O proeminente jornalista egípcio Ibrahim Eissa, editor-chefe do diário al-Dustur, foi sentenciado nesta quarta-feira (26/3) a seis meses de prisão por publicar rumores sobre a saúde do presidente Hosni Mubarak. Eissa foi condenado por disseminar ‘informações falsas’ e ‘prejudicar o interesse público e a estabilidade nacional’, e poderia pegar até três anos de prisão pelas acusações. Ele ainda pode apelar da sentença.
‘Este veredicto contraria todas as convenções internacionais de direitos humanos’, afirmou o jornalista à agência AFP após o anúncio da sentença em um tribunal do Cairo. Eissa considera que o veredicto revela a hostilidade do regime à imprensa e ‘ratifica a santidade do presidente Mubarak e a recusa a qualquer tipo de crítica a ele ou a suas políticas’. ‘Eu não sei se trata-se de uma decisão judicial ou de uma decisão política’, desabafou.
Eissa foi a julgamento por causa de artigos publicados em agosto de 2007 que alegavam que o presidente estaria mal de saúde. Ele foi acusado de pôr em risco a economia nacional depois de alegações de que seus textos teriam estimulado investidores a tirar seu dinheiro do Egito. Diversas ações abertas contra Eissa por pessoas ligadas ao Partido Democrático Nacional, de situação, foram recusadas pelo tribunal; a decisão desta semana, entretanto, dizia respeito a uma ação aberta pelos serviços de segurança estatal.
Repressão
O país tem sofrido, no último ano, com o aumento desenfreado da inflação. As especulações sobre Mubarak foram amplamente reportadas pela imprensa independente – com direito a matérias sobre supostas internações, viagens para tratamento no exterior e até a morte do presidente.
Apenas em setembro, outros sete jornalistas foram sentenciados a até dois anos de prisão por acusações que iam desde citar erroneamente o ministro da Justiça a espalhar rumores sobre Mubarak, hoje com 79 anos. Em outubro, mais de 20 jornais suspenderam sua publicação por um dia em protesto às ações contra profissionais de imprensa. A onda de repressão a veículos de comunicação levou os EUA a criticar o governo egípcio – que por sua vez acusou o país aliado de ‘interferência inaceitável’ em seus assuntos internos. Informações de Mona Salem [AFP, 26/3/08].