O jornalista chinês Zhao Yan, preso quando trabalhava para o New York Times, foi libertado no sábado (15/9), dando fim a uma polêmica que ressaltou as duras restrições à liberdade de imprensa na China. Mais magro, Yan foi recebido por parentes e amigos na saída da penitenciária. ‘Senti muita falta da minha família nestes três anos, especialmente da minha avó, hoje com mais de cem anos’, afirmou o jornalista em declaração escrita. ‘Por esta razão, preciso de um tempo para me reunir com minha família. Depois deste breve tempo, espero ver muitos outros amigos e membros da mídia’.
Yan foi condenado em agosto de 2006 por fraude – acusação negada por ele. O jornalista foi preso em 2004 acusado de vazar segredos de Estado depois que o Times publicou artigo afirmando que o ex-presidente Jiang Zemin poderia deixar seu posto de presidente da Comissão Militar Central – o que ocorreu pouco tempo depois. Yan era acusado de contar ao jornal americano sobre uma suposta rivalidade entre Zemin e seu sucessor, o presidente Hu Jintao.
O Times, por sua vez, alegava que as acusações não tinham fundamento. ‘Nós sempre dissemos que Zhao Yan é um repórter honrado e esforçado, cuja único crime parece ter sido exercer o jornalismo’, declarou em comunicado o executivo-chefe Bill Keller. ‘Nossa esperança é que, depois de servir três anos de prisão, ele possa voltar para sua vida e para a profissão que escolheu sem restrições’.
Caprichos
Ex-policial, Yan entrou para a sucursal do Times em Pequim em 2004, depois de trabalhar como jornalista investigativo para publicações chinesas, onde denunciava casos de corrupção. Seu caso virou destaque de uma campanha internacional coordenada por grupos em defesa dos direitos humanos, que diziam que ele era uma vítima dos caprichos do Partido Comunista. Diplomatas americanos também expressaram apoio ao jornalista.
A pressão internacional parece ter contribuído para que o tribunal em Pequim rejeitasse a acusação de vazamento de segredos de Estado contra Yan, que teria levado a uma sentença de 10 anos ou mais. Em vez disso, o tribunal considerou o repórter culpado por fraude, afirmando que ele teria roubado dinheiro em 2001. Informações de Chris Buckley [Reuters, 15/9/07].