O mundo da comunicação de massa se mostra cada vez mais como um deserto de novas idéias. Exemplo disso, no caso da indústria do cinema, é o exagero na fórmula de recorrer a sucessos do passado.
Na sexta-feira (9/1), é lançado no Brasil O Dia em que a Terra Parou (EUA, 2008), dirigido por Scott Derrickson, remake do clássico The Day the Earth Stood Still, do diretor Robert Wise, de 1951. Mais um remake para as barulhentas hordas que infestam salas de cinema com seus baldes de pipocas fedorentas.
São raras as vezes em que um remake consegue ter a grandeza do original. Por exemplo, Perfume de Mulher (Scent of a Woman, EUA, 1992), dirigido por Martin Brest, com Al Pacino no papel do cego tenente-coronel Frank Slade, o equivalente do capitão Fausto Consolo, personagem de Vittorio Gassman em Profumo di Donna (Itália, 1974), do diretor Dino Risi.
Hipertrofia crescente
E há também remakes que conseguem superar o original, como A Primeira Página (EUA, 1974), dirigido por Billy Wilder, com a incomparável dupla Walter Matthau e Jack Lemmon, que conseguiram ser muito mais expressivos e convincentes que os ótimos Adolphe Menjou e Pat O´Brien em The Front Page (EUA, 1931), do diretor Lewis Milestone.
Eu não disse no primeiro parágrafo que esse quadro é um deserto de novas idéias, mas que se mostra como isso. Em meio a tantos lançamento de livros, há muitos que poderiam ser convertidos em bons roteiros.
A razão para evitar a ousadia e recorrer ao que já é conhecido está na segurança do investimento como valor supremo. ‘O dinheiro é covarde, ele foge ao menor sinal de turbulência’, como disse o empresário paulista Mário Amato (‘O senhor polêmica‘, Veja, 21/08/2002). Com essa e outras, a crescente hipertrofia da mentalidade administrativa em todos os ramos de atividades está banindo o espírito de desafio e impulsionando a cultura da mediocridade. Para os ‘cabeças de planilha’, a Terra não pode parar.
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Jornalista especializado em ciência e meio ambiente