Leia abaixo a seleção de quarta-feira para a seção Entre Aspas. ************ Folha de S. Paulo Quarta-feira, 5 de agosto de 2009 VENEZUELA Folha de S. Paulo Chavista que liderou investida contra TV é detida em Caracas ‘O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, condenou o ata anteontem em Caracas contra a sede da rede de TV oposicionista Globovisión e anunciou ontem a detenção de Lina Ron, a simpatizante do governo que liderou a ação. O pedido de prisão da acusada havia sido anunciado horas antes pelo Ministério Público, em meio à forte onda de críticas dentro e fora da Venezuela à ação cometida pelo grupo de Ron, o UPV (União Patriótica Venezuelana). No atentado, integrantes da organização renderam os seguranças da emissora e lançaram bombas de gás lacrimogêneo no interior do prédio, ferindo ao menos duas pessoas. Em discurso, Chávez afirmou ontem que já advertira à ‘companheira Ron’ de que ações ‘contrarrevolucionárias’ como a dela contra a TV prejudicavam o governo e davam ‘gás à burguesia’. Disse que ela sentirá ‘o peso da lei’. ‘[A burguesia] pega as imagens do ataque e diz que ordenei isso, mas não [fui eu].’ Anteontem, a pasta da Justiça já havia condenado a ação. A Globovisión, terceiro canal mais visto da Venezuela, faz oposição aberta a Chávez e está sendo alvo de ofensiva estatal, com ameaça de cassação de licença e multas. A TV está entre as que apoiaram a tentativa frustrada de golpe contra Chávez em 2002 -o venezuelano amainou, porém, com o grupo de mídia do magnata Gustavo Cisneros, que arrefeceu as críticas contra o governo. No final de julho, a Justiça venezuelana proibiu o dono da Globovisión, Guillermo Zuloaga, de deixar o país. O empresário, que é acusado de fraude e diz sofrer perseguição política, responsabilizou Chávez pelo ataque: ‘Ron se senta em reuniões com o presidente’. A Comissão de Direitos Humanos (CIDH), ligada à OEA (Organização dos Estados Americanos), demonstrou ‘preocupação extrema’ pelo ataque à TV. A comissão detectou ainda ‘deterioração’ da situação da liberdade de expressão na Venezuela. O secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, endossou a nota do CIDH e disse que o atentado ‘foi francamente forte’. Rádios fechadas O ataque à Globovisión esquentou ainda mais os ânimos entre Chávez e empresas de comunicação. O governo venezuelano acaba de fechar 34 emissoras de rádio no país alegando irregularidades de cadastro. As rádios estão num grupo de 240, ou 1/3 das emissoras do país, que podem seguir o mesmo caminho. Caracas diz que vai transferir parte das concessões a grupos ‘comunitários’, e Chávez voltou a defender a medida como ‘democratizadora’. Delito Midiático Ontem, a Assembleia Nacional, de maioria chavista, anunciou que não iria debater a chamada ‘Lei do Delito Midiático’, a despeito do que circulava há dias na mídia privada e estatal. A controversa lei foi proposta pela procuradora-geral do país, Luisa Ortega Díaz. De acordo com o projeto, ‘delitos midiáticos’, ‘ações ou omissões que lesionem o direito à informação oportuna, veraz e imparcial’, são passíveis de punição de até quatro anos de prisão. O projeto de lei foi criticado por ONGs de direitos humanos e defensoras da liberdade de expressão. ‘Baseado em uma série de ambiguidades, esse projeto não condena só o que se diz, mas também o que se deixa de dizer, o que representaria um instrumento perfeito para calar a dissidência, limitar o jornalismo livre e crítico, e convertê-lo em porta-voz do governo’, afirma nota divulgada ontem por professores de comunicação da Universidade Católica Andrés Bello, de Caracas. Ontem, o presidente da Comissão de Imprensa da Assembleia Nacional, Manuel Villalba, disse que o projeto é apenas ‘um aporte’ à discussão e que a Procuradoria não tem faculdades legislativas para propô-lo. Com agências internacionais’ LEI DE IMPRENSA Maurício Azêdo Uma lei dispensável ‘AO SUSPENDER , em 1º de abril, a sessão em que era julgada a arguição de descumprimento de preceito fundamental da Constituição ajuizada pelo deputado federal Miro Teixeira (PDT-RJ) para a derrubada da Lei de Imprensa (lei nº 5.250, de 9 de fevereiro de 1967), o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes, desencadeou uma discussão que se estende até agora, passados mais de três meses da revogação desse texto legal, decidida pelo STF no dia 30 daquele mês. Antecipando o voto que depois proferiria, o ministro Gilmar manifestou então sua preocupação com o que chamou de vácuo que se abriria caso fosse acolhido, como afinal ocorreu, o voto do relator, ministro Carlos Ayres Britto, favorável à postulação do deputado Miro Teixeira. Gilmar mencionou como lançado nesse vácuo o direito de resposta, que, disse, poderia ser concedido pelo Poder Judiciário por meio de decisões monocráticas que não se harmonizassem, dada a diversidade de seus autores. A manifestação do presidente do Supremo fez prosperar a ideia de que será necessária a instituição de uma nova Lei de Imprensa, despida de disposições inconstitucionais, como aquelas que justificaram a revogação total da lei nº 5.250/67. Esse entendimento foi expresso com grande ênfase pelos principais jornais diários do país, entre os quais esta Folha. Um dos defensores de tal proposição, ‘O Estado de S. Paulo’, chegou a publicar um editorial com um título que não deixa dúvidas quanto ao seu engajamento no esforço de certa parte da chamada mídia para alcançar esse objetivo: ‘Por uma nova Lei de Imprensa’. No voto acolhido integralmente por seis de seus colegas do Supremo Tribunal Federal, o ministro Carlos Ayres Britto destacou que a Constituição concede plenitude à liberdade de imprensa, o que impede que seu exercício possa ser condicionado ou restringido por qualquer texto infraconstitucional -isto é, pela lei ordinária, pela lei comum. No entender de Ayres Britto, a lei pode regular aspectos determinados da atividade de informação, mas não pode fazê-lo com a abrangência que tinha a lei agora revogada. É essa também a opinião do autor da arguição nº 130 de 2009, deputado Miro Teixeira, segundo quem a lei preconizada só poderia ter por fim o estabelecimento de restrições àquilo a que a Constituição Federal confere plenitude. O principal dos cavalos de