PAULO HENRIQUE vs. MAINARDI
PHA perde ação contra Mainardi, 26/11/07
‘A Justiça de São Paulo julgou improcedente ação de danos morais movida pelo jornalista Paulo Henrique Amorim contra seu colega Diogo Mainardi e a Editora Abril. A ação foi motivada pela coluna ‘A Voz do PT’, publicada na revista Veja, em que Mainardi afirma que o dinheiro gasto para manter a página de Amorim no iG é público, e que o portal segue uma linha editorial ‘petista’. A decisão é em primeira instância, e Amorim pode recorrer.
A defesa de Amorim alegou dano à sua honra e imagem e à sua intimidade, pedindo 1500 salários mínimos de indenização, acrescidos de R$ 0,50 por exemplar de Veja em que o texto foi publicado. Na sentença, o juiz Manoel Luiz Ribeiro, da 3ª Vara Cível de São Paulo, afirma que a matéria é de interesse público por envolver fundos de pensão com participação acionária no iG.
‘O réu Diogo abordou o tema e assim o fazendo, para noticiar vínculos da ‘Internet Group’ com fundos de pensão e ‘blog’ de militantes do Partido dos Trabalhadores e jornalistas naquele inseridos (IG), acabou por mencionar o nome do autor, em inequívoca intenção crítica, mas que se vê compreendida dentro dos limites do exercício do direito de informação. Ademais, o autor, na qualidade de jornalista, está exposto às críticas quanto a seu trabalho, não se vislumbrando intenção ofensiva à sua honra ou imagem no corpo da matéria veiculada’, escreveu o juiz.
Quando Mainardi afirma que Amorim está em fase descendente da carreira, o juiz considera que não há intuito de menosprezo, já que o apresentador trabalhou em programas de elevada audiência quando profissional da Globo, e que hoje está em veículos de menor expressão. O fato do valor do contrato de Amorim ser mencionado também é de interesse público.
Por fim, o juiz Ribeiro declara que não há fatos inverídicos, deturpados ou mesmo crítica ao jornalismo de Amorim no texto de Mainardi, e sustenta que ‘O autor [da ação], competente e por isso renomado jornalista, há de compreender melhor as licenças da imprensa e as críticas que os jornalistas estão legitimados a produzir, a fim de expor sua visão sobre a atuação do Poder Público e vínculos privados de notório interesse social’.’
CHAER vs. PAULO HENRIQUE
Chaer e PHA seguem com ataques na internet, 26/11/07
‘Os jornalistas Márcio Chaer e Paulo Henrique Amorim seguem com seus ataques um contra o outro nos seus respectivos espaços na internet. Nesta segunda-feira (26/11), Chaer repercutiu em seu Consultor Jurídico a decisão judicial contrária a Amorim em um processo por danos morais que ele moveu contra Diogo Mainardi.
No editorial ‘Opinião Tarifada’, Chaer afirma que Amorim ‘usa seus espaços na imprensa para defender interesses privados e fazer propaganda do governo’ e que está ‘na linha descendente de sua carreira’. No decorrer do texto, menciona os apartamentos do rival em Nova York.
Lacônico, Amorim respondeu de forma bem mais curta em seu blog aos telefonemas de Chaer para a redação de Conversa Afiada para repercutir a decisão judicial. ‘Diogo Mainardi teve APENAS uma vitória na primeira instância, sujeita a recurso.’
Sobre seu apartamento em Nova York, Amorim corrige: ‘o pseudo-jornalista precisa discriminar qual deles, porque tenho dois. Ficam num quarteirão entre a Madison Avenue e a 5ª. A poucos metros do Museu Guggenheim’.’
TV PÚBLICA
A TV Brasil já subiu no telhado?, 23/11/07
‘Faltam só seis dias para a estréia da TV digital no Brasil. Na mesma data também deve ser inaugurada a rede de TV pública do Brasil. Pelo jeito, o governo tem muita pressa para aproveitar a onda de novidades digitais. E isso certamente não é mera coincidência. Há um clima de muitas expectativas onde predominam as promessas e incertezas. Muitas promessas e ainda mais incertezas.
