PESQUISA
Mídia influencia mais da metade dos deputados federais, diz pesquisa, 20/3
‘Uma pesquisa da agência FSB Comunicações revela que mais da metade (62%) dos deputados federais entrevistados (246) deu nota acima de cinco, numa escala de 0 a 10, para a influência que a mídia tem em suas decisões e votos.
O estudo ‘Deputados Federais, Mídia e Conjuntura Política’, realizado entre 04 e 19/12/07, utilizou uma amostra representativa de 48% dos parlamentares da Casa.
A pesquisa aponta ainda que o meio jornal é o mais utilizado pelos deputados federais. Mais de noventa e seis por cento (96,3%) deles lêem jornal todos os dias. O preferido é a Folha de S.Paulo (84,7%), seguido de O Globo (48,6%), Estadão (32,9%) e Correio Braziliense (32,1%).
As revistas estão na consulta diária de 87,8% dos parlamentares. Veja é a mais lida, com 78%, seguida da IstoÉ (52,8%), Época (40,2%) e CartaCapital (25,2%).
Telejornais estão na preferência de 62,2% dos parlamentares, diariamente. Os mais assistidos são: Jornal Nacional (60,6%), seguido do Jornal da Globo (39,4%), Jornal da Record (29,3%) e Jornal das Dez, do SBT (27,2%).
Sites e blogs são consultados todos os dias por 47,2% dos deputados federais, com a maior audiência para o Blog do Noblat (24,4%), seguido do UOL (22,4%), Portal Terra (9,8%) e Josias de Souza (9,3%).
O meio rádio está equiparado com a Internet, com 47,2% da audiência diária dos parlamentares. A CBN está na frente (63,8%), seguida da Band News FM (20,3%), Câmara (15,4%) e Jovem Pan (8,9%).’
Eduardo Ribeiro
Deputados apanham, mas são ‘fãs’ da Folha, 19/3
‘Um dos jornais mais críticos do País, que não poupa a classe política pelo menor deslize, a Folha de S.Paulo ostenta uma inconteste liderança entre os deputados federais, numa clara demonstração do estilo masoquista ‘bate que eu gamo’. O jornal foi apontado numa pesquisa feita em dezembro pela agência de comunicação FSB como o preferido por nada menos do que 85% dos parlamentares (que o citaram como um dos três mais lidos), vindo a seguir O Globo (49%) e o Estadão (33%).
O levantamento ouviu 246 deputados federais (quase metade do parlamento), numa significativa amostragem que abrangeu representantes de todos os Estados da federação e de 17 dos 20 partidos políticos com representação na Câmara. Essa amostragem, aliás, foi definida respeitando-se a proporcionalidade existente na Casa em termos quantitativos por partido, sexo e região.
O estudo revela que o jornal impresso é de longe o meio de informação preferido pelos deputados federais. Cerca de 70% deles têm nesse veículo sua principal fonte de informação e 96% utilizam-se dessa mídia todos os dias. Mostra, ainda, que a confiança em jornalistas é muito difusa. Clóvis Rossi, Paulo Henrique Amorim e Boris Casoy foram os mais citados, mas quase um terço dos entrevistados não confia em nenhum jornalista em particular. Certamente, neste caso, a recíproca é mais do que verdadeira, tal o descrédito dos políticos perante a opinião pública.
A colunista Dora Kramer é a mais lida (43% disseram ler suas colunas), seguida por Renata Lo Prete (37%), Clóvis Rossi e Miriam Leitão (36%) e Cláudio Humberto (35%). Os jornais Valor Econômico e Gazeta Mercantil foram apontados como os de maior credibilidade.
Entre as semanais, em que pese a linha ostensivamente agressiva com os políticos, Veja continua sendo a semanal mais lida, indicação feita por 78% dos entrevistados, onde ela aparece como uma das três preferidas, vindo a seguir IstoÉ (52,8%), Época (40,2%) e Carta Capital (25,2%).
Os telejornais de maior audiência entre eles são o Jornal Nacional, com 60,6%, seguido do Jornal da Globo (39,4%) e Jornal da Record (29,3%). Ricardo Noblat é o blogueiro mais lido pelos parlamentares, com 24,4% de citações como um dos três preferidos, vindo a seguir o UOL, com 22,4%, o Terra, com 9,8%, e Josias de Souza, com 9,3%.
A liderança entre as emissoras de rádio ficou com a CBN, entre as três mais ouvidas por 63,8% dos parlamentares, seguida de BandNews FM (20,3%), Câmara (15,4%), Jovem Pan (8,9%) e Bandeirantes (4,5%).
Denominada Deputados Federais, Mídia e Conjuntura Política, a pesquisa foi feita pelo Núcleo de Pesquisas da FSB Comunicações, mediante entrevistas presenciais realizadas entre os dias 04 e 19/12/07 por uma equipe de sete profissionais coordenada por Paula Mena Barreto, com direção de Wladimir Gramacho.
Além de instrumento para uso da própria agência, a pesquisa, segundo Gramacho, é uma contribuição para a própria mídia e também para o setor político, já que fornece indicadores confiáveis da influência dos veículos e respectivos jornalistas na atividade parlamentar.
Os 20 anos do programa de trainees da Folha
Outro feito celebrado pela Folha de S.Paulo foram os 20 anos de seu programa de treinamento em jornalismo completados nesta 3ª.feira (18/3), data da formação da primeira turma, de um total de 44 que por lá já passaram. Neste período, foram capacitados 368 profissionais, dos quais 326 chegaram a trabalhar na empresa e 83 ainda ali estão.
