Em janeiro deste ano, o Celebrity Big Brother, reality show exibido pelo Channel 4 com celebridades como participantes, atraiu mais de 400 mil reclamações de telespectadores à Ofcom, agência reguladora de telecomunicações do Reino Unido, devido a comentários racistas envolvendo a atriz indiana Shilpa Shetty. Esta semana, o canal sofreu nova acusação de racismo. Desta vez, a queixa foi feita pela polícia britânica, e é referente ao documentário Undercover Mosque (Mesquita Secreta, tradução livre).
Segundo a polícia, o documentário sobre mesquitas britânicas, transmitido em janeiro, continha imagens fabricadas de sermões, feitas por um repórter com câmera oculta. ‘As filmagens mostram como as mensagens de ódio e segregação são espalhadas no Reino Unido e como elas são influenciadas pelo establishment religioso da Arábia Saudita’, descrevia o sítio do programa.
De acordo com promotores federais, o documentário, que provocou ódio entre os 1,7 milhão de muçulmanos que vivem no Reino Unido, foi ‘muito editado’; além disso, os sermões ‘estavam fora de contexto’. ‘Os trechos dos discursos pareciam totalmente distorcidos’, afirma Bethaw David, advogado do Serviço de Procuradoria da Coroa Britânica (CPS, sigla em inglês). Os detetives do CPS, no entanto, concluíram que não havia provas suficientes para indiciar o programa – a única alternativa que restou foi a reclamação ao Ofcom.
Reincidente
O Channel 4 defende-se, afirmando estar confiante sobre a veracidade do documentário. Em maio, o canal havia sido duramente criticado pela Ofcom por ‘mau julgamento editorial’ no caso Celebrity Big Brother. Em junho, causou polêmica a exibição de um documentário sobre a morte da princesa Diana, depois de pedido dos príncipes William e Harry para que não fossem mostradas fotos do acidente. Em julho, uma companhia telefônica multou o canal por um programa em que telespectadores eram estimulados a telefonar para participar de um concurso, mas os vencedores já haviam sido escolhidos. Informações da Reuters [8/8/07].