Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Inquérito da AP defende inocência de fotógrafo

Uma investigação conduzida pela agência de notícias Associated Press concluiu que as acusações levantadas pelo Exército dos EUA contra o fotógrafo iraquiano Bilal Hussein, detido por 19 meses no Iraque sem provas formais, não têm fundamento. A agência reuniu evidências e testemunhos que mostram que Hussein não participou de atividades relacionadas a insurgentes; também foram poucas as fotos tiradas por ele que mostravam insurgentes iraquianos. ‘Embora Hussein não tenha sido interrogado desde maio de 2006, acusações foram deixadas de lado com o passar do tempo e novas foram feitas, todas sem qualquer explicação’, declarou o relatório de 48 páginas, disponível no sítio da agência, elaborado pelo advogado e ex-procurador-geral Paul Gardephe.


O relatório foi entregue a autoridades iraquianas e americanas no final de agosto, porém a agência só o trouxe a público esta semana. ‘A melhor prova de como Hussein se comportou como um jornalista a serviço da AP é seu extenso registro fotográfico’, escreveu Gardephe. ‘Não há evidências – em quase mil fotografias tiradas em um período de 20 meses – que suas atividades se distanciaram daquelas de um legítimo jornalista’. A maior parte do documento elaborado por Gardephe tem como base uma visita de duas semanas ao Iraque, em março. Na ocasião, ele analisou centenas de fotos tiradas por Hussein e o entrevistou em custódia por 40 horas; o advogado conversou também com colegas de trabalho, parentes e amigos do fotógrafo.


Possível julgamento


No último final de semana, o Exército americano informou à AP que planeja submeter uma queixa formal contra Hussein e que levaria o caso à justiça iraquiana no final do mês. Sob as leis iraquianas, uma corregedoria investigativa decidirá se há fundamento legal para julgar Hussein. O Exército dos EUA alega que o fotógrafo tem ligações com grupos terroristas, mas se nega a revelar evidências ou acusações específicas contra ele.


O Pentágono chegou a alegar que tem autoridade para prender Hussein por tempo indeterminado sem acusações formais. Na ocasião da detenção do fotógrafo, em abril de 2006, o Exército informou que havia encontrado material para fabricação de bombas em seu apartamento. Jornalistas que chegam muito rápido em cenas de ataques no Iraque são geralmente suspeitos, pelos militares americanos, de ter sido informados por insurgentes com antecedência.


Em defesa do fotojornalismo


Hussein faz parte da equipe de fotógrafos que ganhou o prêmio Pulitzer em 2005, por uma foto que mostrava quatro insurgentes em Fallujah durante uma ofensiva conduzida pelos EUA na cidade, em novembro de 2004. Diversas organizações em defesa da liberdade de expressão manifestaram-se contra a detenção do fotógrafo. Outros fotojornalistas já foram detidos no Iraque desde o início da guerra, mas poucos ficaram sob custódia por tanto tempo. Atualmente, há uma campanha na internet que pede a libertação de Hussein. Informações da Editor & Publisher [21/11/07].