O segredo durou dois meses, mas havia um sítio de internet americano no meio do caminho para atrapalhar a vida da realeza britânica. Na quinta-feira (28/2), a mídia do Reino Unido – e, conseqüentemente, a imprensa internacional – noticiou que o príncipe Harry estava servindo ao Exército Britânico no Afeganistão depois que o sítio Drudge Report vazou a ‘informação exclusiva’. Na verdade, as empresas de comunicação britânicas sabiam do paradeiro de Harry desde dezembro, mas fizeram um acordo com o Ministério da Defesa se comprometendo a não revelá-lo ao público em nome da segurança do príncipe, que poderia se tornar um alvo fácil para terroristas. A revista australiana New Idea e o jornal alemão Bild já haviam furado a história em janeiro, sem maiores repercussões.
O Ministério realizou uma série de reuniões com representantes das maiores empresas de mídia do Reino Unido – entre emissoras de TV, jornais e agências de notícias – antes da viagem de Harry, que tem 23 anos, ao Afeganistão. Pelo acordo, estes veículos teriam acesso a entrevistas, fotos e filmagens do príncipe servindo ao Exército. A condição seria publicar o material somente quando a viagem de Harry estivesse encerrada, em abril.
Surpresa
Depois do vazamento da notícia, imagens do príncipe em ação e entrevistas com ele foram veiculadas em diversas emissoras, incluindo a BBC. O Ministério da Defesa, por sua vez, decidiu retirá-lo do Afeganistão para garantir sua segurança e a de sua tropa.
No fim, a maior surpresa não foi o fato de o príncipe estar no Afeganistão há dois meses, mas sim a imprensa britânica, com ampla fama de sensacionalista, ter conseguido manter o segredo por tanto tempo. O editor-executivo do tablóide News of the World, Neil Wallis, elogiou seus colegas britânicos e afirmou que os veículos estrangeiros foram menos cuidadosos com a segurança de Harry do que os do Reino Unido. ‘Eu pergunto se ele [o Drudge Report] teria feito o mesmo se fossem os filhos de George Bush ou de Hillary Clinton servindo no Afeganistão’, alfinetou. ‘Não é uma questão de censura, mas sim de responsabilidade’. Informações de Mark Sweney e Ben Dowell [Guardian.co.uk, 28 e 29/2/08].