Pela Medida Provisória assinada pelo presidente Lula, a Empresa Brasil de Comunicação, responsável pela gestão da TV Brasil, será uma empresa pública vinculada à Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, com a finalidade de prestar serviços de radiodifusão pública para ‘complementar os sistemas privado, público e estatal’.
O documento também estabelece que a EBC terá ‘autonomia em relação ao governo federal’ e que seus recursos sairão de dotações orçamentárias, da exploração dos serviços de radiodifusão, de doações de pessoas físicas ou jurídicas, de publicidade institucional e de outras fontes. Promessas de autonomia financeira e independência na produção de conteúdo. Grandes promessas.
Só depois da CPMF
O problema é que essas ‘promessas’ contidas na Media Provisória do governo precisam ser aprovadas no congresso para deixarem de serem ‘provisórias’. Mas considerando a recente derrota da proposta de um Ministério do Futuro e as atuais dificuldades para a renovação da CPMF, pode-se dizer que a TV Brasil corre o sério risco de ‘cair do telhado’. No alto telhado, já está há muito tempo.
A oposição garante que vai bloquear mais esse mega projeto do governo. Pelo jeito, eles não acreditaram nas ‘promessas’ da TV Brasil.
Segundo O Globo deste sábado, ‘PSDB encerra convenção e anuncia que vai contestar na Câmara a criação da TV pública. Um dos novos alvos do partido será a Empresa Brasileira de Comunicação (EBC). A Medida Provisória que criou a TV pública terá que ser votada na Câmara semana que vem. O PSDB acusa Lula de criar um instrumento de manipulação’.
Por outro lado, Tereza Cruvinel, diretora- presidente da EBC, é mais otimista. Ela acredita que a Medida Provisória que cria a TV Brasil será aprovada pelo Congresso Nacional, logo após a votação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira. ‘Tenho conversado com os parlamentares e já senti muitas mudanças, pois muitas pessoas não compreendiam o projeto de televisão pública. A diferença é que ela não está sob o controle do governo em sua gestão de comunicação. Ela deve prestar contas ao governo dos recursos públicos que recebe, mas do ponto de vista de sua programação, linha editorial e política de conteúdo estará subordinada ao Conselho Curador, composto majoritariamente por representantes da sociedade civil’, afirmou Cruvinel.
Parece claro e fácil. Mas será mesmo? Como serão indicados os membros desse conselho curador? Como foram selecionados os atuais diretores da EBC e da TV Brasil? Teriam sido indicados pelo ‘governo’ ou pela sociedade’? Pouco tempo e muitas dúvidas no ar.
A gestão de uma televisão pública é algo muito delicado. Há uma grande diferença entre as promessas de uma TV estatal, uma TV partidária ou do governo, e a realidade de uma TV pública de verdade. Um projeto público demanda a participação intensa da sociedade e excelência da programação. Como diz o crítico Gabriel Priolli, ‘O modelo tem de ser muito bom, para que, grosso modo, resulte numa BBC, e não numa RAI tupiniquim’.
Além disso, acrescento: Será que o tal ‘público’ realmente quer ou precisa de uma TV pública? Entre tantas outras, essa seria uma prioridade tão urgente da sociedade brasileira?
Telejornais piores?
Para conferir, esta semana fui ouvir as ‘promessas’ do Orlando Senna, diretor-geral da TV Brasil, durante os Encontros do Festival Internacional de TV. Foram muitas promessas. A TV Brasil será uma rede completamente diferente. Haverá de tudo. Até experimentação de linguagens audiovisuais com muitas inovações.
Mas perguntado sobre os riscos de um jornalismo chapa-branca, Orlando Senna fez questão de garantir a qualidade e independência da TV Brasil. Ele foi taxativo: ‘o nosso jornalismo não será chapa-branca’. Mais uma promessa.
O problema é que os programas jornalísticos e os telejornais da TV Brasil serão produzidos pela… Radiobrás. Aquela empresa estatal que produz a famigerada Voz do Brasil. Mera coincidência? Claro que não. Jornalismo, principalmente em tempos de eleições, é sensível ou perigoso demais para ser deixado nas mãos das experiências de independentes ou da tal ‘sociedade’. Aos independentes, estão reservados espaços menos ‘problemáticos’ como programas de entretenimento, documentários ou ficção.