Concebido originalmente por Arthur Ribeiro Neto, então secretário-assistente de Redação, em 1987, o programa foi coordenado por profissionais como Leão Serva (atual assessor do governador José Serra) e Silvia Bittencourt (stringer da Folha na Alemanha), que cuidaram da primeira turma; Paula Cesarino Costa, hoje diretora da sucursal Rio do jornal; Sandra Muraki, que deixou as redações e agora é sócia-diretora da Tree Comunicação; e Marcelo Leite, colunista e editorialista da Folha. A atual coordenadora, Ana Estela de Sousa Pinto, está à frente do projeto desde a 26ª turma, tendo ela própria participado da 1ª, em 1988.
Passaram pelo programa de treinamento (ou começaram o jornalismo por ele) nomes como Américo Martins (BBC), Adriana Wilner, Kátia Cubel (que hoje mora em Brasília, ali dirigindo a agência Engenho Criatividade), Helio Gurovitz (Época), Hélio Gomes (Galileu), Daniela Pinheiro (Piauí), Daniela Falcão (Vogue), Lucas Figueiredo (Estado de Minas), Leandro Loyola (Época), Sergio Teixeira (Exame), Ricardo Anderáos (Publimetro), Sérgio Lírio (Carta Capital), Márcia Benetti (UFRS), Patrícia Zorzan (BandNews), além de profissionais que permanecem na casa, como José Henrique Mariante, editor de Esportes, Alessandra Balles, agora na Folha Corrida, Vinícius Mota, editor de Opinião, Sylvia Colombo e Naief Haddad (Ilustrada), Regis Andaku (UOL), Ricardo Feltrin, editor-chefe da Folha Online, Carlos Kauffmann, gerente do Banco de Dados da Folha, entre outros.
(*) É jornalista profissional formado pela Fundação Armando Álvares Penteado e co-autor de inúmeros projetos editoriais focados no jornalismo e na comunicação corporativa, entre eles o livro-guia ‘Fontes de Informação’ e o livro ‘Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia’. Integra o Conselho Fiscal da Abracom – Associação Brasileira das Agências de Comunicação e é também colunista do jornal Unidade, do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, além de dirigir e editar o informativo Jornalistas&Cia, da M&A Editora. É também diretor da Mega Brasil Comunicação, empresa responsável pela organização do Congresso Brasileiro de Jornalismo Empresarial, Assessoria de Imprensa e Relações Públicas.’
DEMISSÃO
Veja Rio dispensa coluna de Tutty Vasques, 20/3
‘A coluna de Tutty Vasques não será mais publicada na Veja Rio. Alfredo Ribeiro, jornalista que assina como o personagem, recebeu um telefonema do diretor de redação da Vejinha, Carlos Maranhão, na quarta-feira (19/03), e foi avisado de que a revista vai realizar mudanças e que abririam mão da colaboração do jornalista.
Ribeiro contou ao Comunique-se que nada mais foi dito. ‘Não me deram nenhuma explicação para isso, mas é um direito deles me dispensar. Fui o primeiro editor da revista, estranhei e acho que não precisava ser feito dessa forma’.
O jornalista prefere não pensar em conspirações. ‘Tô fora dessas discussões’.
Há quem associe a nota que Tutty escreveu no blog do Estadão sobre Paulo Henrique Amorim à saída dele da Vejinha. ‘A luta contra o tal Partido da Imprensa Golpista (PIG) fez sua primeira vítima: Paulo Henrique Amorim sumiu do IG. Aí tem! Sem comentários, por favor’, escreveu.
‘Tutty deixa de escrever por uma decisão editorial de reformulação que a gente quer fazer passando pelos cronistas. Manuel Carlos vai continuar [ele revezava com Tutty o espaço, quinzenalmente] a escrever e estamos procurando uma mulher para substituir o Tutty. Estou à frente da revista há um ano e acho que deve ser feita uma mudança. Ele não foi demitido porque não era funcionário, só vai deixar de colaborar. Quanto às hipóteses de que você falou sobre post em blog, eu desconheço’, disse Maranhão.’
Carla Soares Martin
‘Daniel Dantas me ‘tirou do ar’ duas vezes’, diz Paulo Henrique Amorim, 19/3
‘Diferentemente do que o portal iG alega, o novo blog de Paulo Henrique Amorim revela que sua saída estaria muito mais ligada às críticas do jornalista contra Daniel Dantas à compra da Brasil Telecom pela Oi do que pela baixa rentabilidade e audiência do jornalista no site.
Em nota de Esclarecimento II no seu blog, em nova hospedagem independente, Paulo Henrique Amorim diz que: ‘Não é a primeira vez que me mandam embora de uma empresa jornalística. Só o Daniel Dantas me ‘tirou do ar’ duas vezes: na TV Cultura e no Uol.’ E finaliza: ‘E ele sabe que não vai me tirar, nunca …’.
Perguntado pelo Comunique-se se Daniel Dantas teria motivado sua saída do iG, o jornalista limitou-se a dizer que não conversaria com a imprensa e que está acionando seus advogados.
Mas as ameaças a Dantas – cuja empresa, o Opportunity, é sócia minoritária da Brasil Telecom, proprietária do iG – prosseguem no blog: ‘Assim, se você acha que (…) Daniel Dantas deveria estar na cadeia; que Carlos Jereissati e Sergio Andrade vão ficar com a ‘BrOi’ sem botar um tusta; que a ‘BrOi’ significa que o Governo Lula vai tirar Dantas da cadeia (…) continue a visitar o Conversa Afiada neste novo e renovado espaço.’
A tese da saída de Amorim pelas críticas à compra da Brasil Telecom pela Oi e pelas faíscas com o proprietário do Opportunity, Daniel Dantas, são comentadas ainda nos bastidores.
