Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Mídia não incitou violência, dizem ONGs

De acordo com organizações internacionais de defesa dos direitos humanos, a mídia queniana não incitou as ondas de violência pós-eleições que deixaram mais de mil mortos no país, no fim do ano passado. A imprensa teria falhado, entretanto, ao não cumprir seu papel de informar a população sobre a crise étnica-política que atingiu o Quênia.

Às vésperas do presidente Mwai Kibaki disputar a reeleição, no dia 27/12, o governo acusou algumas rádios de incitarem conflitos étnicos e ordenou um atraso nas transmissões radiofônicas e televisivas ao vivo. As autoridades temiam que se repetisse no Quênia a experiência de Ruanda, em 1994, quando parte da mídia local teria encorajado um genocídio naquele país. ‘A mídia na África não encoraja militantes a agir de maneira violenta nas crises políticas, como se acredita’, afirmaram as organizações Repórteres Sem Fronteiras, International Media Support e Article 19 em declaração conjunta. ‘A imprensa queniana é um bom exemplo de que isto não acontece’.

Protesto

No dia 3/1, os principais jornais do Quênia publicaram o mesmo editorial em suas capas, intitulado ‘Salvem nosso amado país’, em uma tentativa de acalmar os ânimos e promover a harmonia nacional. Mas, segundo as organizações de defesa dos direitos humanos, décadas de paz resultaram em jornalistas inexperientes que optaram pelo comedimento na cobertura. ‘Editores e repórteres viveram um doloroso dilema na véspera das eleições e reconheceram que a mídia falhou em sua missão de informar’, afirmaram as organizações, que pediram ao governo do Quênia que adote uma atitude menos hostil à imprensa. Elas sugeriram também que as empresas de mídia ofereçam treinamento sobre técnicas de reportagem investigativa a suas equipes. Informações de Jack Kimball [Reuters, 6/3/08].