Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

E o dilema das citações continua

Na coluna deste domingo [19/8/07], Deborah Howell continua a discussão da coluna anterior sobre as citações do diário. ‘Quando os repórteres colocam uma frase entre aspas isto significa uma escolha sobre o que eles acreditam que a pessoa disse ou deve ter dito’, afirma a ombudsman do Washington Post. A equipe do jornal tem opiniões diferenciadas sobre citações e parte dela não concorda com as diretrizes do manual interno, que afirma que ‘as citações devem conter as exatas palavras que foram ditas’.

Em uma pesquisa informal com os jornalistas do Post, Deborah descobriu que alguns consideram qualquer mudança na citação uma quebra de ética, enquanto outros afirmam seguir mais seus instintos do que o manual do jornal. Entre os leitores, são poucos os que acreditam que mudar alguma palavra nas citações de alguém significa reproduzir ‘uma mentira’.

Adaptação

Em relação à correção de possíveis erros gramaticais na fala de entrevistados, questão debatida na coluna anterior, muitos jornalistas e leitores não vêem nada de errado em alterar as citações, corrigindo-as. Ainda assim, alguns leitores alegam que é importante manter o modo como os entrevistados falam, para preservar sua autenticidade. A leitora Teresa Galloway acredita que não é antiético adaptar o falado ao escrito, pois ‘a maior parte das pessoas, até mesmo as com alto nível educacional, nunca fala de acordo com as convenções da gramática inglesa escrita’.

Outra questão que influencia as citações que não são totalmente fiéis ao que foi dito é que os repórteres não são taquígrafos; portanto, quando não estão com gravadores, têm de confiar em suas anotações – e em sua memória. Já quando uma citação é traduzida de um idioma no qual o repórter não é fluente, a responsabilidade é do tradutor, que pode considerar apropriado um ajuste à fala. O mais importante, conclui Deborah, é que o repórter seja transparente com o leitor, reproduzindo o sentido daquilo que o entrevistado quer passar, mesmo que não seja com as exatas palavras usadas por ele.