Está decidido. O telejornal da TV Brasil será produzido pela Radiobrás e estamos conversados. A inovação e experimentação ficam para outras áreas. Pelo menos, uma certeza. Afinal, jornalismo de TV no Brasil ganha ou perde eleições.
Assim como as promessas da televisão digital, será que essa tal TV Brasil é realmente ‘pra valer’ ou mais um mero projeto de marketing político? Muitas promessas e ainda mais dúvidas.
E como já dizia o velho Boni, ‘no Brasil fazem as coisas na ordem inversa. Em vez de se discutir primeiro o negócio, começou-se a discutir a tecnologia. Pode-se melhorar o som e a imagem, mas a programação vai ser a mesma’.
Será mesmo? E os telejornais? Pelo jeito, eles não serão os mesmos. Podem ser piores. No ar, a Voz do Brasil Digital.
(*) É jornalista, professor de jornalismo da UERJ e professor visitante da Rutgers, The State University of New Jersey. Fez mestrado em Antropologia pela London School of Economics, doutorado em Ciência da Informação pela UFRJ e pós-doutorado em Novas Tecnologias na Rutgers University. Trabalhou no escritório da TV Globo em Londres e foi correspondente na América Latina para as agências internacionais de notícias para TV, UPITN e WTN. Autor de diversos livros, a destacar ‘Telejornalismo, Internet e Guerrilha Tecnológica’ e ‘O Poder das Imagens’. É torcedor do Flamengo e não tem vergonha de dizer que adora televisão.’
MP da TV pública tranca pauta esta semana, 26/11/07
‘A medida provisória 398/07, que cria a Empresa Brasil de Comunicação (EBC), trancará a pauta esta semana na Câmara. O texto recebeu 132 emendas, e os pontos mais discutidos são o financiamento público, a nomeação de integrantes do conselho curador pelo Presidente da República e a independência editorial em relação ao governo.
Os líderes da casa discutirão na manhã de terça-feira (27/11) a votação das cinco MPs e um projeto de lei que trancam pauta esta semana. O deputado Walter Pinheiro (PT-BA) é o relator do texto.
(*) Com informações da Agência Câmara’
MÍDIA & POLÍTICA
Milton Coelho da Graça
Renan confia nos colegas do peito, 23/11/07
‘O ministro Marco Aurélio de Mello, do Supremo Tribunal Federal, deixou claro, em entrevista à repórter Andréa Vianna, no ESTADÃO desta sexta-feira, 23/11, o que pensa sobre a escandalosa burla ao artigo 54 da Constituição e ao artigo 4º do Código de Ética do Senado, que proíbem a parlamentares a obtenção e manutenção de concessões de emissoras de rádio e TV: ‘Não é o que ocorre’ – diz o Ministro. – ‘Alguns usam interpostas pessoas em seu nome e a questão acaba no campo do faz-de-conta. Colocam uma pessoa próxima, de sua confiança, um familiar, para ocultar a relação com o veículo. Só ingênuo aceita essa realidade’.
Dos 81 senadores, segundo o levantamento obtido pela repórter, 23 aparecem como proprietários de emissoras, com 17 deles tendo parentes de primeiro grau e até ex-mulheres na direção do negócio.
Muito mais do que qualquer esforço do governo para conseguir a absolvição de Renan Calheiros pelo Conselho de Ética do Senado, deverá valer a solidariedade dos ‘colegas’ de burla da lei. Neste processo, Renan é acusado de ter usado ‘laranjas’ para controlar emissoras em Alagoas, em sociedade com o ex-senador João Lyra. Com a votação ainda sendo secreta, quem acredita que os outros 22 deixarão de socorrer solidariamente o duplo coleguinha?
A lei já é escrita para permitir esse tipo de trampa. E também outros tipos, como, por exemplo, contornar a proibição de que um grupo de TV seja proprietário de mais de cinco emissoras. Não só senadores e deputados usam proprietários de faz-de-conta. Redes também usam ou já usaram esse artifício.
