Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Jornais enfrentam alta no preço do papel…

Não bastasse a diminuição do número de leitores de jornais americanos, forçando a redução de páginas e do formato dos diários, uma outra preocupação assola a indústria jornalística: o preço do papel, em alta. Trata-se de uma estratégia dos fabricantes para contrabalancear a redução da demanda da indústria jornalística, que vem gastando menos papel. ‘Definitivamente, a tendência vem se deteriorando por um longo tempo, mas piorou no ano passado’, avalia a analista Claudia Shank Hueston, do J.P. Morgan. ‘Com os cortes de custos nos jornais, o declínio anual na demanda de papel nos EUA ficará, provavelmente, na faixa de 9% a 12% em 2008, em vez de 5% a 7%, como foi observado no período de 2004 a 2006’, afirmou.


Dados da Associação de Jornais dos EUA exibem a mesma queda, com o consumo de papel pelos diários americanos caindo quase 30% nos últimos cinco anos, o que gerou o aumento do preço. Na previsão de Claudia, o preço da tonelada chegará a US$ 660 no último trimestre deste ano – em outubro de 2007, este valor era de US$ 620.


Contenção


Analistas da indústria jornalística estimam que o papel represente 20% dos custos totais de um jornal diário. É o item, juntamente com recursos humanos, mais controlado pelos proprietários – o que explica o corte de cargos e a tendência de redução no formato dos jornais. Em 2007, o Wall Street Journal diminuiu a largura de suas páginas e, em 2006, o Los Angeles Times passou a usar uma folha mais leve.


No entanto, tais mudanças também requerem investimentos. A Dow Jones & Company, publisher do Wall Street Journal, estima ter gasto US$ 30 milhões em operações nas impressoras para a adaptação ao novo formato. No primeiro ano, a iniciativa gerou uma economia de US$ 18 milhões. A empresa foi vendida, no fim do ano passado, para a News Corporation, do magnata Rupert Murdoch.


Paralelamente a esta diminuição de vendas no mercado interno, houve um aumento de 20% na exportação de papel, devido à queda do dólar. O declínio da moeda americana também resultou em uma boa oferta de preço do papel vindo da China. Informações de Jim Jelter [Wall Street Journal, 19/3/08].


 


…e queda recorde de anunciantes


Os jornais americanos sofrem sua pior queda na venda de publicidade desde que a indústria começou a registrar este índice, há 57 anos. A receita total nos EUA caiu 9,4%, para US$ 42,2 bilhões, de US$ 46,6 bilhões em 2006, segundo dados da Associação de Jornais da América. A queda só não foi maior por causa do aumento de 19% nos anúncios de internet, que chegaram a US$ 3,17 bilhões. Os jornais foram prejudicados pelo impacto combinado da desaceleração na economia e da perda de anunciantes para outras mídia, como a internet e a TV a cabo. Os classificados tiveram queda de 17%, enquanto anúncios imobiliários caíram 23%. Publicidade nacional perdeu 6,7 pontos percentuais, e anúncios de produtos do varejo, maior categoria, caíram 5%. Informações de Tim Mullaney [Bloomberg, 28/3/08].