Na contramão da tendência de fechamento de sucursais internacionais para corte de custos, o canal de TV americano ABC News deu início a um plano de mini-sucursais. São operações coordenadas por uma única pessoa, munida de toda a tecnologia necessária para apurar e editar as notícias. A diferença? A idéia custa bem menos que manter um escritório completo com repórteres, editores e cinegrafistas, explica o presidente da ABC News, David Westin. ‘A tecnologia torna possível que tenhamos sucursais sem uma recepcionista, ilhas de edição e estúdios com câmeras’, resume.
As primeiras mini-sucursais serão abertas no Rio de Janeiro; em Seul, Coréia do Sul; em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos; Nairobi, no Quênia; Jacarta, na Indonésia; e Nova Deli e Mumbai, na Índia. A tecnologia não permite que grandes sucursais, como Londres e Paris, sejam eliminadas de vez, mas possibilita a criação de mais conteúdo para as plataformas digitais sem gastos altos com infra-estrutura.
Jornalistas multitarefas
Cada um dos repórteres irá trabalhar de casa e viajará por sua região carregando uma câmera digital e um laptop com programa de edição. Estes jornalistas irão apurar, escrever, filmar e editar suas reportagens. Além da ABC News e do sítio da emissora noticiosa, seu material será exibido, por vezes, em programas e especiais da ABC. A maior parte do trabalho será enviada via internet para Nova York, mas os profissionais também terão uma antena de satélite portátil caso não consigam conexão banda larga.
Segundo Westin, as mini-sucursais proporcionam mais liberdade de deslocamento para os repórteres, que podem chegar a lugares onde não seria possível a abertura de um escritório completo. ‘Haverá histórias que nós não conheceríamos normalmente, e [os correspondentes] serão nossos olhos e ouvidos’, afirma.
Para trabalhar no projeto, foram escolhidos profissionais jovens e promissores da emissora. ‘Nós sentimos que era importante ter pessoas treinadas dentro da nossa organização’, diz Marcus Wilford, chefe da sucursal da ABC News em Londres. Dana Hughes, recrutada para a operação de Nairobi, diz que logo que soube do projeto ficou interessada em participar. Ela sabe que não é tão bem treinada quanto um cinegrafista com 20 anos de experiência, mas não acredita que isso seja um empecilho. ‘Nós não estaremos em um estúdio, não teremos alguém que faça nossa maquiagem. Nosso desafio diante da câmera será encontrar uma grande história e reportá-la de uma maneira que atraia as pessoas’, afirma. Informações de Paul J. Gough [Reuters / Hollywood Reporter, 3/10/07].