São muitas as alternativas para se evitar grandes concentrações de empresas de comunicação ou evitar a perigosa conexão de interesses comerciais e políticos no controle dessas empresas. Basta imitar a legislação bem sucedida em outros países democráticos – Estados Unidos, Reino Unido e outros. Licitações públicas das concessões; punição rápida e drástica para quadrilhas especializadas em faz-de-conta; funcionamento de um Conselho de Comunicação Social independente e verdadeiramente representativo da sociedade, não apenas uma assessoria do Senado como o atual; garantia de ampla competitividade como nos Estados Unidos – essas são apenas algumas idéias que já apareceram na imprensa sobre o assunto.
Há um passo imediato: evitar que o voto secreto no plenário do Senado inocente Renan Calheiros. O senador Jefferson Perez, relator do processo, é claríssimo ao apontar o perigo para o processo democrático: ‘Os senadores influenciam os meios de comunicação e ganham privilégios na disputa eleitoral em desfavor dos adversários não-concessionários. Não importa se proprietário ou gestor, a emissora coloca o político em situação de privilégio’.
Perez e Marco Aurélio de Mello querem a vitória da Lei e seu propósito de defender uma comunicação sem controles espúrios. Mas 23 senadores, escondidos da opinião pública pelo voto secreto, poderão preferir cuidar apenas de interesses pessoais, tornando-se decisivos para inocentar Renan.
(*) Milton Coelho da Graça, 76, jornalista desde 1959. Foi editor-chefe de O Globo e outros jornais (inclusive os clandestinos Notícias Censuradas e Resistência), das revistas Realidade, IstoÉ, 4 Rodas, Placar, Intervalo e deste Comunique-se.’
VEJA
vs. CHEComunique-se
Jon Lee Anderson volta às páginas de Veja, 26/11/07
‘A revista Veja trouxe em sua última edição um box com trechos de ‘Che Guevara – uma biografia’, livro de Jon Lee Anderson. Os excertos são publicados após troca de e-mails entre o jornalista americano e o editor internacional da revista, Diogo Schelp, debatendo a reportagem de Veja sobre o guerrilheiro. Anderson foi citado na matéria e não aprovou o resultado.
O box, publicado junto à coluna Radar, tem o título ‘O assassino e fétido Che, segundo Jon Lee Anderson’, e qualifica o biógrafo como corajoso, ‘sem medo de se indispor com seus amigos marxistas’. As passagens publicadas narram a execução de dois homens por Guevara e descrevem seu mau cheiro.
A íntegra do box pode ser lida no site de Veja.’
MURDOCH EM AÇÃO
Murdoch reconhece ‘controle editorial’ sobre apoio político de seus jornais, 24/11/07
‘Londres, 24 nov (EFE).- O magnata da imprensa Rupert Murdoch reconheceu diante de uma comissão do Parlamento britânico que detém ‘controle editorial’ sobre a linha política nacional e européia de dois tablóides britânicos de sua propriedade.
Murdoch, de origem australiana e dono do grupo News Corporation, reconheceu que decide que partido devem apoiar o sensacionalista The Sun – jornal de maior tiragem da Inglaterra – e o dominical News of the World em caso de eleições gerais e também em temas relacionados à União Européia, informa hoje a agência britânica PA.
O Sun e o News of the World sempre mantiveram postura hostil com relação a Bruxelas e à moeda comum européia, ao mesmo tempo em que apoiaram a Guerra do Iraque, aliando-se à postura do presidente americano, George W. Bush.
Em relação aos jornais The Times e The Sunday Times, disse que, apesar de às vezes se interessar pelo que estes fazem, não dá instruções políticas ou interfere em seu trabalho, já que é proibido ‘por lei’.
Murdoch disse que é ele quem nomeia também os diretores dos dois jornais, mas acrescentou que as nomeações estão sujeitas à aprovação dos respectivos conselhos administrativos, que são independentes.
As declarações de Murdoch foram publicadas na sexta-feira e estão nas minutas da reunião do magnata a portas fechadas, em Nova York, em 17 de setembro, com um comitê da Câmara dos Lordes encarregado de investigar a propriedade dos meios de comunicação britânicos.
O milionário expressou sua frustração com relação à legislação britânica sobre propriedade de meios de comunicação, que o impede de ser dono de jornais regionais ou expandir seu império com a aquisição de diários locais.
Disse não compreender o que leva o Governo britânico a ser tão obsessivo pelos níveis de propriedade dos jornais quando o povo tem tantas outras fontes de informação.