Amorim acrescenta no blog que dará mais informações detalhadas sobre o rompimento do contrato em breve.
Nesta quarta (19/03), o jornalista Mino Carta deixou de hospedar seu blog no iG, em solidariedade a Paulo Henrique Amorim.
Resposta do iG
A assessoria do iG afirmou que primeiro a saída de PHA do iG se devia à reavaliação de colaboradores, seguida da baixa rentabilidade, em termos de comerciais (anúncios) e, pela audiência.’
Comunique-se
Ombudsman do iG comenta rescisão com Amorim, 19/3
‘O ombudsman do iG, Mario Vitor Santos, publicou post em seu blog na noite de terça-feira (18/03) comentando o rompimento do contrato com Paulo Henrique Amorim pelo portal. Mario Vitor apresenta as razões oficiais da rescisão, dadas pela assessoria de imprensa – falta de receita e audiência – e estranha a ‘ruptura súbita, sem aviso anterior ou posterior aos leitores, afetando um site notoriamente controvertido’.
Contextualizando o fato, Vitor Santos afirma que Amorim tem opiniões únicas na grande mídia, mas que às vezes vêm acompanhadas de ataques desnecessários. O ombudsman ressalta que Amorim era contrário à compra da Brasil Telecom, proprietária do iG, pela Oi, o que acentua a necessidade de um esclarecimento.
No post seguinte, Mario Vitor publicou os 53 e-mails recebidos sobre o caso até a tarde de terça-feira (19/03).
O Conversa Afiada, de Paulo Henrique Amorim, agora pode ser acessado em www.paulohenriqueamorim.com.br.’
COMUNICAÇÃO ONLINE
Por que ninguém responde e-mail?, 18/3
‘Sempre fiz questão de responder os e-mails que recebo. Sei, desde sempre, que é uma questão de educação. Para muitos, eu estou redondamente enganado – e, por isso, me propus a analisar este ‘fenômeno’ que assola a internet e que ameaça levar ao extremo a dobradinha feijão-com-arroz da Comunicação: emissor e receptor. A idéia seria ‘eu envio uma mensagem, você recebe, mas não ouse perguntar mais nada’. É de arrepiar.
Para evitar qualquer pré-julgamento, enumero aqui algumas justificativas que levariam um ser humano a não responder e-mails. Mas me reservo o direito de dar a minha opinião, é óbvio.
Justificativa 1: Falta de tempo
A mais ancestral versão (maquiada) de falta de organização também comparece no reino da internet. Quem sobrevive a um ‘chega-pra-lá’ destes? A falta de tempo transforma o emissor de um e-mail em alguém que está tirado preciosos segundos do receptor, em especial se ele estiver em horário de trabalho. Quem justifica falta de tempo para não responder e-mails prefere que os outros usem o telefone – mas, se alguém o fizer, nosso amigo estará sempre muito ocupado para falar. Salvo, é óbvio, se o interessado for ele, claro! Neste caso, ‘por que você demorou tanto para enviar o e-mail? Não vai ter a cara de pau de justificar falta de tempo, vai’?
Justificativa 2: Precisava responder?
Acredite, existem muitos que pensam assim. E tanto faz se o e-mail é pessoal e você está contando seu final de semana, ou se é profissional e você está relatando um problema. A quem recebe estes e-mails, e não responde, eu chamo de ‘vampiro de informação’. Ele recebeu o que queria, absorveu a informação e ponto final. Fosse recriar esta situação no mundo real, seria como se você pedisse uma informação na rua, o transeunte se desse ao trabalho de parar alguns minutos para explicar o que você queria e, ao final, você desse as costas e fosse embora, se dizer absolutamente nada.
Os ‘vampiros de informação’ normalmente são os folgados da vida real, os antipáticos por opção e os introspectivos na versão dos psicólogos. Qualquer uma das alternativas é capaz de tirar do sério o mais compreensivo dos seres.
Justificativa 3: Não gosto de e-mail
É a justificativa de quem gosta mesmo de olho no olho, dos que acham que as coisas se resolvem, no máximo, por telefone. Mas, ‘na vera’, é aquele que não paciência de digitar uma mensagem de resposta. Preguiça, mesmo – e aí ele diz que ‘não gosta de resolver as coisas por e-mail’. Muitos não têm paciência nem de ler e-mails, quanto mais respondê-los. Uma aposta: na vida real é o disperso, aquele que não ouve o que você está falando.
Justificativa 4: Acho burocracia
É aquele que quer manter o direito de ser volúvel. Uma vez que algo está por escrito, danou-se. Por isso, qualquer decisão enviada por e-mail é uma atitude é taxada de aviltante. Claro: tirou do nosso amigo a possibilidade de mudar de idéia! Além disso, qualquer informação que segue por e-mail está marcada a ferro e fogo; se você a recebeu, ninguém pode dizer que você não sabe de nada depois. Para os que gostam de asseclas que os expliquem todas as coisas – ou os lembrem de tantas outras – é o fim do mundo. Responder um e-mail que o comprometa, então, é assinar a própria sentença de morte.
E você, assume que não responde e-mail? Que é um ‘vampiro de informação’? Ou tem preguiça de responder? Ou, ainda, acha que Comunicação é olho no olho, mesmo, o resto é ruído?
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Para você, duas boas dicas de cursos:
– Quem quiser ficar por dentro dos segredos da redação online e da distribuição da informação na mídia digital, é só entrar em contato pelo e-mail extensao@facha.edu.br ou ligar para 0xx 21 2102-3200 (ramal 4) para obter mais informações sobre meu curso ‘Webwriting & Arquitetura da Informação’. As aulas da próxima turma, que terá início em 01/04, serão ministradas no Rio de Janeiro, ao longo de seis terças-feiras à noite, em Botafogo.
