Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Jornalista lança livro sobre mulheres de coragem

Em A Mighty Heart: The Brave Life and Death of My Husband Danny Pearl (Coração Valoroso: A corajosa vida e morte de meu marido Daniel Pearl), Mariane Pearl conta o drama vivido em busca de seu marido, o jornalista do Wall Street Journal Daniel Pearl, seqüestrado e morto por terroristas no Paquistão em 2002. Mariane estava grávida de sete meses quando Pearl foi morto. O assassinato foi filmado e divulgado em todo o mundo pela internet. A história transformou-se em filme, com Angelina Jolie no papel da viúva do repórter.

Cinco anos depois, Mariane – que também é jornalista – decidiu escrever um outro livro para mostrar ao filho, Adam, que ainda é possível crer em um mundo melhor. ‘Primeiro, eu tinha que contar nossa história para nosso filho’, relata ela, referindo-se ao primeiro livro. ‘Depois de fazer isto, a questão era: como focar na habilidade do meu filho para viver? Estava em uma situação em que não poderia falar para ele que o mundo é bom. A questão agora é: como enfrentar os medos e o desamparo que compartilhamos no mundo?’.

12 mulheres

A viúva encontrou a resposta na esperança – não na abstrata e conceitual, mas na real, retratada por histórias de 12 mulheres que estão tentando mudar a realidade de seus países, ao lutar contra corrupção, preconceitos ou doenças. O livro In Search of Hope: The Global Diaries of Mariane Pearl, (Em Busca da Esperança: Os Diários Globais de Mariane Pearl, tradução livre), lançado nos EUA na semana passada, é uma coletânea das colunas que a jornalista escreveu para a revista Glamour.

Mariane viajou durante um ano para encontrar as personagens. Entre elas, está Julian Atim, de 27 anos, cujos pais morreram de Aids. Médica em Uganda, hoje ela luta para salvar outras pessoas com a doença. Junto com outro médico, Julian cuida de 100 mil pacientes aidéticos na região nordeste do país. Outro exemplo de coragem veio de Somaly Mam, que foi vendida para um prostíbulo quando era criança e, por isso, não sabe sua idade ao certo. Hoje, ela resgata jovens da escravidão sexual, treinando-as para novos empregos. Em 2006, quando Mariane a visitou, Somaly procurava desesperadamente sua filha, de 14 anos, que havia sido seqüestrada. Posteriormente, a menina foi encontrada; infelizmente, havia sido estuprada pelos seqüestradores.

Drama pessoal

No livro, Mariane também conta um pouco de sua vida. Filha de um holandês com uma cubana, ela cresceu em Paris. Aos 17 anos, encontrou um bilhete de suicídio do pai – até então, pensava que ele havia morrido de causas naturais. O choque gerou uma mudança drástica em sua vida: foi quando ela mudou-se para Nova York para tentar ser dançarina. Anos depois, em uma festa em Paris, conheceu Pearl. Os dois se casaram e viviam temporariamente no Paquistão quando, aos cinco meses da gravidez dela, ele foi seqüestrado por militantes e assassinado dois meses depois.

Mariane acredita que seu drama pessoal a aproximou das mulheres que entrevistou. ‘Elas sabiam o que eu havia passado. Então, eu era um elemento de confiança. Elas abriram o coração para mim’, conta. Em algumas das viagens, Adam a acompanhava. Em outras, ficava em Paris, onde mãe e filho moram atualmente.

A jornalista continuará a escrever para a Glamour, com colunas publicadas de dois em dois meses – Senegal, Brasil e Irã estão entre seus planos de viagem. A Glamour disponibilizou em seu sítio um link para a compra do livro de Mariane, e irá doar os lucros obtidos ali para instituições beneficentes escolhidas pelas mulheres retratadas na publicação. Informações de Jocelyn Noveck [AP, 5/11/07].