Murdoch acrescentou que os jovens não compram mais jornais para se informar, motivo pelo qual um de seus objetivos é que estes mesmo jovens visitem os portais de suas publicações na internet.
Em declarações à rádio 4 da rede BBC, o presidente do Comitê de Comunicações da Câmara dos Lordes, lorde Norman Fowler, afirmou que não existe atualmente um mercado livre em matéria de propriedade de meios de comunicação.
‘Um estrangeiro como Murdoch (australiano com passaporte americano) pode ser proprietário de grupos de comunicação no Reino Unido, mas um cidadão britânico não pode fazer o mesmo nos Estados Unidos’, denunciou Fowler.
‘Não há acordos recíprocos. Sou a favor de um livre mercado, o que este não é’, disse o lorde britânico.’
JORNALISMO ESPORTIVO
Marcelo Russio
Curral de imprensa, 20/11/07
‘Olá, amigos. Fiquei, de verdade, impressionado com as condições de trabalho que os jornalistas tiveram na passagem da Seleção Brasileira pelo Peru, pela terceira rodada das Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2010. Não havia qualquer condição de se fazer um trabalho decente sem a estrutura mínima para que profissionais dos mais diversos veículos conseguissem conversar com jogadores, técnicos e personagens da partida.
Após o jogo, o que se viu foi um tumulto, um verdadeiro curral, no qual a imprensa precisava se espremer para conseguir levar ao torcedor uma frase, uma declaração que fosse, de qualquer jogador da Seleção. Uma vergonha total. Nessas horas, imagino onde estão os exigentes comissários da Fifa, que tanto prezam por seu produto mais rentável, a Copa do Mundo. Toda a campanha de divulgação vende as Eliminatórias como um evento de Copa do Mundo, que chama a disputa quadrienal de ‘World Cup Finals’, ou ‘Fase final da Copa do Mundo’. Pois bem, se as Eliminatórias são mesmo um evento da Copa do Mundo, que sejam tratadas como tal. Que se determinem áreas de imprensa decentes, e não currais como o que foi visto em Lima.
Trabalhar naquela confusão, com o calor que certamente fazia, e com o tumulto que estava, é inadmissível. Ou um estádio tem condições de realizar um evento Fifa, ou não tem. Ponto. Ou melhor: ou a Fifa determina um padrão em seus eventos, ou extingue a sua chancela às Eliminatórias.
Para o jogo da Seleção contra o Uruguai, no Morumbi, certamente as coisas serão diferentes. O estádio do São Paulo é um dos melhores, se não o melhor, do Brasil, e dá à imprensa condições dignas de trabalhar.
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Qualifico como excelente a cobertura das Eliminatórias da Copa pela imprensa brasileira. As redes de TV que detêm os direitos de transmissão dos jogos têm feito um trabalho muito bom, com cobertura de treinos, extenso material de pesquisa e muitas horas de análises de todos os pontos de vista possíveis e imagináveis. Muito interessante, principalmente, para o torcedor comum poder formar a sua opinião, tendo como base diversos enfoques, de diversas emissoras e linhas editoriais.
É possível ouvir críticas, elogios, exageros, patriotadas, gafes e tudo mais que forma a história das coberturas jornalísticas da Seleção ao vivo, pela TV, pelo rádio e pela Internet. O meu único lamento vai para as restrições de entrevistas com atletas. Ter apenas uma zona mista e uma janela com alguns jogadores é pouco para o tamanho do interesse que o assunto gera.
(*) Jornalista esportivo, trabalha com internet desde 1995, quando participou da fundação de alguns dos primeiros sites esportivos do Brasil, criando a cobertura ao vivo online de jogos de futebol. Foi fundador e chegou a editor-chefe do Lancenet e editor-assistente de esportes da Globo.com.’
INTERNET
Bruno Rodrigues
Tudo o que seu cliente gostaria de saber sobre internet, 22/11/07
‘Nem sempre o cliente conhece o básico sobre web. Não o culpe. Sabemos que os afazeres são muitos, e que, por vezes, escapa o que para muitos – como nós – parece ser bê-a-bá.
Por isso, listo aqui um conjunto de perguntas & respostas que irão ajudá-lo a esclarecer dúvidas que os clientes podem ter vergonha – ou falta de tempo, mesmo, vá lá – de perguntar.