batalha da discussão desatada pelo ministro Gilmar Mendes é a questão do direito de resposta por ele mencionada, que exigiria uma regulação que o ‘Estadão’, por exemplo, chega a escalonar em etapas que iriam do pedido de explicações de quem se sentisse ou sentir ofendido à retratação e à retificação espontânea por parte de quem emite ou promove a ofensa. A ABI (Associação Brasileira de Imprensa) tem o entendimento de que, na verdade, a disciplina legal proposta não asseguraria o exercício do direito de resposta, mas sua contrafação, seu esbulho. O direito de resposta favoreceria a sociedade ou os veículos de informação? O direito de resposta estaria circunscrito à área de comunicação ou alcançaria os variados campos da vida social, já que a ofensa passível de reparação pode ser praticada não apenas pela imprensa? A esse respeito é útil conhecer o pensamento exposto por um especialista na matéria, o juiz de direito Luiz Gustavo Grandinetti Castanho de Carvalho, em seminário promovido pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro por iniciativa de seu presidente, desembargador Luiz Zveiter, e pela Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro. Salientou Grandinetti que, como está inscrito numa norma constitucional, o direito de resposta tem aplicação imediata, não depende de regulação por lei. Seu arrimo estaria no Código Civil, nas disposições relacionadas com a obrigação de fazer, no Código de Processo Civil, no concernente à concessão da tutela antecipada, e no Código de Defesa do Consumidor, nos dispositivos pertinentes à propaganda e à contrapropaganda. Reflexões como as desse magistrado do Estado do Rio podem induzir à conclusão de que, em nome do direito de resposta, setores interessados em desconhecê-lo ou limitá-lo estão a pregar a edição de uma lei -uma nova lei 5.250/67- que tem a aparência de algo dispensável, além de colidente com o texto constitucional. OSCAR MAURÍCIO DE LIMA AZÊDO , 74, jornalista, é presidente da ABI (Associação Brasileira de Imprensa). Foi editor-chefe do ‘Jornal dos Esportes’, chefe de reportagem do jornal ‘O Estado de São Paulo’ no Rio de Janeiro, diretor de Redação da revista ‘Fatos e Fotos’ e editor-chefe da revista ‘Placar’.’ LIBERDADE Kenarik Boujikian Felippe Abaixo a censura judicial! ‘A SANÇÃO aplicada a padre Vieira, o silêncio, parece que está voltando à tona. Ele perdeu o direito à palavra quando questionou o modo do proceder do tribunal e suas intervenções públicas tocaram em temas considerados proibidos. Passaram-se séculos, estamos sob a égide do Direito internacional e constitucional, mas se tornou rotineiro abrirmos jornais e descobrirmos que magistrados proíbem jornalistas de escrever sobre determinada pessoa, que a imprensa está proibida de dar informações sobre determinado fato, que não é possível a publicação de qualquer dado sobre um determinado político, que uma empresa é condenada por publicar entrevista com possível candidato, que tal livro ou jornal não pode circular, que tal manifestação pública não pode ocorrer etc. É assustador, pois essas interdições partem do Poder de Estado que deveria garantir a Constituição Federal, que declara, em seu artigo 1º, que instituímos um Estado democrático. Constituição que estabelece, dentre os direitos fundamentais, a liberdade de expressão, independentemente de censura prévia -esta é proibindo em termos absolutos. A liberdade de imprensa, em alguma medida, condensa outras: as de pensamento, informação e expressão. A história desses direitos está interligada e, nos dias de hoje, é obrigatório que seja relembrada, pois indica ser a construção de um patamar civilizatório da humanidade. A Declaração de Direitos do Estado de Virgínia, de 1776, reconheceu explicitamente a liberdade de expressão por meio da imprensa. Em 1789, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão contemplou esses direitos, estabelecendo que a livre comunicação das ideias e das opiniões é um dos mais preciosos direitos do homem. Todo cidadão pode falar, escrever e imprimir livremente, respondendo pelos abusos dessa liberdade nos termos previstos em lei. A Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 1948, acolheu esses direitos e, expressamente, o direito de informação. Acrescente-se ainda o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, de 1966, a Convenção Europeia para a Proteção dos Direitos Humanos e das Liberdades Fundamentais e a Convenção Americana de Direitos Humanos. A Constituição Federal consagrou que ‘é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato’, que ‘é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença’, e que ‘é assegurado a todos o acesso à informação’ (artigo 5º, incisos IV, IX, XIV). Nossa Carta acrescentou ainda que a manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação não sofrerão nenhuma restrição, observada a própria Constituição Federal, e que nenhuma lei conterá dispositivo que possa embaraçar a plena liberdade de informação jornalística, sendo vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística (artigo 220). O Brasil viveu uma ditadura, quando a censura da imprensa e da liberdade de pensamento imperou. Preocupa pensar que o Judiciário possa vir a cumprir o papel que era exercido pelos órgãos de repressão, usando uma poderosa ferramenta para cerceamento da liberdade de expressão, que é o acosso judicial, ou seja, a perseguição pela via judicial, consistente em pressão realizada, especialmente contra jornalistas, mediante ações judiciais, de natureza criminal ou civil, que pretendem produzir o efeito de paralisar a ação e o pensamento e gerar a autocensura. O Estado democrático de Direito pressupõe a transparência, o debate aberto e público e a troca de informações, notadamente em relação aos poderes públicos.. Não é possível criar uma sociedade livre, justa e solidária sem o patamar da liberdade de expressão. Impedir o exercício desse direito significa retirar dos cidadãos o controle sobre os assuntos públicos e, como consequência, ceifar a democracia. Por certo que, para a garantia da democracia, o Judiciário deverá aplicar medidas para os casos abusivos, mas a liberdade de expressão não está sujeita a censura prévia, somente a responsabilização posterior. Para tanto, a Constituição assegurou medidas para as hipóteses abusivas, como o direito de resposta e a indenização por dano moral e material ou à imagem (artigo 5º, incisos V e X). Esse quadro está a exigir uma reflexão sobre o papel do Poder Judiciário, especialmente no que diz respeito a direitos que sustentam a democracia, como a liberdade de expressão, de informação e de imprensa. O papel do Judiciário é o de fortalecer e enriquecer a democracia, e não ceifá-la. Inaceitável pensar em voltar ao tempo de abrir jornais e ler receitas ou versos de Camões. KENARIK BOUJIKIAN FELIPPE é juíza de direito em São Paulo, cofundadora e secretária do Conselho Executivo da Associação Juízes para a Democracia.’ TODA MÍDIA Nelson de Sá O Brasil precisa liderar ‘O ‘Financial Times’ publica hoje longo editorial sobre a América Latina. A tensão entre Venezuela e Colômbia ‘não é novidade’, assim como o ‘golpe de estado, tristemente’. Mas são ‘só sintomas do problema maior: a inabilidade de sair da rotina de homens fortes e rivalidades que impede seu progresso’. A ausência dos EUA é ‘benigna’, até porque só resultava em ‘ditaduras’, mas ‘a oportunidade para a América Latina escrever seu destino vai continuar morta até uma nação tomar o manto de líder regional’. Não México, ‘voltado ao vizinho do Norte’; não Chile, sem ‘massa crítica’; mas o Brasil. O problema é que ‘Lula da Silva prefere não arrastar a região consigo’: ‘Suas realizações internas são inquestionáveis e seus esforços como ator global são impressionantes, mas a política regional está esquecida. O resultado é um continente à deriva e um vácuo de liderança. Liderar pelo exemplo é necessário, mas não é suficiente. O Brasil precisa ajudar a pôr a América Latina no caminho para o futuro. Ou ninguém vai.’ AO FUNDO, PETROBRAS A crise no Senado passou por uma pausa, ontem, mas os sites do ‘Wall Street Journal’ e do ‘FT’ postaram textos alertando que a queda de José Sarney, que ‘ainda pode escapar da tempestade’, é uma ameaça à ‘maioria’ de Lula no Congresso. A maior vítima seria a Petrobras, alvo da oposição em ‘inquérito’ com possíveis efeitos sobre a sucessão. Petrobras que é ‘controlada pelo governo, mas negociada no mercado aberto’. LÁ COMO CÁ Os mesmos ‘WSJ’ e ‘FT’ destacaram a crise na Nigéria, que poderia se ampliar para um confronto maior entre o Sul cristão, produtor de petróleo, e o Norte muçulmano. O ‘FT’ sublinhou a resistência dos governadores do Sul, que recebem fatia maior dos recursos, ao projeto do presidente Umaru Yar’Adua, do Norte, de criar uma estatal ‘como a Petrobras’. Dias atrás, aliás, quase sem cobertura no Brasil, ele ofereceu poços à estatal. DOS JUROS À CLASSE C No alto das buscas de Brasil por Google News e Yahoo News, ontem, a Bloomberg noticiou que o Bradesco ‘se volta para os pobres do Brasil conforme caem as margens de lucro’. Os ‘juros em queda’ reduziram as margens e, afirma o presidente do banco, Luz Carlos Trabuco Cappi, ‘o que nós temos que fazer é aumentar o volume’, o que abrange clientes de ‘baixa renda’, cuja renda, na verdade, vem ‘crescendo 5% ao ano’.. Na mesma direção, ontem nas manchetes de Terra , Folha Online e outros , ‘Pobreza e desigualdade caem mesmo durante a crise’, pelo índice de Gini. MAIS DESMATAMENTO Por France Presse e outras no exterior, ‘Desmatamento da Amazônia se acelera, diz agência espacial brasileira’. Em junho, imagens de satélite apontaram perda quatro vezes maior que no mesmo mês de 2008. E concentrada no Mato Grosso e no Pará E MAIS EXPLORAÇÃO Miliband ‘recebeu boas-vindas calorosas’ O secretário de Meio Ambiente do Reino Unido, Ed Miliband, está em excursão pela Amazônia, seguido pelos correspondentes da BBC , do ‘Guardian’ etc. Ele próprio produz um videoblog da viagem para a Sky News , de Rupert Murdoch. Ontem, para começar, postou que ‘cortar as árvores do mundo custa mais ao nosso clima do que o dano causado por milhões de carros, ônibus e aviões que usamos todo ano’. Seria, argumenta, ‘a questão-chave’. Aliás, um acordo sobre o aquecimento global ‘só vai sair se envolver o Brasil’. MARINA EM CAMPANHA O UOL destacou que a equipe de Marina Silva confirmou que ela ‘avalia’ concorrer contra Dilma Rousseff em 2010. E que o empresário Oded Grajew, que apoiou Lula, responde que ‘votaria nela com entusiasmo’. Já existe até site, Marina Silva Presidente , com venda de material de campanha. A oferta do PV à senadora do PT, ministra de Lula por seis anos, foi noticiada na última quarta pelo blog Radar , dizendo que ela ‘se mostra simpática à proposta’. No dia seguinte, já era destacada em foto no site da legenda , ao lado de chamada para Fernando Gabeira . DIRCEU VS. O também ex-ministro José Dirceu reagiu já no sábado, em seu blog, cobrando os petistas Tião e Jorge Viana, ‘companheiros de Estado’, o Acre, e ‘solidários com a ministra no governo’. SIRKIS E um dirigente do PV, Alfredo Sirkis , postou que ‘Dilma é hostil às nossas ideias’, José Serra ‘tem certos canais com nossas propostas’ e Marina Silva ‘só não será candidata se não quiser’.’ CORÉIA DO NORTE Folha de S. Paulo Clinton pede, e Coreia do Norte perdoa presas ‘Em surpreendente viagem à Coreia do Norte, o ex-presidente dos EUA Bill Clinton (1993-2001) obteve de Pyongyang na madrugada de hoje (horário local) ‘perdão especial’ às jornalistas americanas condenadas em junho a 12 anos de trabalhos forçados, informou a agência oficial norte-coreana KCNA. Euna Lee, 36, e Laura Ling, 32, foram detidas em março na fronteira com a China e, mais tarde, condenadas por entrar ilegalmente na Coreia do Norte e promover ‘atos hostis’ contra o país. Elas trabalhavam na empresa de mídia fundada pelo ex-vice de Clinton, Al Gore. Clinton e sua delegação deixaram a Coreia do Norte hoje mesmo (local) com as duas jornalistas -segundo o seu porta-voz, com destino a Los Angeles. O gesto de conciliação vem após escalada de tensões entre o regime do ditador Kim Jong-il e o Ocidente, provocada pela realização, pela Coreia do Norte, do segundo teste nuclear da sua história no final de maio. A detonação do artefato, seguida de uma série de manifestações de hostilidade de Pyongyang em relação aos EUA e aliados regionais, sobretudo Coreia do Sul e Japão, motivou a