O ombudsman do New York Times, Clark Hoyt, dedicou sua coluna de domingo [23/9/07] ao polêmico anúncio do MoveOn, crítico ao chefe das Forças americanas no Iraque, general David Petraeus. A propaganda gerou acusações de que o jornalão foi tendencioso ao cobrar um valor abaixo da tabela para o grupo liberal antiguerra. Hoyt é categórico: o anúncio violou os padrões do diário.
A propaganda foi divulgada no mesmo dia em que Petraeus testemunhou no Congresso sobre o conflito e a previsão da retirada das tropas, o que não agradou aos republicanos e até mesmo a alguns democratas. Hoyt recebeu mais de quatro mil e-mails chamando o diário de ‘traidor’. O presidente George W. Bush classificou o anúncio de ‘repudiante’. O Senado, de maioria democrata, também condenou a propaganda e o senador republicano Thomas Davis III pediu à casa uma investigação. A American Conservative Union abriu uma reclamação formal na Comissão Federal Eleitoral contra o MoveOn e o grupo New York Times Company.
Erros
O grupo MoveOn pagou apenas US$ 64.575 por um anúncio cujo valor real seria US$ 142.083. Uma porta-voz do diário admitiu que um representante do setor de vendas cometeu um erro ao repassar o valor. Segundo o manual do NYTimes, anúncios opinativos que atacam o caráter de alguém não são aceitáveis. Mas Steph Jespersen, que aprovou o anúncio, considerou a propaganda como um ataque à administração do general, e não à pessoa.
O anúncio representou um tiro pela culatra para o MoveOn e para o diário. Ele deu à administração Bush e seus aliados a oportunidade de mudar o foco da discussão de uma guerra impopular e de acusar o NYTimes de ser liberal. Rudolph Giuliani, ex-prefeito de Nova York e pré-candidato republicano à presidência, pediu espaço no jornal pelo mesmo valor que o MoveOn e conseguiu. Bradley A. Blakeman, presidente do FreedowsWatch, grupo político pós-Bush, também teve o pedido aceito.