Em tempo: sabemos, mesmo, o principal sobre a Rede? Hum… Aproveite, então, para sanar as *suas* dúvidas!
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Tudo o que seu cliente gostaria de saber sobre internet… e tinha vergonha de perguntar!
– Web é sinônimo de internet? Não.
* A internet contém a web, mas não é seu sinônimo.
* Há outros ambientes (e ferramentas) bem conhecidos do nosso dia-a-dia e que também fazem parte da internet – mas não são a web: correio eletrônico (e-mail), programas de mensagens instantâneas (como o MSN) e grupos de discussão.
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Portal é um site grande? Não.
* Um site tem como característica principal a hierarquia por assuntos, que é o básico em qualquer sistema de informação.
* O portal é um site ‘evoluído’, mas não necessariamente em tamanho.
* Ele também é organizado por temas, mas seu público-alvo aparece explicitamente na primeira página, normalmente no menu principal.
* Além disso, um portal possui ferramentas que constroem um real relacionamento entre quem produz e quem consome a informação, como fóruns, pesquisas, enquetes e chats, que promovem a construção do Conhecimento.
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Hotsite, minisite… o que é isso?
* Hotsites são áreas de informação criadas para o lançamento de um produto, o anúncio de um evento ou uma grande promoção. Ou seja, é um conteúdo com prazo de validade, seja uma semana ou um mês.
* Já os minisites são morada de conteúdos bem direcionados e produzidos para os portais. Criados para atrair um público específico, os minisites abordam de forma detalhada um tema restrito.
* Os minisites podem ser fixos ou flutuantes, já que muitos cobrem eventos. Visualmente, comportam-se como os hotsites, com design diferenciado e abrindo em janela menor.
* Ao contrário do hotsite, que tem na persuasão o seu ‘norte’, o tom do minisite é essencialmente informativo.
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Afinal, o que é banner?
* É o espaço publicitário utilizado em sites e portais.
* Há tamanhos e formas diferentes, e por isso nem sempre eles são retangulares e ficam no topo da página principal, como muitos pensam.
* Hoje, há maneiras mais eficazes de reforçar uma marca ou divulgar um produto na web, mas o banner, descendente direto dos anúncios impressos e dos outdoors, ainda tem seu apelo.
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Se eu tenho um material, e pedem para transformá-lo em meio digital, é para pôr na web, correto? Depende.
* Antes de mais nada, meio digital não é sinônimo de web.
* Há outros formatos de armazenamento de informação digital anteriores ao surgimento da web, como o CD e o CD-ROM, e outros surgiram depois, como o DVD.
* Cada um deles serve a um propósito: se um determinado conteúdo, como uma apresentação em PowerPoint realizada em um workshop, é voltado para um público pequeno, por que colocá-lo no site Petrobras?
* Neste caso, um CD-ROM a ser entregue a cada um dos participantes é a solução mais sensata.
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Para publicar qualquer conteúdo em um site, é tudo muito rápido, certo? Depende.
* Existem softwares que facilitam a publicação de conteúdo: são as chamadas ferramentas de Gestão de Conteúdo.
* Se o site as utiliza, a publicação é imediata e até programada, se for o caso.
* Contudo, se o site não possui esta ferramenta, o processo é bem mais complexo, e o conteúdo precisa primeiro ser tratado por uma produtora web, e depois publicado pela área de Tecnologia da Informação.
* O tempo é muito mais longo, portanto.
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A escrita para a web é a mesma que eu uso em outras mídias, como jornal, revista, TV, rádio? Não.
* Durante décadas, a escrita para diferentes mídias se assemelhavam muito, já que os aspectos tecnológicos tinham pouca influência na forma e no conteúdo da mensagem. Mesmo assim, o texto para TV, rádio e jornal sempre tiveram características próprias.
* Com o surgimento da web, de interface visual por natureza e com base tecnológica quase integrada ao conteúdo, houve uma diferenciação até então inédita – surgia, então, o webwriting.
* O webwriting leva em conta que o texto é apenas um dos elementos da informação; imagem, áudio, vídeo e animação são formatos que possuem o mesmo peso que texto em um ambiente multimídia.