– Estão abertas as inscrições para a segunda turma da Pós-Graduação em Gestão em Marketing Digital da FACHA, no Rio de Janeiro, da qual sou Coordenador. Com 16 disciplinas, entre elas E-commerce, Gestão de Contas, Gestão de Conteúdo,Gestão do Conhecimento, Inteligência de Mercado, Marketing de Relacionamento Online e Otimização em Mecanismos de Busca, o objetivo do curso é preparar profissionais capazes de tomar decisões no campo do marketing para a mídia digital e atualizar os que já estão no mercado. Para mais informações, posholos@facha.edu.br.’
OLIMPÍADAS
Pequim não é aqui, 19/3
‘Olá, amigos. A pouco mais de 100 dias para as Olimpíadas de Pequim, muitas notícias começam a ser veiculadas sobre a candidatura do Rio de Janeiro de sediar os Jogos de 2016. Pessoalmente, acho que isso não acontecerá, simplesmente porque não temos como fazer uma Olimpíada no padrão exigido pelo COI. Mas há uma parcela da imprensa que insiste em dizer que é possível, e que poderemos fazer uma Olimpíada brasileira, com defeitos e qualidades próprias do nosso país.
Em tese, tudo muito bonito. Argumenta-se que os Jogos de Atlanta, em 1996, foram um fiasco de organização, com bomba e tudo. Mas há uma diferença fundamental. Atlanta fica nos Estados Unidos, país mais rico e influente do mundo em todos os assuntos, especialmente no esporte.
Pequim também será uma Olimpíada de muitos erros e muitos acertos, todos no padrão de Pequim. Mas, mais uma vez, a diferença entre eles e nós é que a China, hoje, é o país que rege a economia mundial. Isso conta mais do que supõe a nossa vã filosofia. Nossa não… a deles. A minha vê claramente que não temos como fazer uma Olimpíada sem nos endividarmos de forma quase irreversível.
O Pan nos mostrou que não há interesse privado em investir em estrutura básica e cara. O governo teve de botar muito mais dinheiro do que supunha para tornar viável uma competição importante regionalmente, mas de pouca relevância mundial. Quanto de dinheiro público, então, terá de ser investido para que tenhamos instalações de nível olímpico?
Pouco, dirão alguns, já que a base foi feita no Pan. Muito, digo eu, pois a base não terá quase manutenção alguma até 2016, e ainda terá de ser construída uma vila olímpica novinha em folha. Isso para não falarmos em sistema de transportes, hotéis e aeroportos.
É necessário que a imprensa mostre exatamente quanto falta para termos uma Olimpíada no Brasil. Achar por achar, não basta.
(*) Jornalista esportivo, trabalha com internet desde 1995, quando participou da fundação de alguns dos primeiros sites esportivos do Brasil, criando a cobertura ao vivo online de jogos de futebol. Foi fundador e chegou a editor-chefe do Lancenet e editor-assistente de esportes da Globo.com.’
JORNAL DA IMPRENÇA
Fantasmas cariocas, 20/3
‘Esse rio é uma loucura,
esse rio é um assombro,
já fiz amor no seu leito
(Nei Leandro de Castro in O Potengi)
Fantasmas cariocas
O considerado José Truda Júnior, que do alto de seu minarete em Santa Teresa assiste ao espetáculo das assombrações a passear de bonde, pois Truda desviou os olhos dos trilhos e deparou com um título deverasmente assustador do jornal Extra:
Deputado depõe e nega conhecer fantasmas que trabalham em seu gabinete
Truda, que já viu muita coisa esquisita nesta vida, não fosse ele torcedor do Botafogo, estranhou:
Você já viu fantasma trabalhar fora dos terreiros? Pois aqui no Rio de Janeiro, apesar das más línguas garantirem que carioca não trabalha, até os fantasmas dão duro, a se acreditar no depoimento do deputado João Peixoto (PSDC), registrado pelo bravo repórter Marcos Nunes, do Extra, que em depoimento ao Conselho de Ética da Alerj jura não conhecer as almas do outro mundo lotadas em seu próprio gabinete!
Janistraquis acha que, neste país de m…, aos fantasmas só falta a carteira de trabalho, pois já cobrem férias e se matam nos plantões por aí afora. O governo até já inscreveu muitos no Bolsa Família.
O tamanho do desastre
O considerado André Fiori, jornalista em São Paulo, navegava pelo G1 quando tomou um daqueles sustos sesquipedais ao ler o titulão:
Geólogo descobre cratera feita por impacto de meteoro pela internet
Área na Austrália foi localizada durante pesquisa no Google Earth. Cratera foi batizada em homenagem a geólogo que a descobriu.
André conseguiu se recuperar e balbuciou:
Geólogo descobre cratera feita por impacto de meteoro pela internet?!?!?!? Caramba, sabia que o comércio eletrônico é bem moderno e abrange diversos produtos, mas ignorava que alguém pudesse comprar um meteoro pela internet!!! Pelo visto, a cratera foi a maneira como entregaram o corpo celeste…
Janistraquis sentiu pavor semelhante e quase lhe veio o cu ao pé das calças, se me permitem tal lusitanidade.(Se não tiraram do ar ou aplicaram botox, confira aqui o tamanho do desastre.)
Assistente esperto
O considerado Zevi Ghivelder, histórico jornalista carioca, amigo e companheiro de lutas há quarent’anos, embora seja ele flamenguista irrecuperável, envia uma historinha dos bons tempos:
Uma ocasião, quando eu dirigia o telejornal da Manchete, fiquei preocupado porque o script (naquele tempo ainda se usava papel) custava a chegar e estava quase na hora de entrarmos no ar. Perguntei ao assistente do estúdio:
– Cadê o script?
