Este mês não deve ter sido um dos melhores para Bill Gates. A IBM apresentou na semana passada, em Nova York, o Lotus Symphony, pacote de programas gratuitos de edição de texto, planilha e apresentação que pode ser baixado no sítio da empresa. A intenção é competir com a Microsoft, que há anos tem o domínio do mercado de computadores pessoais. O pacote Office, com os programas Word, Excel e PowerPoint, é o segundo produto mais lucrativo da Microsoft – perdendo apenas para o sistema operacional Windows.
As versões oferecidas pela IBM foram desenvolvidas com tecnologia de código aberto em parceria com o grupo OpenOffice. Esta não é a primeira vez que a IBM apóia o uso de softwares de código aberto. Em 2000, a empresa adotou o Linux em seus escritórios, o que ajudou o sistema operacional a ser uma das tecnologias mais usadas no mundo corporativo, competindo com o Windows.
Pesadelo
Outro golpe sofrido pela Microsoft na última semana foi a condenação pela acusação de práticas monopolistas. Segundo a Justiça Européia, a Microsoft abusou de seu poder de mercado ao adicionar o Media Player ao Windows, prejudicando o pioneiro Real Networks. Mesmo com a empresa tendo recorrido, ficou mantida a ordem da Comissão Européia de março de 2004, para que a empresa compartilhe informações confidenciais sobre códigos computacionais com seus rivais, pague uma multa no valor de US$ 689,4 milhões, e venda o Windows na Europa sem o Media Player.
A decisão é uma ameaça ao modelo tradicional da Microsoft de fazer negócio ao colocar seus produtos no sistema operacional Windows. Na Europa, se a Microsoft quiser disponibilizar novos softwares – seja de segurança ou outros – no seu sistema operacional, autoridades européias terão antes que ouvir os concorrentes. Já nos EUA, o caso antitruste foi encerrado em 2001 e a empresa tem a liberdade de adicionar softwares em seu sistema operacional.
Mais pesadelo
Como se ainda não bastasse, no começo de setembro, a Microsoft teve o padrão aberto de documentos OpenSource XML, que torna a informação digital independente do programa, reprovado pela Organização Internacional para a Padronização (OIP), entidade responsável por reconhecer um padrão mundial. Na disputa pela adoção de um padrão para uma linguagem mundial para arquivos de textos, planilhas, dentre outros, a IBM, a Google e a Sun saíram na frente. No ano passado, o padrão ODF desenvolvido por essas empresas foi aprovado pela OIP. Informações de Steve Lohr [The New York Times, 18/9/07] e Kevin O’Brien [The New York Times, 18/9].