Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Defesa proíbe entrevistas e blogs no Reino Unido

O Ministério da Defesa britânico estabeleceu, sem alarde, novas regras para evitar que militares falem publicamente sobre seu trabalho, revela o Guardian [em artigo de Audrey Gillan, 10/8/07]. Agora, membros do Exército, Marinha e Aeronáutica precisam de autorização de um superior para escrever em blogs, participar de pesquisas, falar em público e enviar mensagens de texto ou fotografias – se a informação usada por eles tiver qualquer ligação com assuntos de trabalho.


As diretrizes cobrem comunicação falada e escrita, incluindo meios como internet e outras tecnologias de compartilhamento de dados. Os militares, e os funcionários civis do Ministério, não podem divulgar arquivos de vídeo ou áudio. Em um passado recente, este tipo de material – na ocasião, mostrando abuso de prisioneiros iraquianos – causou sérias dores de cabeça para o Exército dos EUA. Pelas novas diretrizes do Ministério britânico, todos estes tipos de comunicação devem ‘ajudar a manter e, quando possível, realçar a reputação da defesa’.


O regulamento mais rígido, emitido na semana passada, vem poucos meses após a polêmica causada por dois membros da Marinha que, depois de mantidos em cativeiro no Irã, aceitaram pagamento de jornais para contar suas histórias. A partir de agora, fica proibido receber dinheiro em troca de entrevistas, palestras e livros que tenham como tema experiências do serviço militar.


Mordaça


As regras causaram revolta no meio, e passaram a ser discutidas em um sítio não-oficial de soldados. Participantes do fórum online afirmam que, se o Ministério investisse em boas condições de trabalho, não sentiria a necessidade de implantar tais proibições. Antes delas, era permitido blogar e participar de debates online, e era preciso pedir permissão apenas quando se desejava falar com a imprensa. Advogados especializados em questões de direitos humanos afirmam que as normas podem violar o artigo 10 do Ato de Direitos Humanos, que garante a liberdade de expressão.


Segundo Simon McDowell, diretor geral de comunicação do Ministério, as novas diretrizes não são uma forma de censura ou mordaça. ‘A regulamentação existente era confusa e não incluía questões como a aceitação de pagamento. [A nova] se aplica à comunicação sobre questões de defesa, e não questões pessoais. Pequenos detalhes podem ter impacto na segurança operacional. Até uma pequena fotografia enviada por um telefone celular do Afeganistão pode pôr em risco a vida de pessoas e violar a segurança operacional’, afirma.