aprovação de nova resolução na ONU endurecendo sanções. A libertação das jornalistas foi obtida após o que a imprensa oficial norte-coreana descreveu como ‘exaustivas conversações’ de Clinton com Kim. O ditador ofereceu ao ex-mandatário americano um jantar ao qual compareceram vários de seus principais auxiliares. A visita aconteceu apenas semanas após o regime norte-coreano ter chamado a atual secretária de Estado dos EUA e sua mulher, Hillary Clinton, de ‘vulgar’ e ‘pouco inteligente’. A chanceler do governo Barack Obama havia dito que o país asiático comporta-se como ‘criança que quer atenção’.. O ex-presidente chegou a Pyongyang ontem pela manhã (local) em avião sem identificação e foi recebido por uma delegação oficial que incluía o vice-chanceler, o principal negociador nuclear do país e uma estudante que lhe entregou flores. O ex-mandatário é a mais proeminente personalidade americana a ir ao país desde a sua própria secretária de Estado, Madeleine Albright, que estivera em Pyongyang em 2000. As famílias de Ling e Lee divulgaram uma nota manifestando ‘enorme satisfação’ pela decisão de Pyongyang de perdoá-las e agradecendo a Clinton e Gore -que, segundo a emissora ABC, pediu ao ex-mandatário para ir ao país. Mensagem Durante o dia, a agência oficial divulgou nota afirmando que Clinton havia repassado ao ditador norte-coreano uma mensagem oficial de Obama. ‘Kim Jong-il expressou agradecimento [pela suposta mensagem]’, disse a KCNA, que afirmou também ter havido ‘uma ampla discussão sobre assuntos de interesse comum’. A informação foi negada tanto pelo porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, quanto por David Axelrod, um dos principais assessores do presidente americano. Mas deu margem a uma onda de especulações sobre qual teria sido o papel do governo Obama na investida. Analistas consideram improvável que uma viagem dessa importância tivesse sido realizada sem o envolvimento da Casa Branca e, sobretudo, sem a garantia de que o ex-presidente teria sucesso na missão. Da delegação de Clinton participou o seu ex-auxiliar John Podesta, que coordenou a transição de governo de Obama. Com agências internacionais e ‘New York Times’’ Financial Times Carter fez visita semelhante no governo Clinton ‘Bill Clinton nem sempre foi favorável a viagens de ex-presidentes dos EUA à Coreia do Norte a fim de resolver disputas internacionais. Em 1994, a Casa Branca, então sob comando justamente de Clinton, não demonstrou muito entusiasmo quando o ex-presidente Jimmy Carter (1977-1981) se reuniu com Kim Il-sung, pai de Kim Jong-il e líder norte-coreano de então, para negociar sobre o programa nuclear de Pyongyang. A intervenção de Carter foi interpretada como sinal de que, depois de uma série de tropeços diplomáticos, o governo Clinton mal podia ser considerado como em controle de sua política externa. A visita de Carter resultou em um acordo inicial, sob o qual a Coreia do Norte aceitou reduzir o ritmo de seu programa nuclear em troca de um relacionamento menos gélido com os EUA. O acordo, que durante muito tempo sofreu críticas dos conservadores, se desfez no governo de George W. Bush, quando a Coreia do Norte retomou a produção de plutônio, abandonou o Tratado de Não Proliferação Nuclear e fez um teste atômico, em 2006. Depois do colapso do acordo subsequente para paralisar seu programa nuclear, Pyongyang conduziu um segundo teste nuclear em maio deste ano.’ Daniel Dombey e Christian Oliver, Financial Times ‘Missão privada’ degela relação
‘Bill Clinton, ex-presidente dos EUA, fez uma visita surpresa à Coreia do Norte e se reuniu com o ditador Kim Jong-il, o que acarreta o risco de obscurecer a política de Washington -que deseja isolar Pyongyang devido aos programas nuclear e de mísseis norte-coreanos.
Clinton viajou naquilo que o governo Obama definiu como uma ‘missão privada’ para obter a libertação de Laura Ling e Euna Lee, jornalistas sentenciadas em junho a 12 anos de trabalhos forçados por entrada ilegal na Coreia do Norte.
A despeito dos esforços da Casa Branca para diferenciar entre a questão nuclear e o caso das duas jornalistas, a viagem de Clinton parece servir de incentivo a Pyongyang, que vem pressionando por negociações diretas com Washington a despeito das objeções americanas.
Depois dos testes nuclear e de mísseis que Pyongyang realizou neste ano, os EUA estão propondo ampliar a pressão diplomática e financeira sobre a Coreia do Norte, para forçá-la a retomar as negociações multilaterais que abandonou. Chris Nelson, editor de um influente boletim de notícias sobre a Ásia, disse acreditar que a viagem de Clinton tenha sido ‘inteiramente pré-negociada’.
Ele declarou que Clinton estava instruído a não realizar quaisquer negociações relacionadas a questões nucleares. ‘É preciso imaginar, porém, que, tendo Bill por lá, o nosso lado esteja cruzando os dedos’.
‘Para os norte-coreanos, a pose é tão importante quanto a substância, em termos políticos, e a visita de alguém com a estatura de Clinton permite que libertem as duas mulheres por motivos humanitários’, disse Victor Cha, do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, em Washington. ‘A visita oferece uma chance de reduzir a tensão existente desde o teste nuclear de maio e abrir o caminho a negociações.’
Havia fortes expectativas de que Al Gore, que foi vice-presidente no governo Clinton e criou o canal de televisão para o qual as duas jornalistas trabalham, viajaria a Pyongyang. Como antigo chefe de Estado norte-americano, Clinton tem perfil de muito maior destaque. E porque sua mulher, Hillary, é secretária de Estado, ele também é tido como bem mais próximo do governo Obama, a despeito de seu histórico pessoal de tensões com o presidente.
Hillary Clinton pressionava havia meses pela libertação das jornalistas e alterou sua alegação inicial de que as acusações contra elas ‘não tinham mérito ou fundamento’, apelando em lugar disso por uma anistia.
O governo Obama sofreu críticas pela abordagem a Pyongyang. Em um sinal do que alguns observadores avaliam como falta de concentração do governo no assunto, o enviado especial dos EUA para questões norte-coreanas, Stephen Bosworth, trabalha em tempo parcial e mantém seu posto na Universidade Tufts.
