Monday, 23 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Em busca do equilíbrio

O ombudsman do New York Times, Clark Hoyt, escolheu mais uma vez a campanha presidencial americana como tema de sua coluna de domingo [9/3/08]. Hoyt questionava se o diário examinou suficientemente bem os históricos dos pré-candidatos democratas Hillary Clinton e Barack Obama e se a cobertura tem sido favorável demais a algum deles – já que muitos leitores alegam que o jornalão protege Obama. Para sanar suas dúvidas, ele e seu assistente, Michael McElroy, passaram algumas semanas analisando as fotografias e artigos positivos e negativos sobre cada candidato, além de posts dos blogs do NYTimes. Algumas das conclusões:

1. Desde janeiro de 2007, o NYTimes publicou mais artigos sobre o histórico de Obama do que sobre o de Hillary – 14 sobre ele, 12 sobre ela. O tom da maioria deles foi considerado neutro, porém há mais artigos questionando a credibilidade de Obama;

2. Desde janeiro de 2008, pouco antes do início das primárias, Obama teve uma cobertura mais positiva do que Hillary na primeira página. Sobre ele, foram publicados 16 artigos considerados positivos, enquanto Hillary contou com apenas sete. Em relação às matérias negativas, Hillary teve 12 na primeira página, enquanto Obama teve sete.

A disparidade foi explicada pelo ombudsman: Obama venceu s primária de Iowa e Hillary ficou em terceiro lugar; ela venceu, então, em New Hampshire; depois da Super Terça, no início de fevereiro, Obama venceu 11 primárias seguidas – o que foi um baque para a campanha de Hillary. Tendo em consideração estes fatos, o NYTimes foi muito mais duro com Obama do que com Hillary, conclui Hoyt. O candidato chegou a ser questionado, em artigo de capa, sobre ter se beneficiado de auxílio financeiro de grupos com interesses especiais na política. Outro artigo abordava o fato de ele ter revelado que consumiu drogas quando jovem.

Já a cobertura fotográfica foi neutra para ambos. De janeiro até a semana passada, foram publicadas cinco fotos a mais de Hillary que de Obama. Ele esteve na capa por duas vezes a mais que ela. Houve poucos lapsos na escolha de imagens. Brian Fidelman, um dos nove editores encarregados das páginas dedicadas à cobertura política, diz que está sendo feito um esforço obsessivo para deixar tudo o mais neutro e justo possível. O ombudsman e seu assistente comprovaram que isto realmente vem ocorrendo.