Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Continua na página A8

Há muitas maneiras de um jornal parecer tendencioso sem querer, escreve o ombudsman do Washington Post [12/9/04], Michael Getler. No dia 8/9, o diário publicou matéria de capa sobre as declarações do vice de George W. Bush, Dick Cheney, de que, com a vitória do democrata John Kerry na eleição presidencial, poderiam acontecer novos ataques terroristas nos EUA. A manchete dizia ‘Cheney: vitória de Kerry é arriscada’ e o texto reproduzia integralmente a observação do republicano a respeito.

Abaixo desta reportagem, com chamada muito menor, vinha o texto ‘Democratas desqualificam afirmação como tática de medo’, que não coube inteira na capa do jornal. O resultado foi que a resposta do candidato a vice de Kerry, John Edwards, ficou na continuação da matéria, na página A8. Ele declarou que ‘as táticas de medo de Dick Cheney ultrapassaram os limites, mostrando mais uma vez que ele e George Bush farão e dirão qualquer coisa para salvar seus empregos’. ‘Proteger a América dos terroristas não é um assunto Democrata ou Republicano, é uma questão americana e eles deveriam saber disso’ prosseguiu.

Leitores escreveram ao Post reclamando que o tratamento dado aos democratas foi injusto. Getler concorda e cita o exemplo do Los Angeles Times, que dedicou espaço igual ao do Post para o assunto na primeira página, mas colocou ali as objeções democratas. ‘Os leitores não deveriam ter de virar a página para ler a resposta a uma alegação de capa especialmente volátil’, nota o ombudsman, ressaltando que a responsabilidade, nesse caso, não é dos repórteres, mas dos editores.