Tradução de PAULO MIGLIACCI’
TELEVISÃO
Daniel Castro
Programa de sexo da Globo terá repórteres de 80 e 75 anos
‘Estreia no próximo dia 28 na Globo o programa ‘Amor e Sexo’. Apresentado por Fernanda Lima, terá como repórteres um casal que está junto há 50 anos -ele tem 80, e ela, 75. Eles entrevistarão pessoas nas ruas.
De acordo com Ricardo Waddington, diretor-geral, ‘Amor e Sexo’ (ex-’Programa da Noite’) pretende ‘divertir e falar de sexualidade e relacionamento de forma transparente e sincera, sem subterfúgios e sem restrições de temas’.
O programa irá ao ar após o ‘Globo Repórter’, em um horário tradicionalmente reservado à teledramaturgia, e será comandado por um diretor de novelas, mas não terá encenações nem ‘script de respostas’.
Nem palavras chulas, promete o diretor. ‘Vai ser picante? Talvez. Vai ser careta? Talvez. Vai ser irônico? Talvez. Vamos falar de sexualidade como você falaria na sala de jantar, de maneira leve, sem grosserias’, diz Waddington, que quer atingir ‘todo mundo’, do ‘garoto de 15 anos’ à ‘senhora de 72’.
Fernanda Lima será apenas apresentadora e mediadora -não fará o papel de sexóloga. Essa função caberá à psiquiatra Carmita Abdo, da USP.
O programa irá misturar quadros com intervenções do auditório e de participantes. No palco, haverá a banda de Leo Jaime. A gravação do primeiro programa será no dia 17. Serão apenas cinco episódios.
O projeto de ‘Amor e Sexo’, de Waddington, foi desenvolvido em piloto, que a cúpula da Globo aprovou recentemente.
BARRIGA
Aguinaldo Silva anunciou em seu blog que Reynaldo Gianecchini fará um ‘gay do mal’ em ‘Cinquentinha’, papel para o qual já foi cotado Fábio Assunção. A Central Globo de Comunicação desmentiu. Disse que Gianecchini não está na série.
PARCERIA 1
Criador do Facebook, rede social com 1,3 milhão de adeptos no Brasil, Mark Zuckerberg se reuniu ontem com o diretor-geral da MTV Brasil, José Wilson Fonseca. As duas empresas, que já são parceiras (a MTV coloca conteúdo do seu portal no Facebook, em troca de divulgação da emissora), buscam ‘modelos de negócios’.
PARCERIA 2
Zuckerberg também gravou uma entrevista, com Cazé, a ser exibida em especial no dia 14.
SARAVÁ
O ‘Programa do Jô’ perdeu para o ‘Fala que Eu te Escuto’, da Igreja Universal, ontem. Enquanto os programas ficaram simultaneamente no ar, a Record marcou 5,7 pontos e a Globo, 5,6. Jô entrevistou Elba Ramalho. O ‘Fala’ pegou carona em ‘Bela, a Feia’.
ADEUS, THEREZINHA
Morreu ontem Hélia Therezinha di Giacomo, assessora de dramaturgia de Silvio Santos. Nos anos 80, Silvio Santos sempre a citava em seus programas. Dizia que era sua secretária -na verdade, era produtora.
FOFOCA
O Ministério da Justiça reclassificou ontem o ‘TV Fama’, da Rede TV!, de livre para impróprio para menores de 12 anos (20h), por causa da exibição de ensaios sensuais.’
Lúcia Valentim Rodrigues
SBT mistura ‘Show de Calouros’ com circo
‘Com a ideia de fazer um circo para quem não quer sair de casa, o SBT estreia sua versão de caça-talentos na era da internet e pós-furacão Susan Boyle.
Do mundo virtual, ‘Qual É o Seu Talento?’ por enquanto usa apenas as inscrições on-line. ‘Temos uma seção de webtalentos, mas tenho certeza de que o programa inteiro irá para o YouTube após a exibição na TV’, diz o diretor Ricardo Mantoanelli. ‘É uma ferramenta formidável para divulgação.’
A partir de audições, são escolhidos dez números por programa. O júri é formado pelos produtores Carlos Miranda e Arnaldo Saccomani, pelo compositor Thomas Roth e pela cantora Cyz Zamorano.
Só com a unanimidade o candidato avança na disputa, que tem nove eliminatórias, três semifinais e uma final, em 28 de outubro, que dará ao vencedor R$ 100 mil em ouro.
Três edições, de um total de 13, já foram gravadas. O próximo teste acontece no sábado, no Anhembi. Segundo Mantoanelli, ‘várias Susan Boyles já apareceram’. ‘Na estreia, tem o exemplo de um tenor de 44 anos, chamado Marcio Sena, que era limpador de vidros.’
Para Carlos Miranda, ‘esse papo de Boyle é muita cascata’.
‘Já vi um monte de mulher feia cantar. Aqui no Brasil tem demais: Elba Ramalho, Aracy de Almeida, Ana Carolina’, enumera. Ele diz não ter tido problema para julgar áreas que não conhece, como mágica ou humor. ‘A gente tem quase um papel de plateia. Sobrou desenvoltura para brincar, com menos responsabilidade.’
Dessa espécie de ‘Show de Calouros’ modernizado, deve sair um grupo para rodar o país em caravanas circenses.
QUAL É O SEU TALENTO?
Quando: estreia hoje, às 20h, no SBT
Classificação: livre’
Folha de S. Paulo
Reestreiam 2 versões de ‘Milionário’
‘‘Quem Quer Ser um Milionário’, o programa de perguntas e respostas que dá 1 milhão em dinheiro, volta ao ar na Inglaterra e nos EUA, após o sucesso do filme de Danny Boyle.
No Reino Unido, o quiz show liderado por Chris Tarrant retornou à grade da ITV1 no sábado passado, mas não teve um grande ganhador.
Na rede norte-americana ABC, entra no ar a partir do próximo domingo, com apresentação de Regis Philbin, em comemoração aos dez anos do programa. Uma série de famosos vai participar como Lauren Conrad, Snoop Dogg e Katy Perry.
Depois das duas semanas especiais, Meredith Vieira (a mesma que entrevistou Susan Boyle após a derrota em ‘Britain’s Got Talent’) retorna como anfitriã da oitava temporada de ‘Quem Quer Ser um Milionário’.’
