Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Como encarar a História

A censura ao Estado de S.Paulo começou no dia 12 de dezembro de 1968, à meia-noite, em seguida à notícia de que a Câmara Federal rejeitara a licença para processar o deputado Márcio Moreira Alves.


A censura, portanto, antecedeu a promulgação do AI-5. Àquela altura os militares já haviam esquecido a valiosa ajuda da imprensa na convocação da sociedade para derrubar o governo de João Goulart e preocupavam-se com os sinais de rebeldia dos principais jornais, como as críticas à candidatura do general Costa e Silva e a extensa cobertura das manifestações estudantis.


Por essa razão, com base no Ato Institucional nº 5 promulgado no início da noite do dia 13 de dezembro, começava a censura prévia no Estadão com a chegada de funcionários civis da Divisão de Diversões Públicas da Secretaria de Segurança do Estado de São Paulo; e, no Rio de Janeiro, com a entrada na redação do Jornal do Brasil de cinco oficiais do exército fardados (aparentemente desarmados).


Posturas contrastantes


Começava um dos mais penosos períodos da imprensa brasileira. Houve resistência, mas também houve desistência. Houve censura prévia mas também houve autocensura.


O balanço deste período é complicado porque parte da grande imprensa hoje não se sente muito à vontade para rever seus procedimentos no passado. O único dos grandes jornais que resolveu contar a sua história nos anos de chumbo foi o Estadão, mas sob a forma de livro a ser lançado na segunda-feira (15/12).


Veremos o que os jornais e revistas dos próximos dias vão oferecer aos seus leitores e à posteridade. Uma coisa é certa: não deverão divergir nem brigar. Mas serão obrigados a adotar posturas contrastantes. Caso contrário estarão traindo a História e suas histórias.