O Estado de S.Paulo não deu chamada na primeira página e escondeu a notícia na última página do primeiro caderno, longe do noticiário mais ‘quente’. O Globo e a Folha fizeram referência em suas capas, mas o noticiário sobre a posição oficial do Brasil diante da questão das mudanças climáticas ficou disperso e pouco claro.
Ainda assim, o leitor pode observar que a pressão da opinião pública, refletida pela imprensa nas últimas semanas, acaba por levar o governo federal a admitir a definição de uma meta oficial para a redução das emissões de gases do efeito estufa.
A melhor cobertura ainda é a do Globo. É quase certo que o Brasil vai se comprometer a tomar medidas para que, em 2020, o total das emissões produzidas em território nacional seja pelo menos 40% inferior ao volume atualmente previsto pelos cientistas.
O número foi definido por estudos que levam em conta a redução do desmatamento na Amazônia, a inclusão do Cerrado entre as regiões prioritárias para preservação e medidas de racionalização dos transportes.
O anúncio foi feito em meio a pressões do setor industrial e do agronegócio, que tentam evitar a determinação de metas que obriguem o governo a mudanças radicais em políticas de restrição às atividades de alguns setores.
Ponto de pauta
O índice previsto de corte nas emissões leva em conta um crescimento médio anual de 5% na economia brasileira, mas os jornais não entram em detalhes sobre como fica a política nacional de combate ao problema climático se a economia crescer mais, e se crescer nos setores que mais contribuem para as emissões de gases nocivos.
Nas edições de terça-feira (10/11), os jornais registram que a economia brasileira cresceu 9%, no terceiro trimestre deste ano. Além disso, a imprensa informa que o setor automotivo continua aquecido e deve apresentar um crescimento de mais de 6% nas vendas em relação ao ano de 2008.
Em entrevista ao Estadão, o ministro do Desenvolvimento Miguel Jorge introduziu um dado interessante no debate, ao propor que a redução de impostos para os chamados carros populares seja repassada para os veículos que apresentem melhor eficiência energética e menos poluição.
Está aí um bom tema para os jornais incluírem nas próximas reportagens sobre vantagens comparativas entre os veículos.
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Observatório
na TVA personalidade controversa de Hugo Chávez provoca arrepios em dez entre dez editores da grande imprensa. Mas, na Venezuela, os jornais de oposição convivem com os órgãos oficialistas nos quiosques e nas ruas. Ao mesmo tempo, o noticiário dá conta de ameaças constantes às liberdades civis na terra de Chávez, e investigadores internacionais apuram a ocorrência de atos hostis contra judeus.
Qual é a verdade da Venezuela?
Alberto Dines:
A mídia está conseguindo explicar satisfatoriamente o conflito entre Hugo Chávez e os veículos de comunicação na Venezuela? A crise está nas primeiras páginas há alguns anos, mas a nossa mídia já tentou colocar os defensores da política midiática de Chávez diante dos seus opositores na mídia? Ao leitor, ouvinte e telespectador já foi oferecida a oportunidade de ouvir os argumentos das partes, sem intermediários?
O Observatório da Imprensa na TV inicia na terça-feira (10/11) uma série de dois especiais sobre a guerra civil midiática na Venezuela. O enviado do Observatório, o veterano jornalista e autor Cláudio Bojunga, ouviu os mais respeitados defensores de Chávez e da mídia de Caracas. Tempo igual para cada parte, o mesmo número de depoentes em cada posição, tudo explicado de forma objetiva, equilibrada, sem paixões. Às 23 horas pela TV Brasil, ao vivo, em rede nacional. Em São Paulo, pelo Canal 4 da NET e 181 da TVA.