Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Livro-denúncia disponível para download

[do release da editora]

Jair Antônio da Costa, Anderson Amaurílio, Iraguiar Ferreira da Silva, Josenilson José dos Santos, Anderson Luís e Dorothy Stang compõem uma extensa lista de vítimas de uma modalidade de violência que se considerava extinta no Brasil: os assassinatos políticos, tema do livro-reportagem Plantados no Chão, da jornalista Natalia Viana, que a Conrad está lançando para download pela internet [clique aqui para baixar o livro].

Se esse tipo de crime era uma forma de terrorismo de Estado, agora eles envolvem situações mais complexas – onde militantes de movimentos sociais batem de frente com interesses particulares, que resolvem silenciar a luta legítima por direitos sociais com as próprias mãos ou com o apoio de setores corruptos do Estado – por vezes mesmo a polícia e o Judiciário.

Correspondente da Bandnews em Londres e colaboradora da revista Caros Amigos, a autora escolheu seis casos que, dentro dessa perspectiva, podem ser considerados de natureza política e servem para ilustrar como o Estado brasileiro tem tratado os assassinatos de motivação política.

Três desses casos tratam de diferentes perspectivas e reivindicações no campo que tiveram o mesmo fim trágico: Dorothy Stang, missionária norte-americana que participava da Pastoral da Terra no Pará, morta em uma emboscada encomendada por fazendeiros; Miguel José dos Santos, líder dos sem-terra do acampamento Terra Prometida, em Felisburgo (MG), morto num massacre que custou mais 4 vidas, além de outros 13 feridos; e Josenilson José dos Santos e José Ademilson Barbosa, índios da etnia xukuru, de Pernambuco, assassinados durante a luta pela demarcação das suas terras.

Contra o futuro

Os outros três relatos mostram que não são apenas os movimentos sociais que vêm do campo que acabam tornando-se vítimas desse tipo de violência. Anderson Amaurílio da Silva, militante do movimento pelo passe livre, morto durante protestos no Terminal Urbano de Londrina; Jair Antônio da Costa, membro do Sindicato dos Sapateiros de Igrejinha (filiado à CUT), morto por policiais após um protesto contra uma onda de demissões que assolava a indústria de sapatos do Rio Grande do Sul; Anderson Luís, presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Frios e Laticínios do Rio de Janeiro e Baixada Fluminense (também filiado à CUT), assassinado misteriosamente enquanto ia ao trabalho.

Sindicalistas, militantes indígenas, líderes dos movimentos pela reforma agrária, estudantes do movimento pelo passe livre – agentes em busca de modificações sociais que se tornam vítimas da ineficiência estatal, seja por omissão na hora de proteger quem sofre ameaças, seja pela incapacidade de punir os culpados, abrindo espaço para novos crimes.

No ano em que a Declaração Universal dos Direitos Humanos completa seu sexagenário, a Conrad convida a todos a baixarem gratuitamente o livro-reportagem. A idéia é que o conteúdo se espalhe bem mais do que seria possível no formato papel, para que esse debate encontre espaço nos mais diferentes cantos possíveis. Por isso, nós da Conrad, juntamente com a autora Natalia Viana, pedimos: baixe o livro, copie, imprima, critique, entre no debate. Espalhe. O livro pode ser baixado aqui.

Lançamos também o blog Plantados no Chão para seguir acompanhando esse casos trágicos e para abrir espaço para outras denúncias de violência contra militantes e organizações por estarem exercendo seu direito de defender direitos. Afinal, como afirma a jornalista britânica Jan Rocha no prefácio do livro, ‘a morte de um líder não é simplesmente uma eliminação de uma pessoa inconveniente, mas um golpe contra a esperança, contra o futuro’.

Leia aqui a entrevista de Paulo Henrique Amorim com a autora.