Graças à tecnologia, redes secretas de cidadãos dissidentes de Burma, sob vista nada grossa de espiões do governo, estão dando ao mundo uma idéia do maior protesto no país nos últimos 20 anos.
Com jornalistas estrangeiros barrados de um dos governos mais fechados do mundo, boa parte da cobertura de mídia que está sendo dada aos últimos eventos vem de repórteres exilados em países próximos, como Tailândia e Índia, e seus contatos clandestinos dentro de Burma.
Tecnologias que vão de transmissões via satélite a câmeras de celular garantem que se tenha idéia, em questão de horas, da passeata de monges e civis e a conseqüente resposta militar.
Em 1988 o país passou por outro período tumultuoso, em que cerca de 3 mil pessoas foram mortas por forças militares. O mundo teve de esperar três dias para tomar conhecimento do evento. Segundo Dominic Faulder, repórter britânico baseado em Bangkok desde 1988, ‘a diferença é como da noite para o dia’. ‘Agora todos no país são jornalistas equipados com os mais diferentes aparatos que captam imagens e sons – algo inimaginável em 1988’.
De acordo com reportagem de Ed Cropley [Reuters, 25/9/07], assim que as tropas nacionais de Burma dispararam seus primeiros tiros em Yagon, ‘jornalistas cidadãos’ no meio da multidão mandavam suas opiniões, fotos e vídeos para emissoras internacionais como CNN e BBC.
Um país fechado
Além de meios de comunicação dissidentes e clandestinos (localizados fora do país), as únicas fontes de informação dentro de Bruma são os canais de mídia do Estado, rigidamente controlados.