Jawed Ahmad, jornalista afegão da rede de TV canadense CVT, detido há quatro meses sem acusações formais, foi declarado pelo Exército americano como ‘combatente inimigo’, noticia Alisa Tang [AP, 27/2/08]. Um conselho de revisão determinou que o jornalista representava um perigo para as tropas estrangeiras e para o governo afegão, informou o major Chris Belcher, porta-voz da coalizão liderada pelos EUA.
Ahmad está detido no campo militar de Bagram, ao norte de Cabul. ‘Como um combatente do inimigo, ele é uma ameaça para as forças da coalizão e para o governo da República Islâmica do Afeganistão. Ahmad não foi preso por sua atuação como jornalista’, ressaltou Belcher, que não deu maiores informações sobre os motivos da prisão.
O jornalista de 22 anos, que também é conhecido como ‘Jojo Yazemi’, foi detido na cidade de Kandahar, segundo o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ). Ele foi posteriormente transferido para um centro de detenção na base de Bagram. ‘A CTV continua preocupada com o bem estar de Jojo Yazemi e continuamos a trabalhar com todos os meios diplomáticos disponíveis para encontrar informações adicionais que possam tirá-lo deste processo’, afirmou Robert Hurst, presidente da emissora canadense.
Talibã
Segundo o irmão de Ahmad, Siddique, o Exército teria acusado o jornalista de ter contato com membros do Talibã. É comum que repórteres que trabalham no Afeganistão procurem militantes do Talibã com o objetivo de obter dados para suas matérias. ‘Mesmo o Pentágono tendo feito uma acusação séria, não apresentou nenhuma prova. E mesmo Jawed Ahmad estando preso por quatro meses, ele não foi acusado de um crime’, ressaltou o diretor-executivo do CPJ, Joel Simon. ‘Pedimos que o Exército ou acuse Jawed Ahmad de uma ofensa criminal ou, se não haja intenção disto, que o liberte imediatamente’.
Não é a primeira vez que casos como o de Ahmad ocorrem; o Exército americano já prendeu outros jornalistas no Iraque e Afeganistão sem acusações formais. Na maior parte dos casos, os profissionais de imprensa foram libertados sem maiores problemas. Exceção é o caso do iraquiano Bilal Hussein, fotógrafo da agência de notícias Associated Press, preso durante 22 meses pelo Exército. A AP defende Hussein, alegando que não há evidências que apóiem as acusações de que ele esteve envolvido em atividades insurgentes.