militar, com toques de crueldade: certa vez um soldado usou, de brincadeira, um pedaço de crânio de criança embaixo do capacete; em outro episódio, uma mulher terrivelmente desfigurada por ferimentos de guerra foi gozada por soldados, entre eles o autor.
Os relatos do soldado passaram a ser questionados pela revista Weekly Standard, o que levou a New Republic a abrir um inquérito interno para verificar a veracidade das informações contidas nos artigos. Diante da polêmica, o soldado acabou se identificando como Scott Thomas Beauchamp. Ele é casado com uma repórter da revista. Segundo Franklin Foer, editor da New Republic, Beauchamp teve privilégios como telefone e acesso a e-mails restringidos pelo Exército.
A polêmica continua
Em sua investigação, a revista concluiu que os relatos do soldado eram verdadeiros. Cinco companheiros de Beauchamp no Iraque corroboraram as informações, que dizem ter testemunhado ou, no caso de um deles, ouvido falar. Todos os soldados que tinham conhecimento dos episódios pediram para permanecer anônimos. Apenas na história sobre a mulher desfigurada a New Republic encontrou imprecisões: o caso teria ocorrido no Kuait antes da chegada da tropa de Beauchamp a Bagdá.
Nesta terça-feira (7/8), Michael Goldfarb, editor da Weekly Standard que originalmente levantou dúvidas sobre a veracidade das colunas do soldado, afirmou ter recebido informações de que Beauchamp ‘assinou uma declaração admitindo que os três artigos publicados na New Republic se tratavam de exageros e dados falsos – invenções contendo apenas ‘pouca coisa de verdade’, nas palavras de nossa fonte’. Diante da alegação, a New Republic entrou em contato com o major Steven Lamb, porta-voz das forças americanas no Iraque, que respondeu não ter conhecimento de tal declaração. O Exército, entretanto, não entrou em detalhes sobre como conduziu sua investigação do caso. Informações de Patricia Cohen [The New York Times, 8/8/07].