– Está chegando.
Respondi, irritado:
– Está no gerúndio, né?
E ele:
– Não senhor, está com o Jurandir.
Lição presidencial
Deu na Agência Envolverde:
Lula e Haddad participam da formatura dos primeiros alunos da Unipalmares
São Paulo – ‘Precisamos criar um país em que todos possam sentar nos bancos das universidades’, disse o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva na madrugada desta sexta-feira (14), para 126 formandos – 87% negros – e suas famílias.
O presidente e o ministro da Educação, Fernando Haddad, participaram, em São Paulo, da colação de grau da primeira turma de administração da Universidade da Cidadania Zumbi dos Palmares (Unipalmares) – que busca ampliar o acesso do negro ao ensino superior.
Apavorado, Janistraquis grunhiu:
‘Considerado, nenhum país conseguiu ver todos os cidadãos nos bancos das universidades; ao soltar semelhante dislate, o presidente não pensa, certamente, em sentar alunos, mas em assentar militantes, como nos ensina o pessoal da Via Campesina nas terras da Monsanto.’
César Giobbi
O considerado Amaury Júnior deu mais um show de boas entrevistas na festa que a Gazeta Mercantil ofereceu para comemorar a chegada do não menos considerado César Giobbi às suas páginas. Janistraquis e o colunista têm certeza de que Giobbi vai repetir o sucesso dos tempos do Estadão.
A GM, que já abriga a coluna Resumo da Ópera, do Mestre Augusto Nunes, está no pedaço desde 1920 e vai se transformando cada vez mais num jornal moderno, mais informativo, leve, de visual agradável e fácil leitura.
Fora do ar
O considerado Roldão Simas Filho, diretor de nossa sucursal no Planalto, de cujo varandão é possível enxergar a imundície geral, apesar das toneladas de sabão compradas ultimamente, pois Roldão lia o Correio Braziliense e encontrou na seção TV um dos textos sobre os programas e novelas em cartaz:
Encimando a nota Guerra de Tesouras, lá estava o ‘chapéu’: Beleza Puta, infeliz erro de digitação que o corretor ortográfico não pôde distinguir.
Aí o mestre deixou o CB pra lá e pegou a Tribuna da Imprensa, na qual descobriu curiosa informação abrigada no caderno Tribuna Bis:
Era um texto sobre a censura chinesa ao filme Lust Caution, do cineasta Ang Lee, ganhador do Leão de Ouro no Festival de Veneza do ano passado, em função das tórridas cenas de sexo representadas pela atriz Tang Wei. Em determinado trecho, diz a notícia:
‘Lee, nascido em Taiwan, aceitou cortes em seu filme para que fosse ao ar na China no ano que vem.’
Roldão se aborreceu de vez:
Ora vejam, os filmes são exibidos nas telas dos cinemas por um feixe de luz vindo da cabine de projeção. Não são transmitidos pelas ondas hertezianas. Não vão ao ar, a não ser quando são transmitidos pela televisão.
Há um vício de expressão, que está se generalizando: quando uma rede de informática está interrompida, diz-se, erradamente, que ‘o sistema está fora do ar’. Seria essa a explicação?
Se Ang Lee não tivesse aceitado os cortes, poderia se dizer, isso sim, que o filme dele teria ido pelos ares…
Viúvas & pensionistas
Janistraquis, cujo sonho era ser viúva de desembargador, como não ignora o leitor desta coluna, se chegou agora, todo encolhido pelo frio e a chuva que nos assaltam há dias, como se fôssemos repetir a tragédia de Macondo, e confessou:
‘Considerado, não quero mais ser viúva de desembargador, mas ex-mulher de Paul McCartney…’
Compreendo. Para ganhar 84 milhões de dólares, até mesmo o colunista se submeteria a tal sacrifício.
Nei Leandro
Leia aqui a íntegra do poema cujo excerto epigrafa esta coluna. Nei Leandro de Castro, também conhecido como Neil de Castro, já freqüentou esta página com outros versos de seu vasto e airoso talento. O Potengi faz parte do livro A Cidade Revisitada.
Preciosidade
O colunista tem absoluta certeza de que todos os leitores deste Jornal da ImprenÇa gostam de literatura e muitos a produzem em seus textos jornalísticos e ainda em prosa e/ou versos. Então, tomem nota desta revista eletrônica: Germina. Acessem www.germinaliteratura.com.br e conheçam um precioso cardápio cultural.
Tá tudo doido!
Tanto tempo depois de açaimados os tamborins, o considerado leitor que se assina Marcos de Floripa envia noticiário do Clic RBS (www.clicrbs.com.br – Reportagem Especial) sobre os enredos das escolas de samba do Carnaval de Joaçaba (SC), cidade que fica no Meio Oeste catarinense, a uns 450 km da capital. A leitura sugere que a teoria sobre o Big Bang que criou o Universo vai mudar.
‘A Escola Aliança entrou na passarela com um show de fogos. O enredo, Um beijo por um queijo, contou a história do queijo desde o início do universo.
E a, digamos, abduzida matéria seguiu a explicar:
‘Para vivermos essa noite tranqüila de carnaval aqui, na terra, o mundo já foi, inúmeras vezes, construído, destruído e reconstruído. Os bilhões de anos necessários para engendrar nosso planeta – e principalmente a vida aqui contida – não foram nada pacíficos: Sofreu deslocamentos continentais, erupções aniquiladoras, baixíssimas temperaturas, congelamento. Surge a vida que interage de maneira impressionante com o mundo, chegando mesmo a modificá-lo’
Janistraquis adorou, ó Marcos de Floripa, e acha que aquele Crioulo Doido do samba carioca, falecido há algum tempo, renasceu como o Lourinho Maluco do Carnaval de Joaçaba.
