O ombudsman do New York Times, Clark Hoyt, debateu em sua coluna de domingo [26/8/07] uma estratégia do diário para ter seus artigos aparecendo em primeiro lugar nas ferramentas de busca online. A ferramenta de otimização de buscas tem o objetivo de atrair mais tráfego para o sítio e, conseqüentemente, mais anunciantes. Tecnicamente complexo, o sistema coloca o conteúdo do diário no topo da lista dos resultados, não importando sua relevância real.
A técnica, no entanto, estaria gerando um problema – muitas vezes, algumas informações disponibilizadas, apesar de antigas e possivelmente desatualizadas, ainda são as primeiras a aparecer no resultado de busca. Hoyt vem recebendo cerca de uma reclamação por dia de pessoas que acreditam que alguns dados errados ou desatualizados publicados em matérias do NYTimes podem estar prejudicando suas vidas pessoais ou profissionais.
Preso ao passado
Allen Kraus, ex-vice-comissário da Administração de Recursos Humanos da cidade de Nova York, cujo escritório liderou uma investigação de fraudes que gerou várias prisões 16 anos atrás, é uma dessas pessoas. Na época, o NYTimes publicou uma matéria sobre um release da chefe de Kraus, informando que ele havia resignado antes das prisões, sob pressão da investigação. Horas depois, a chefe publicou outro release, alegando não haver ‘evidência de culpabilidade criminal’ contra Kraus. O diário não ouviu o outro lado da história e não deu tanto destaque ao fato de a chefe ter escrito posteriormente uma carta alegando que sua resignação não tinha a ver com a investigação.
Confusão passada, Kraus abriu um escritório de consultoria que tem hoje clientes de Nova York até a Califórnia. Mesmo com outra vida, se seu nome for digitado no Google, a primeira informação a aparecer não é seu sítio profissional, mas o artigo do NYTimes, com o título ‘Funcionário nega ter renunciado devido à investigação’. O hoje consultor teme que isso possa prejudicá-lo nos negócios.
Sem solução
Kraus não é o único a reclamar e todos que o fazem querem que os artigos sejam removidos do arquivo do NYTimes. Até pouco tempo atrás, o jornal afirmava que não havia nada a ser feito, pois os artigos não poderiam simplesmente ser eliminados. No entanto, Craig Whitney, editor responsável por manter os padrões de qualidade do NYTimes, reconhece que a internet disponibilizou ao mundo um material que antes era restrito aos arquivos do jornal, em microfilmes ou papel, e, por isso, há uma nova obrigação de minimizar suas conseqüências.
Porém, não é possível aceitar a reclamação de uma pessoa sem evidências para tal, assim como não é possível reescrever uma matéria sobre todos os casos desatualizados. Por enquanto, a única solução oferecida pelo jornal, caso a pessoa entregue uma prova concreta, é corrigir o erro específico.