Sinceramente, assisto com pesar a como tem sido noticiado, no Rio de Janeiro, o tal ‘Disque-Gripe’. Não imagino como uma pessoa tenha que ser obrigada a ligar para uma central que, até onde eu sei, não recebe chamadas via celular. Então se chega a um outro inconveniente: quem possui um telefone fixo em sua casa hoje? E o mais importante: quanto aos sintomas, é comum às pessoas mais humildes só irem buscar atenção médica quando estão no limite dos sintomas. Não é a toa que foi vinculado no sábado (25/7), na TV Brasil, que das 10 amostras analisadas pelos laboratórios públicos seis são positivas, ou seja, um total de 60% das amostras.
Sobre os hospitais, para as consultas de rotina é comum serem noticiados a falta de médicos e confusões nas filas, dentre outros absurdos por que passa a saúde aqui no Rio. Por que, então, não haverem antes estes disque-alguma-coisa para você saber se sua consulta está confirmada naquele hospital ou se o médico irá faltar ou para saber se tudo estará funcionando (como raio-x e tomografia, entre outros) e para qual hospital ou posto você poderá se dirigir na falta do atendimento?
Já é a segunda vez que isso acontece e até agora os jornais se restringem a noticiar, às vezes de maneira demagógica, como se o ‘Disque-Gripe’ fosse uma atitude realmente eficaz para o combate à doença. Lamentável. Por que o Conselho Regional de Medicina não se posiciona convocando seus membros para diagnosticar o que está acontecendo e propondo soluções? Numa reportagem feita pela TVBrasil, foi vinculado que o Brasil possui um índice alto de médicos por pessoa, segundo parâmetros da OMS. Então, no Brasil não faltariam médicos, e sim, profissionais voltados para o atendimento clínico básico atuando na rede pública de saúde. A matéria evidenciava que a maior parte de nossos profissionais de saúde são especialistas e estão atuando preferencialmente na rede particular de atendimento.
Preocupação em garantir os serviços
Mesmo o SUS não tem condições de garantir aos usuários do sistema condições de atendimento pleno para qualquer situação em que necessitem do serviço, seja para exames de rotina, seja para tratamentos específicos, seja para o enfrentamento de epidemias ou pandemias. A televisão e o jornal colaboram em certo sentido oferecendo programas para esclarecer algumas (eu disse algumas) dúvidas sobre doenças ou sintomas, mas não são eficientes no combate, que cabe à orientação médica.
O denuncismo de algumas matérias deve ter um caráter mais sólido ao monitorar os resultados das denúncias e fazer produtos informativos que realmente atendam à opinião pública, colocando em primeiro lugar a preocupação em garantir que os serviços públicos sejam oferecidos de forma plena e cidadã. Que as cenas tristes não sejam entediantemente comentadas, sem qualquer pontuação crítica e sóbria sobre o noticiado.
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Pedagoga, Rio de Janeiro, RJ