Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Candidatos à presidência investem em dotes literários

Os pré-candidatos à presidência dos EUA têm algo em comum, além do desejo de ocupar um lugar privilegiado no Salão Oval: todos negociam acordos para a publicação de livros. Parece que escrever um livro tornou-se um pré-requisito para concorrer às eleições presidenciais e é, acima de tudo, uma maneira de explicar seus pontos de vista aos eleitores de maneira mais aprofundada.


Os candidatos que estão bem nas pesquisas ainda conseguem ganhar um bom dinheiro com as publicações. A senadora democrata Hillary Clinton, por exemplo, conseguiu, algum tempo após o escândalo envolvendo seu marido e uma estagiária da Casa Branca, fechar um acordo milionário. Pela autobiografia Living History (História Viva), publicada em 2003, ela recebeu US$ 8 milhões. Nos últimos dois anos, a ex-primeira-dama embolsou cerca de US$ 1,2 milhão em royalties.


O democrata Barack Obama não fica tão atrás de Hillary nas pesquisas, mas, em relação a livros, recebeu apenas US$ 425 mil em adiantamento de royalties por The Audacity of Hope (A audácia da esperança), publicado em outubro do ano passado. O livro vendeu um milhão de cópias, de acordo com a Nielsen BookScan, que pesquisa cerca de 70% da venda editorial a varejo.


O senador republicano John McCain é outro exemplo de pré-candidato que tem obtido sucesso como escritor. Ele recebeu, em 2006, US$ 890.360 de royalties pela autobiografia Worth The Fighting For: A memoir (A luta é válida: uma memória), publicada pela Random House, e US$ 255 mil em lucros no ano anterior. Já a editora HarperCollins pagou ao ex-senador democrata John Edwards US$ 500 mil de adiantamento por Home: The Blueprints of Our Lives (Lar: os projetos de nossas vidas), coleção de mini-memórias editadas por ele. Edwards doou os royalties para instituições de caridade – o que alguns políticos fazem com parte do que recebem.


Estratégia de marketing


Para o publisher Jonathan Karp, do grupo Hachette Book – que lançou este mês o livro Hard Call (Decisão difícil), escrito por McCain –, os candidatos não têm o dinheiro como motivação principal, até porque sabem que seu forte, na maior parte das vezes, não é a literatura. ‘Muitos deles não são escritores e, por isso, acabam caindo em clichês ou escrevem mal’, opina.


Ele cita como fiasco editorial o livro A Call to Service: My Vision for a Better America (Um chamado para o trabalho: Minha visão para uma América melhor), do democrata John Kerry, publicado em 2003. Em 2004, ano em que o político concorreu à Casa Branca contra George Bush, o livro lhe rendeu US$ 89 mil em royalties. No ano seguinte, os lucros foram insignificantes. Para efeito de comparação, no mesmo ano, Hillary lucrou US$ 2,3 milhões em royalties com Living History. Atualmente, uma cópia de segunda mão do livro de Kerry pode ser comprada a um centavo de dólar na livraria online Amazon. Informações de Christine Simmons [Associated Press, 20/8/07].