O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) está muito preocupado com as denúncias sobre o ataque a três repórteres, que cumpriam com seu trabalho, por parte de agentes da polícia federal em Culiacán, capital do estado de Sinaloa, no norte do país.
Aproximadamente às 5h30 de terça-feira, três jornalistas do diário El Debate saíram para recolher informações sobre uma operação montada por agentes da polícia federal a uma quadra dos escritórios do jornal. Quando os repórteres começaram a tomar notas e a fotografar, os agentes federais se tornaram agressivos e começaram a empurrar e a chutar os jornalistas, ordenando que parassem com seu trabalho, contou ao CPJ o editor do jornal, Rosario Oropoza. Os agentes também haviam erguido suas armas de alto calibre. Dois dos repórteres, Leo Espinoza e Geovanny Elizalde, conseguiram sair e correr até a sede do jornal. Cerca de seis agentes os perseguiram.
Um terceiro jornalista, Torivio Bueno, também escapou, mas foi alcançado por agentes e obrigado, por um deles, a subir em uma caminhoneta Ford; ele foi conduzido durante dez minutos por Culliacán, contou Bueno ao CPJ. Bueno, um jornalista de 30 anos que cobre a editoria policial, disse que foi algemado, colocado de bruços na caminhonete e chutado repetidamente. Depois, deixaram que saísse do veículo aproximadamente a 10 quadras de distância do escritório do jornal. Os agentes não se identificaram para Bueno, ressaltou o jornalista.
Agentes federais permaneceram nos arredores do escritório do jornal durante pelo menos 40 minutos, segundo informaram ao CPJ profissionais do El Debate. Eles foram embora quando jornalistas de outros meios de comunicação chegaram para cobrir o incidente.
Um funcionário do escritório da polícia federal em Sinaloa explicou que não havia ninguém disponível para comentar o ocorrido quando o CPJ tentou contato na tarde de quarta-feira.
‘Estamos indignados pelo ataque contra os repórteres do El Debate e profundamente preocupados pela detenção e supostos abusos sofridos por Torivio Bueno enquanto se encontrava sob custódia da polícia federal’ declarou Carlos Lauria, coordenador sênior do programa das Américas do CPJ. ‘As autoridades mexicanas devem realizar uma investigação exaustiva sobre este incidente’.
O jornal denunciou o ataque à comissão estadual de direitos humanos e a autoridades federais. Oropoza disse ao CPJ que um porta-voz da polícia federal se comunicou com ele e explicou que se tratava de um erro, e que os agentes se encontravam agitados pela morte de vários colegas no último final de semana.
O México é um dos países mais perigosos para os jornalistas na América Latina, segundo uma pesquisa do CPJ. Três jornalistas e três trabalhadores da imprensa foram assassinados em 2007, enquanto três repórteres desapareceram. Desde que a guerra entre poderosos cartéis de drogas de intensificou, há mais de dois anos, os repórteres que cobrem estes temas têm sido vítimas de ameaças e assassinatos.
O CPJ é uma organização independente, sem fins lucrativos, radicada em Nova York, que se dedica a defender a liberdade de imprensa em todo o mundo. Para mais informações, visite o site www.cpj.org