INTERNET
Folha de S. Paulo
Analistas comentam acordo da Microsoft
‘Na semana em que Microsoft e Yahoo! finalmente fecharam acordo para unir forças e combater o domínio do Google, analistas do mercado de tecnologia se esforçaram para entender o que virá por aí.
Pelo acordo, a Microsoft e o Yahoo! vão dividir responsabilidades. A Microsoft, com seu novo mecanismo Bing, fornecerá os recursos básicos de busca nos sites do Yahoo!, que criará soluções para atrair anunciantes e explorará oportunidades de publicidade.
Os termos do acordo de dez anos dizem que o Yahoo! vai receber 88% da receita gerada por buscas a partir de seus próprios sites, durante os primeiros cinco anos. ‘Ela terá 88% do lucro e nenhum custo’, disse o presidente-executivo da Microsoft, Steve Ballmer, sobre Carol Bartz, que desempenha o mesmo papel no Yahoo!.
A conversa entre as duas empresas vem de longa data. No ano passado, o Yahoo! havia rejeitado oferta da Microsoft para compra da empresa por US$ 47,5 bilhões.
‘Para aqueles que aguardavam ansiosos por uma tomada de controle, o acordo foi bastante decepcionante’, disse à Reuters Marc Pado, estrategista de mercado norte-americano da Cantor Fitzgerald & Co. ‘O acordo de dez anos não é algo ruim. Mas não é tão bom quanto investidores esperavam.’
A Reuters disse ainda que o prazo de dez anos deve atrair críticas dos órgãos de regulação antitruste do governo dos EUA.
O site especializado em tecnologia TechCrunch afirmou que o acordo terá grande repercussão para o mercado de publicidade on-line, em que ambas as empresas têm peso significativo. No entanto levará meses, se não anos, para que os negócios sejam alinhados.
‘Em geral, é algo muito positivo para as duas companhias que têm enfrentado dificuldades para alcançar o Google. Isso consolida os recursos e permite que façam um esforço mais combinado como a segunda maior empresa’, disse à Reuters Ross Sandler, analista da RBC Capital Markets.
O ‘New York Times’ disse que o novo pacto é uma medida que representa um passo pragmático na divisão de tarefa entre as duas empresas. ‘Se Yahoo! e Microsoft não podem convencer as pessoas a mudarem [de mecanismo de busca], não vão construir um público maior que trará mais receitas de anúncios vinculados a buscas’, diz texto no site do jornal..
‘Esse acordo permite que o Yahoo! se empenhe no que devemos investir para o futuro -propriedades de audiência, espaço para publicidade e experiência móvel de internet. Nossa visão é ser o centro da vida on-line das pessoas’, disse Carol Bartz.
O Google, que tem 65% do mercado de busca, contra 29,6% do Yahoo! e 8,4% da Microsoft, de acordo com dados da comScore, limitou-se a comentar que ‘há, tradicionalmente, muita concorrência na internet, e a nossa experiência é de que a concorrência traz coisas muito boas para o usuário’, disse o porta-voz Adam Kovacevich.’
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O Estado de S. Paulo
Quarta-feira, 5 de agosto de 2009
VENEZUELA
AFP, Caracas
Assembleia venezuelana abandona proposta para punir delitos midiáticos
‘A Comissão de Mídia da Assembleia Nacional negou ontem que exista oficialmente um projeto de lei sobre delitos midiáticos e admitiu que a polêmica proposta – apresentada na semana passada promotora-geral, Luisa Ortega Díaz – provocou divergências e não será discutida por enquanto. Ontem, a comissão reuniu-se pela primeira vez para avaliar o projeto. Ele prevê que qualquer pessoa que divulgue uma informação considerada ‘falsa’ ou ‘manipulada’ que ‘prejudique os interesses do Estado ou a moral pública’ poderá passar 4 anos na prisão.
A discussão coincidiu com a revogação da licença de 32 emissoras de rádios. A medida provocou forte reação de organismos internacionais. A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) afirmou ontem que o governo de Hugo Chávez está fazendo ‘desaparecer’ a imprensa crítica e as vozes opositoras. A Organização dos Estados Americanos (OEA), a Human Rights Watch e os Repórteres Sem Fronteiras também expressaram preocupação com as medidas de cerceamento da imprensa no país.
MILITANTE PRESA
O presidente Chávez informou ontem que a militante esquerdista Lina Ron, suspeita de ser autora do ataque de segunda-feira contra a seda da rede de TV Globovisión em Caracas, entregou-se ontem à polícia venezuelana. ‘Ela está presa e deve receber o peso da lei’, disse Chávez horas após a Justiça expedir uma ordem de prisão contra ela.
Lina, dirigente da União Patriótica pela Venezuela (UPV), aliada do governo, foi reconhecida em vídeos gravados pela própria Globovisión durante o ataque. ‘Este ato de agressão contra uma TV contrarrevolucionária só dá oxigênio para a contrarrevolução’, disse Chávez.
Cerca de 30 pessoas armadas atacaram com bombas de gás lacrimogêneo o prédio da Globovisión, emissora que critica frequentemente o governo Chávez. Um policial e um segurança particular da empresa ficaram feridos. O diretor da Globovisión, Alberto Federico Ravell, responsabilizou o presidente. ‘Além do assédio moral e jurídico, os meios de comunicação comprometidos com a verdade estão sujeitos a agressões de bandos a serviço do governo’, disse Ravell.’
CASA BRANCA
O Estado de S. Paulo
Obama e jornalista festejam aniversário
‘Barack Obama apareceu ontem de surpresa na sala de imprensa da Casa Branca para comemorar os 89 anos da jornalista Helen Thomas, que faz aniversário no mesmo dia do presidente. Obama, que ontem completou 48 anos, entrou na sala cantando com um prato com bolinhos e uma vela acesa. Helen cobre a Casa Branca há mais de 40 anos.’
SUDÃO
O Estado de S. Paulo
Manifestantes apoiam mulher que usou calça
‘A polícia do Sudão jogou bombas de gás lacrimogêneo e bateu em mulheres que protestaram ontem diante de um tribunal de Cartum, no primeiro dia de julgamento da jornalista Lubna Hussein. Lubna, de 43 anos, é acusada de se vestir ‘de forma indecente’ por ter usado calças em público. Ela pode receber uma pena de 40 chibatadas.’
