‘Comparada à música, a comunicação por palavras é vergonhosa, pois elas diluem e brutalizam, despersonalizam, tornam o incomum em comum’ (Friedrich Nietzsche)
Iniciar um texto de palavras para refletir sobre as palavras. Isso parece uma tarefa nada fácil. Difícil ainda quando tratada como ferramenta jornalística. Negar o pensamento de Nietzsche frente ao que temos hoje como produção da profissão jornalismo é quase uma causa perdida. Porém, penso na existência de novos caminhos. Caminhos esses que estão por aí a se constituir.
A escrita corriqueira, em muitos casos, faz o jornalista esquecer ou suprimir o poder da palavra. Esquecer, praticamente, que a todo tempo se produz uma classificação. Me parece isso o que Nietzsche aponta como ‘…elas diluem e brutalizam’. Isto é, a palavra disposta assim se torna opressora. Então, onde mora a saída, a fuga do comum? Será, talvez, na maneira como dizê-las?
O toque humanizador
Assumir as técnicas de objetividade, generalizando-a pelas mais diversas pautas jornalísticas, está construindo um universo homogeineizado que, na concepção de Nietzsche sobre a escrita, ‘…tornam o incomum em comum’. Essa coisa de usar o mesmo metro para as mais variadas temáticas não alcança a expressividade das ações. O profissional deve se deixar atravessar pelo acontecimento para depois, então, o narrar. Não se trata aqui de desconstruir os métodos de objetividade, mas adequar de maneira humanizadora a cada enquadramento. Defendo a escrita no seu maior espírito de diversidade, sem uso de construções pejorativas, primando pela busca da luz da neutralidade, ainda que distante.
Se confunde precisão com redução de conteúdo. Isso é grave, principalmente quando não se buscam outras saídas que complementem a expressividade daqueles que constituíram os fatos em ação. É na recolha das informações que o profissinal deve transcender os preconceitos.
É possível amenizar a questão nietzscheniana sobre o uso da palavra. Garantir a essência da comunicação por palavras é uma tarefa que deve se apoiar no domínio da língua e no seu aperfeiçoamento ao longo do tempo. Mais do que o domínio da escrita, que se busque também o toque humanizador, a percepção da janela aberta em seus mais minuciosos detalhes. Assim como na música, ser capaz de atingir a faixa mais alargada de público porque na arte o que menos importa é a experiência intelectual de cada um para perceber o que está na sua frente.
******
Estudante de Jornalismo em Multimeios, Universidade do Estado da Bahia – UNEB, Juazeiro, BA