Nota dez
Sob o título Qualquer um pode ser jornalista, o considerado David Coimbra, cronista de Zero Hora, escreveu:
Um médico, um advogado, um engenheiro, todos esses, se fizessem um curso básico de um aninho, teriam condições de trabalhar como jornalistas.
A premissa contrária não é verdadeira. Um jornalista não poderia ser médico sem fazer a faculdade inteira de Medicina e mais a residência. Nem arquiteto ou engenheiro ou advogado.
O fato é que o jornalismo é uma profissão muito simples. Muito fácil de ser exercida. E é aí, justamente na facilidade, que residem as dificuldades.
Dias atrás ocorreram dois casos ilustrativos…
Visite o Blogstraquis e conheça os dois casos a que se refere o cronista.
Errei, sim!
‘PIEGUICE BRABA – Homenagem da Veja a Nara Leão. Título da matéria: Nara Leão vai, a tardinha cai. Olho: ‘O país perde uma cantora de talento excepcional e uma mulher bela como o barquinho a deslizar no macio azul do mar’.
Algumas frases do texto: ‘Quarta-feira sempre desce o pano. Com a morte de Nara o canto suave se cala, a audácia estética cessa e se esvanece a inquietude existencial. Não mais os joelhos míticos, nunca mais o cabelo de corte chanel, para sempre perdido o sorriso meigo. (…) Em 1964, Nara entrou com tudo na barca da canção de protesto; (…) a busca dos píncaros do estrelato.’
‘Considerado, a Nara morreu umas dez vezes nessa matéria’, avaliou Janistraquis; e completou: ‘a Veja tem sido impiedosa na sua pieguice’. Fiquei calado pois lá tenho bons amigos.’ (julho de 1989)
Colaborem com a coluna, que é atualizada às quintas-feiras: Caixa Postal 067 – CEP 12530-970, Cunha (SP), ou japi.coluna@gmail.com.
(*) Paraibano, 65 anos de idade e 46 de profissão, é jornalista, escritor e torcedor do Vasco. Trabalhou, entre outros, no Correio de Minas, Última Hora, Jornal do Brasil, Pais&Filhos, Jornal da Tarde, Istoé, Veja, Placar, Elle. E foi editor-chefe do Fantástico. Criou os prêmios Líbero Badaró e Claudio Abramo. Também escreveu nove livros (dos quais três romances) e o mais recente é a seleção de crônicas intitulada ‘Carta a Uma Paixão Definitiva’.’
ELEIÇÕES
Cuidado com as brigadas marketeiras…, 18/3
‘O XIS DA QUESTÃO – As rusgas já começaram, entre partidos e candidatos que se enfrentarão nas próximas eleições municipais. E como está em jogo o acesso a espaços importantes do poder, entrarão em ação as brigadas do marketing político, especializadas no uso nem sempre escrupuloso da linguagem jornalística. Vale, pois, a advertência que julgo oportuno fazer não só aos jornalistas, mas também aos cidadãos leitores, telespectadores e rádiouvintes: não se deixem enganar..
1. Zelo ético pelo ofício
Propaganda não é a mesma coisa que publicidade. E o que contamina perigosamente o jornalismo é a propaganda, não a publicidade. E lembro isso motivado pelo crescimento já perceptível de pautas jornalísticas motivadas pelas eleições municipais, que se aproximam.
A publicidade (para mim, inserções pagas, caracterizadas como anúncios) tinha, três ou quatro décadas atrás, relação bem mais promíscua com o jornalismo do que nos tempos atuais. Hoje, não só os códigos (inclusive os de proteção ao consumidor), mas também a cultura jornalística, e a do mercado, repudiam a publicidade dissimulada. Quando ela acontece, e é descoberta, há um escândalo.
Já a propaganda (conteúdos divulgados sem ônus, favoráveis a qualquer idéia, produto, pessoa, serviço ou instituição) tempera os noticiários dos meios impressos e eletrônicos sem que a gente perceba. É o efeito inevitável da institucionalização do mundo, que se transformou em mundo falante, e que fala principalmente pelos acontecimentos que as instituições produzem, inclusive os partidos políticos, incansáveis geradores de conteúdos interessados em épocas eleitorais.
A queda de fronteiras entre a propaganda e o jornalismo não significa que o jornalismo tenha perdido ou esteja condenado a perder a sua identidade. Claro que, por causa dos conflitos entre os discursos oponentes que interpreta, critica e socializa, o jornalismo é submetido a tensões permanentes. E ainda é ainda mais verdade em épocas de confrontos eleitorais.
Entretanto, essas tensões exigem do jornalismo a preservação da credibilidade que o caracteriza como linguagem. Por isso, aumenta muito a responsabilidade dos profissionais que atuam nas redações, no que se refere ao zelo ético e deontológico que devem que devem ter com o seu ofício – e não tanto por causo do ofício em si, mas por causa dos compromissos sociais que esse ofício impõe a quem optou por ele.
2. Tempos de alerta
Vêm da tradição, mais do que das leis, os compromissos do jornalismo com o bem comum, com a defesa da cidadania e da liberdade, e com a denúncia de violências, desonestidades e injustiças. É a tradição, não a lei, que produz no público a expectativa pelo destemor jornalístico na defesa dos humildes, dos fracos e dos perseguidos. Assim como vem da tradição o mito de que, nas democracias, cabe à imprensa o papel de poder vigilante dos outros poderes. Por isso, considera-se que a liberdade de expressão e o livre acesso à informação constituem-se fontes legitimadoras de poder para o jornalismo, por serem direitos fundamentais que o jornalismo viabiliza.