CORÉIA DO NORTE
AP e Reuters, Seul
Coreia solta jornalistas após visita de Clinton
‘O governo da Coreia do Norte libertou ontem duas jornalistas americanas que estavam presas no país, logo após a visita do ex-presidente dos EUA Bill Clinton a Pyongyang. O líder norte-coreano, Kim Jong-il, concedeu um perdão especial a Euna Lee e Laura Ling, segundo a agência de notícias estatal KCNA. As duas trabalham para a CurrenTV, de propriedade do vice de Clinton, Al Gore.
Logo após o perdão de Kim, Clinton e as duas jornalistas voaram para Los Angeles, onde encontrariam parentes delas. Elas haviam sido presas na fronteira entre a Coreia do Norte e a China, em março, e acusadas de entrar ilegalmente no país. Euna e Laura foram julgadas no mês passado e condenadas a 12 anos de trabalhos forçados.
Clinton é o americano de mais alto escalão a se reunir com o líder norte-coreano desde 2000, quando sua secretária de Estado, Madeleine Albright, visitou a Coreia do Norte.
A Casa Branca desmentiu a notícia da KCNA, segundo a qual Clinton estaria levando a Pyongyang uma mensagem do presidente dos EUA, Barack Obama, abordando tanto o caso das duas jornalistas quanto questões políticas. ‘Isto não é verdade’, disse o porta-voz Robert Gibbs. David Axelrod, conselheiro de Obama, afirmou que o ex-presidente – marido da secretária do Estado Hillary Clinton – estava em uma ‘missão humanitária particular’. ‘Não acho que a viagem está relacionada a outros assuntos’, afirmou.
No entanto, de acordo com a KCNA, ‘Clinton transmitiu uma mensagem verbal de Obama, expressando profunda gratidão por isso (a libertação das americanas) e com suas visões sobre como melhorar as relações entre os dois países’.
O ex-presidente também teria, segundo a agência, demonstrado suas ‘sinceras desculpas’ pelos atos hostis das jornalistas contra a Coreia do Norte. ‘Kim Jong-il teve uma conversa exaustiva com Clinton sobre assuntos de interesse comum. A visita contribuirá para um maior entendimento entre os EUA e a Coreia do Norte.’
EFEITO COLATERAL
Segundo analistas, a viagem de Clinton pode ter um efeito secundário: melhorar o clima entre Washington e Pyongyang, o que poderia levar à retomada das conversações sobre o programa nuclear norte-coreano. Os EUA defenderam a imposição de sanções contra o país, após o regime ter realizado um teste nuclear em maio.
Um indício disso é o fato de Kim Kvegwan, negociador-chefe de assuntos nucleares, estar entre as autoridades que receberam Clinton em Pyongyang. O governo do ex-presidente chegou perto de um acordo nuclear com a Coreia do Norte, pouco antes do fim de seu segundo mandato.
‘A visita pode significar uma mudança dramática de posição de Pyongyang, colocando as negociações em um novo patamar’, afirmou Yun Duk-min, especialista do Institute of Foreign Affairs and National Security, em Seul.’
NATAÇÃO
Wilson Baldini Jr.
Programas de tevê travam disputa feroz por Cielo
‘Depois de encantar o planeta durante o Mundial de Esportes Aquáticos, em Roma, com a conquista das medalhas de ouro nos 50 e 100 metros livre, César Cielo será alvo de uma disputa intensa: os produtores dos programas de televisão não vão lhe dar sossego. O mais novo candidato a mito do esporte brasileiro chega ao País na sexta-feira, às 19 horas, no Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos.
Os programas de Hebe Camargo e Serginho Groisman, e o Roda Viva são alguns dos que brigam para agendar primeiro um entrevista com o nadador de Santa Bárbara d?Oeste. Cielo dará a primeira coletiva no País, sexta-feira, às 20h30, após seguir de helicóptero de Cumbica até o Pinheiros, clube que representa. Na próxima semana, vai até Brasília, onde será recebido pelo presidente Lula, a exemplo do time do Corinthians, após o título da Copa do Brasil, em julho.
Cielo também é aguardado em Santa Bárbara d?Oeste, onde a prefeitura local planeja grande recepção, com carro de bombeiro pelas ruas da cidade paulista. O seu mais ilustre cidadão está com 22 anos.
Toda essa exposição pode ajudar o atual campeão mundial e olímpico a obter um número maior de patrocinadores pessoais. Atualmente, mesmo após o ouro olímpico em Pequim no ano passado, Cielo só tem apoio dos Correios (via Confederação Brasileira de Esportes Aquáticos) e da Arena, marca italiana de maiô. ‘Sei que nesta semana roubei muito espaço do futebol no noticiário esportivo do Brasil’, afirmou o brasileiro, que segue na Itália passeando com os pais e fazendo compras em cidades como Turim e Florença.
Segundo Flávia, sua mãe, Cielo vai ficar no Brasil nos próximos seis meses, em treinamento. O nadador ainda não definiu seu futuro, que pode ser Auburn, nos Estados Unidos, onde treina atualmente, ou na Itália, país do qual tem recebido constantes convites.
Consciente do assédio que seu pupilo está sofrendo após tantas conquistas, o técnico australiano Brett Hawke prevê problemas para mantê-lo nos Estados Unidos. ‘Sei que o Cielo sente falta do Brasil após todos esses anos de treinamento.’’
POLÍTICA CULTURAL
Jotabê Medeiros
Vale Cultura não chegou à Câmara
‘‘O Vale Cultura parece que precisa de um Vale Transporte para chegar até aqui.’ A brincadeira, de um servidor da área de comunicação da Comissão de Educação e Cultura (CEC) da Câmara dos Deputados, ilustra curiosa situação: assinado pelo presidente Lula há 13 dias, em São Paulo, o projeto de lei do Vale Cultura ainda não chegou ao Congresso. Pelo menos até ontem não tinha chegado.
O problema parece ser o seguinte: o projeto foi assinado – com pompa e circunstância – em um período inócuo, durante o recesso parlamentar, que terminou na segunda-feira. Mesmo assim, deveria ter sido um dos primeiros a chegar esta semana à presidente da CEC, deputada Maria do Rosário (PT-RS), mas ainda esquenta alguma gaveta do MinC ou da Casa Civil. Definido pelo Executivo como projeto a tramitar em regime de ‘urgência urgentíssima’ (o que dá 45 dias à Câmara para votá-lo), a morosidade do andamento pode fazer com que a aprovação e sua efetiva aplicação só se inicie em 2010.
