Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Máscaras que caem

Na semana que começa, os leitores de jornais ainda digerem o picadinho de informações servido nos últimos dias, no qual se incluem números mais ou menos indigestos e alguns sinais de otimismo na economia.


Na política, ao contrário, o que se vê é a repetição do espetáculo de mentiras, dissimulações e traições que sempre marcam as transições de comando no Congresso Nacional.


As eleições dos presidentes da Câmara e do Senado nada ficam a dever às intrigas palacianas dos tempos de Lucrécia Bórgia. Até mesmo o notório senador Renan Calheiros, que foi personagem da crônica policial por tantos meses em 2007, retorna em grande estilo, como chefe da campanha de José Sarney, ao círculo mais elevado do poder republicano.


No varejo das más notícias, sempre referentes ao mês de dezembro passado, o leitor ficou sabendo que a indústria brasileira teve um desempenho pífio, que o desemprego aumentou e que outros indicadores apontavam para uma visão pessimista dos negócios. Mas, no atacado, a imprensa informa que o ano de 2008 registrou intensa atividade industrial, queda do desemprego e outros índices favoráveis.


Explicações visíveis


Na abertura de fevereiro, os jornais destacam que o setor público fechou o balanço de 2008 com um superávit primário correspondente a 4% do Produto Interno Bruto, o que indica que o governo está gastando menos do que arrecada.


Duas outras notícias podem ser confrontadas para um entendimento melhor do momento econômico.


A informação de que os gastos da indústria brasileira com juros subiram 17,3% no último trimestre de 2008 combina com os dados segundos os quais o setor financeiro nacional cobra as maiores taxas do mundo, em comparação com os custos de captação. Mas essa informação precisa ser analisada no cenário pintado pelo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, em entrevista publicada na edição de segunda-feira (2/2) da Folha de S.Paulo.


O presidente do Banco Central assegura, segundo a Folha, que o problema de liquidez no sistema financeiro nacional acabou, e que nada impede a retomada dos créditos. A questão, que remete à notícia dos altos juros pagos pela indústria, e que dificulta a retomada das atividades produtivas, passa agora para o âmbito das negociações entre os bancos e seus clientes.


A rigor, não há na imprensa explicações visíveis para a permanência dos altos custos financeiros a não ser o oportunismo dos bancos.


Neste início de fevereiro, as máscaras começam a cair ainda antes de o carnaval chegar.