Assim, o poder do jornalismo não vem do dinheiro, nem das armas, nem dos votos. Tem origem abstrata, assenta em razões subjetivas. Às vezes, porém, para boas e más causas, é mais demolidor que o poder dos milhões e dos canhões.
Por tudo isso, os sujeitos sociais profissionalizaram a sua capacidade de gerar pautas e conteúdos para o espaço jornalístico. E em temporada de eleições, essa capacidade é fortemente incrementada nas organizações partidárias, pelo interesse que o conflito político desperta nas populações eleitoras. E como está em jogo o acesso a espaços importantes do poder político, montam-se nos partidos verdadeiras máquinas de marketing político, especializadas no uso nem sempre escrupuloso da linguagem jornalística, para fins e com estratégias que pouco ou nada têm a ver com jornalismo.
Vale, portanto, a advertência que julgo oportuno fazer não só aos jornalistas, mas também aos cidadãos leitores, telespectadores e rádiouvintes: não se deixem enganar. Nem enganem.
(*) Manuel Carlos Chaparro é doutor em Ciências da Comunicação e professor livre-docente (aposentado) do Departamento de Jornalismo e Editoração, na Escola de Comunicações e Artes, da Universidade de São Paulo, onde continua a orientar teses. É também jornalista, desde 1957. Com trabalhos individuais de reportagem, foi quatro vezes distinguido no Prêmio Esso de Jornalismo. No percurso acadêmico, dedicou-se ao estudo do discurso jornalístico, em projetos de pesquisa sobre gêneros jornalísticos, teoria do acontecimento e ação das fontes. Tem quatro livros publicados, sobre jornalismo. E um livro-reportagem, lançado em 2006 pela Hucitec. Foi presidente da Intercom, entre 1989-1991. É conselheiro da ABI em São Paulo e membro do Conselho de Ética da Abracom.’
TELEVISÃO
TV à prova de tudo, 17/3
‘Televisão para ser boa não precisa ser privada, pública ou educativa. Não deveria produzir programas chatos que ninguém assiste. TV para ser boa deveria ser criativa, inovadora e ousada. Uma boa televisão deveria investir em novas idéias, apostar no trabalho de produtores independentes e incentivar novos formatos.
Todos essas características se aplicam aos melhores programas de sobrevivência e aventura produzidos por jovens realizadores ingleses e canadenses para as TVs por assinatura como o Channel 4 e o Discovery Channel.
Sou fã dos programas de exploração e sobrevivência. Há muitos anos, aprendi a gostar de TV e me interessei por jornalismo e antropologia ao assistir programas como ‘Expedições Famosas’. Produzidos nos anos 50, esta série de documentários para TV mostrava de maneira muito simples e instrutiva as principais expedições realizadas por grandes aventureiros. Em seus melhores momentos, o diretor e explorador norte-americano James Marshall acompanhou um grupo liderado por Orlando Villas-Boas que fazia o primeiro contato amistoso com os índios Txucarramães no Brasil. Foi um dos melhores programas da série, um dos melhores programas a que assisti na TV. Era uma televisão ainda muito primitiva, mas comprometida com a ‘exploração’ do potencial do novo meio. A TV ainda estava sendo inventada. Podia se dar ao luxo de ser educativa sem ser didática, professoral ou chata. Era tudo que a nossa TV aberta, pública ou privada, promete, mas não cumpre. Tudo que deveria ser, mas não é.
Realidade ou armação?
Hoje, em tempos de novas tecnologias, as equipes de TV independentes se utilizam de técnicas cada vez mais modernas e criativas de videojornalismo para a gravação de programas inovadores como o À PROVA DE TUDO (Man vs. Wild, ver aqui) e SURVIVORMAN (ver aqui), ambos exibidos no Brasil pelo Discovery Channel .
À PROVA DE TUDO é apresentado por Bear Gryll (ver blog aqui), um jovem aventureiro inglês na melhor tradição dos exploradores britânicos. Ele começou a escalar com seu pai quando ainda era criança. Serviu nos serviços aéreos especiais, tropa de elite da Força Britânica e sofreu um grave acidente ao saltar de pára-quedas sobre o sul da África. Apesar do acidente, tornou-se o mais jovem alpinista britânico a chega ao cume do Monte Everest e regressar com vida. Ele também fez a travessia do Atlântico Norte em um pequeno barco inflável e a volta ao redor das Ilhas Britânicas em um jetski.
Simpático, boa pinta, bom de papo e ainda melhor de TV, Bear (urso em inglês) nos leva aos destinos selvagens mais populares do planeta, lugares onde nós, os telespectadores ‘normais’ poderiam se perder, correr perigo ou até morrer. Sempre que chega a algum desses lugares inóspitos, Bear Gryll busca o caminho de volta à civilização, mostrando ao longo de sua aventura importantes técnicas de sobrevivência. Todos os anos, aventureiros amantes da natureza e ‘malucos’ ficam perdidos em suas viagens ao redor do mundo. Nos últimos programas tenho aprendido muitas coisas que espero nunca precisar utilizar. Mas, nunca se sabe!
Com Bear, aprendemos a escapar das areias movediças do deserto de Moab, a navegar nas correntes perigosas da Costa Rica, a construir um refúgio para se proteger da neve nos Alpes.