A deputada Maria do Rosário disse ontem que deve ter uma audiência com o ministro da Cultura até o final desta semana para definir a prioridade dos projetos da área cultural que estão tramitando na Câmara – o ministério prometeu entregar em agosto também o novo texto que vai reformar a Lei Rouanet. ‘O que vamos tratar é o conjunto de prazos e metas para as matérias’, explicou. Ela disse que os deputados já tinham previsto votar este mês o Plano Nacional de Cultura, cuja relatora é Fátima Bezerra (PT-RN).
‘Acho que lá para outubro o projeto do Vale Cultura chega ao Senado’, previu, na ocasião do lançamento do projeto em São Paulo, o senador Eduardo Suplicy. Em seguida, Suplicy calculava mais 30 a 60 dias para o debate no Senado Federal. Logo após a sanção da lei, virá o período de regulamentação, o que pode jogar a publicação final para março.
Já a deputada Maria do Rosário crê que todos os projetos da área cultural podem ser votados até o final deste ano – o que inclui a nova Lei Rouanet. É um pacote grande, e abrange também uma nova legislação de Fomento ao Livro e à Literatura – uma reforma da Lei Nacional do Livro (Lei 10.753), que modifica e amplia os benefícios de isenção fiscal do setor.
O Vale Cultura está no meio desse ‘movimento legislativo intenso’ da área artística, como define Maria do Rosário. O consultor cultural João Leiva, de São Paulo, considerou que o principal problema a ser enfrentado após a aprovação do Vale Cultura é fazer com que as empresas se interessem pelo mecanismo. ‘Acho que vai depender de uma boa campanha de divulgação’, analisa o produtor. Essa etapa é um desafio tão grande quanto a própria aprovação do vale.
O próprio presidente Lula, já na ocasião do lançamento, anteviu a necessidade de uma ampla campanha publicitária para lançar o programa, para que seus benefícios possam ser conhecidos. ‘Depois de aprovado, tem um processo cultural. Se as pessoas não souberem que tem, vão continuar não usando.’ O ministro da Cultura salientou que não medirá esforços nesse sentido, porque considera que o Vale Cultura ‘é parte do projeto de Nação do presidente Lula’.
Eduardo Saron, superintendente do Instituto Cultural Itaú, disse que considera a eventual adoção do Vale Cultura, com uma correta regulamentação, como uma ‘mudança de paradigma’ nas políticas nacionais. ‘O importante é que a decisão se dá a partir do consumidor de cultura, ele é que vai escolher o que quer ver’, afirmou.
Diretor da Agência Nacional do Cinema (Ancine), Manoel Rangel disse acreditar no aumento das plateias de cinema com a adoção do vale. ‘Além de um enorme impacto cultural, teremos um outro econômico para o setor do audiovisual’, avaliou. Com o aumento do público, outras áreas poderão ser estimuladas, considerou Juca Ferreira. ‘Um novo cinema vai ter porteiro, vai ter vigia, vai ter pipoqueiro. A complexidade das cadeias culturais é muito grande’, aposta o dirigente.
O diretor de teatro José Celso Martinez Corrêa, do Teatro Oficina, considerou que, com a adoção do Vale Cultura, companhias como a dele, de caráter mais vanguardístico, poderão atrair espectadores por meio de campanhas, oferecendo descontos aos trabalhadores que forem assistir às suas peças.
‘Claro, R$ 50 é uma miséria, mas o importante nesse vale é o seu valor simbólico. É um dinheiro que será gasto com cultura, que dá ao trabalhador o arbítrio de gastá-lo com algo do seu interesse, o que o torna uma política cultural rara e impactante. Nossa missão é convencer o dono do vale a gastá-lo conosco’, considerou.
‘Um dos grandes problemas que temos hoje é de formação de público para as atividades culturais. Tirando a música, praticamente todas as áreas precisam de um forte estímulo nesse sentido -teatro, artes plásticas, circo, dança’, considera João Leiva.
DEPUTADOS VOTAM HOJE ISENÇÃO PARA MÚSICA
FONOGRAMA FREE: Será votada hoje, às 14h30, na Comissão Especial da Câmara dos Deputados, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC n.º 098/07), que cria imunidade tributária para fonogramas e videofonogramas musicais (já têm isenção fiscal livros, jornais e revistas). A PEC 098, do deputado Otávio Leite (PSDB-RJ), foi proposta em 2007 por um grupo de 15 deputados, e reduz impostos de música comercializada por meio de CDs, DVDs, arquivos digitais legais na internet, telefonia móvel e outros. A intenção é reduzir o estrago que a pirataria de música deixou no mercado musical – nos últimos dez anos, segundo dados da ABPD, o setor fonográfico brasileiro encolheu mais de 70%, passando de um faturamento anual de aproximadamente R$ 1,377 bilhões, em 1997, para R$ 359,9 milhões em 2008.
Segundo a reportagem apurou, o principal debate para que a medida seja adotada será com a área econômica do governo, que vai calcular qual será o impacto que essa emenda vai trazer em termos de arrecadação.’
TELEVISÃO
Keila Jimenez
Ó Pai Ó vira trilogia
‘Ó Pai Ó pode virar trilogia. Prestes a iniciar as gravações da segunda temporada da série, a Globo já trabalha com a hipótese de encerrá-la em uma terceira fase, em 2010.
Com direção-geral de Monique Gardenberg, a continuação de Ó Pai Ó começa a ser gravada no dia 12, em Salvador . Tendo como pano de fundo a periferia da Bahia e o Pelourinho, a série segue com seu elenco original: Lázaro Ramos (Roque), Mateus Nachtergaele (Queixão)e o Bando de Teatro Olodum. O cantor Carlinhos Brown e o ator Luis Miranda farão participações especiais na produção, que terá quatro capítulos, com exibição de um por semana.
Ainda sem data de estreia definida na Globo, Ó Pai Ó apostará novamente na parte musical e será toda costurada em uma só trama, diferentemente da primeira temporada, em que os episódios não tinham ligação.
Na nova fase, tudo vai girar em torno de um tema central: o comprometimento do cortiço de Dona Joana (Luciana de Souza), onde mora Roque (Lázaro Ramos). Luis Miranda será o fiscal da prefeitura disposto a fechar o prédio, que se encontra em estado de calamidade.’
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