O explorador britânico já fez de quase tudo na série. Comeu carcaça de zebra (ver aqui), bebeu seu próprio xixi (argh) e devorou escorpiões venenosos no deserto. Para sua informação, aprendi na série que o gosto de um escorpião pode ser horrível, mas também é uma excelente fonte de proteínas. Como disse, nunca se sabe!
Bear Grylls viaja com uma equipe composta por dois cinegrafistas, que têm instruções rígidas para não ajudá-lo, a menos que se encontre em uma situação de vida ou morte. E esta é a grande polemica e maior diferença em relação à série concorrente, o SURVIVORMAN com o ex-produtor de TV canadense, Les Stroud. Sempre disse que produtor de TV para sobreviver no meio tinha que ser muito competente e muito maluco.
De acordo com a agência de notícias Reuters, ‘o programa não é completamente honesto’. Segundo denúncia de um ex-membro da equipe de produção da série, ‘a embarcação improvisada usada para escapar da Floresta na Costa Rica foi feita por consultores de sobrevivência e em outro episódio, cavalos apresentados como ‘selvagens’ teriam sido trazidos pela produção.
Diante das acusações, Bear confirmou algumas das irregularidades, como por exemplo as escapadas para hotéis. Mas os realizadores garantem que a ‘segunda temporada será mais transparente, inclusive mostrando as intervenções feitas pela equipe de produção’. Apesar dos problemas, a série faz grande sucesso nos EUA e já tem muitos fans no Brasil (ver Fórum). É emocionante, informativa e educativa. Pode não ser muito ‘verdadeira’, mas é boa de assistir.
Ou seja, assim como os ‘Reality Shows’, os nossos famigerados BBBs, a verdade ou realidade na TV recebe sempre uma mãozinha, uma ajuda da produção. Mas isso é uma outra história.
Dicas para sobrevivência
De qualquer maneira, em um dos primeiros e melhores episódios da série canadense SURVIVORMAN, o apresentador Les Stroud ficou sete dias em algum lugar deserto no Círculo Ártico do Canadá. Mas ao contrário de Bear Grylls que possui uma equipe de filmagem, Les carrega todos os equipamentos, câmeras, fitas, baterias, tripés e as gravações são feitas por ele mesmo.
Só de ver ou imaginar o trabalho dele com diversas câmeras em condições tão difíceis, ficamos admirados e ainda mais cansados. Ufa! Quem conhece, sabe e reconhece!
As séries possuem focos diferentes. SURVIVORMAN procura mostrar como Les Stroud consegue comentar suas aventuras, produzir boas imagens e sobreviver com o que a equipe lhe deixa. É um desafio e tanto para um videojornalista e aventureiro. Afinal, ninguém costuma ficar perdido em lugares tão inóspitos com tão poucos recursos e com tanto equipamento para carregar. É mais realista, mas é menos ‘sensacional’. Sob esse ponto de vista, À PROVA DE TUDO acaba sendo mais dinâmico, instrutivo e televisivo.
As séries são ótimas e comprovam que ainda há esperança para a TV. Nem tudo se resume a baixarias e Big Brother Brasil.
‘À PROVA DE TUDO’ é uma série que ensina técnicas de sobrevivência básicas em condições extremas. Aproveitando a deixa, um site com cursos de sobrevivência aqui mesmo no Brasil (ver aqui) adverte: ‘O apresentador e a equipe de filmagem podem receber alguma assistência por razões de saúde e segurança. Antes de partir para uma aventuras em locais potencialmente perigosos, recomendamos seguir as instruções e consultar um guia especializado’.
Também aproveito, para divulgar algumas dicas de sobrevivência do Bear Gryll. Em meio a tantas más notícias e dificuldades, elas ainda podem ser úteis para nós, brasileiros.
• Tenha certeza de que alguém saiba para onde você vai e quando planeja retornar. Se algo sair errado, a pessoa poderá alertar as autoridades competentes.
• Use o bom senso. Se ficar perdido, tente orientar-se antes de continuar. Se estiver cansado, descanse. Se tiver fome, procure encontrar alimento.
• Pensamento positivo conta. Quando observamos as grandes histórias de sobrevivência, notamos que as pessoas conseguem vencer situações impossíveis porque se esforçam ao máximo para alcançar o extraordinário. Não subestime a sua capacidade.
Ou seja, antes de desligar a TV e partir para a sobrevivência, siga as instruções acima. Tudo a ver!
(*) É jornalista, professor de jornalismo da UERJ e professor visitante da Rutgers, The State University of New Jersey. Fez mestrado em Antropologia pela London School of Economics, doutorado em Ciência da Informação pela UFRJ e pós-doutorado em Novas Tecnologias na Rutgers University. Atualmente, faz nova pesquisa de pós-doutorado em Antropologia no PPGAS do Museu Nacional da UFRJ sobre a ‘Construção da Imagem do Brasil no Exterior pelas agências e correspondentes internacionais’. Trabalhou na Rede Globo no Rio de Janeiro e no escritório da TV Globo em Londres. Foi correspondente na América Latina para as agências internacionais de notícias para TV, UPITN e WTN. É responsável pela implantação da TV UERJ online, a primeira TV universitária brasileira com programação regular e ao vivo na Internet. Este projeto recebeu a Prêmio Luiz Beltrão da INTERCOM em 2002 e menção honrosa no Prêmio Top Com Awards de 2007. Autor de diversos livros, a destacar ‘Telejornalismo, Internet e Guerrilha Tecnológica’, ‘O Poder das Imagens’ da Editora Livraria Ciência Moderna e o recém-lançado ‘Antimanual de Jornalismo e Comunicação’ pela Editora SENAC, São Paulo. É torcedor do Flamengo e ainda adora televisão.’
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