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Um site empresarial não deveria refletir as áreas da companhia? Por que o menu principal da maioria dos sites de empresas é estruturado por assuntos, então?
* Um site empresarial é voltado para o público externo, ou seja, aquele que não trabalha na empresa e desconhece sua estrutura. Seria um erro se o menu refletisse suas áreas.
* O menu principal da maioria dos sites de empresa é estruturado por assuntos, já que esta é a forma mais intuitiva da informação ser organizada.
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O que é arquitetura da informação? Por que ela é tão importante para um site?
* Arquitetura da Informação é a tarefa de estruturar e distribuir as áreas de um site, principais e secundárias, tornando as informações facilmente identificáveis, sua distribuição bem definida e a navegação, intuitiva.
* Sem uma boa arquitetura da informação, o usuário não encontra a informação que deseja. A tendência é que ele não retorne ao site.
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Blogs, Second Life, YouTube, Games online… É mesmo para dar atenção a estas novidades? Sim
* A comunicação de qualquer empresa com os seus públicos sempre foi construída, ao longo das décadas, com o apoio de ferramentas das mais diversas.
* A comunicação digital é uma nova etapa neste processo de relacionamento – mas, diferente do que acontece em outras mídias, a evolução das ferramentas digitais e o surgimento das novas tendências acontecem de uma forma mais dinâmica nesta área.
* Colocar-se ao largo deste processo é distanciar-se dos interesses dos públicos-alvo e, conseqüência, perder o controle da própria Comunicação.
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Fala-se muito em sites acessíveis. O que é isso?
* Sites acessíveis são os que possibilitam que deficientes – em especial os visuais – consigam ler e ‘ver’ as páginas web. Há softwares preparados para isso, os chamados leitores de tela.
* Para que os sites possam ser ‘lidos’, é preciso que os códigos que compõem cada uma das páginas sejam adaptados.
* Além disso, quem prepara os conteúdos (os redatores) passam a ser treinados para incluir materiais que levem embutidos estes códigos, o que faz com que a informação já ‘nasça’ acessível.
* Alguns conteúdos, como fotografias, ilustrações, tabelas e gráficos, por exemplo, precisam conter descrições do que está sendo apresentado – nestes casos, há um recurso disponível para que o leitor de tela enxergue e leia para o usuário deficiente o que está sendo apresentado.
* Há uma Lei Federal que determina que todos os sites da Administração Pública tornem seus sites acessíveis o mais breve possível.
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Como estão os números de acesso à internet no Brasil e mundo?
* A população mundial que acessa a internet está em 1,2 bilhão.
* Ela chegará a 1,5 bilhão em 2011.
* O número de brasileiros com acesso residencial à web já chegou a 29 milhões.
* O total de pessoas com acesso em qualquer ambiente (casa, trabalho, escolas, universidades e outros locais) já chegou a 33,1 milhões.
* No Brasil, são 52,05% de usuários homens e 47,95% de mulheres.
* Na faixa de pessoas que têm rendimento de até um quarto do salário mínimo per capita, o percentual de pessoas que acessam à internet é de 3,3%, enquanto no grupo que recebe mais de cinco salários mínimos é de 69,5%.
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Quais regiões do país acessam mais a internet? E quais são as que acessam menos?
* Sudeste – 26,3%
* Sul – 25,6%
* Centro-Oeste – 23,4%
* Norte – 12%
* Nordeste – 11,9%
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Como as crianças e os adolescentes de hoje lidam com a tecnologia?
* Em meados deste ano mais de 3,4 milhões de brasileiros com idade entre 2 e 14 anos acessaram a web de suas casas, representando 19% de toda a população residencial online.
* Crianças e adolescentes preferem o computador à TV, carregam celular no bolso e já decretaram a aposentadoria do e-mail e do telefone – gostam mesmo é de conversas imediatas e interativas, seja através de programas de mensagens instantâneas (MSN, por exemplo), mensagens de texto via celular (SMS) ou em redes sociais (Orkut, por exemplo).
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Quais são as atividades tecnológicas preferidas das crianças e dos adolescentes?
* Mensagem instantânea – 81,6%
* Busca por imagens – 80,7%
* Buscas em Geral – 67,4%
* Redes sociais – 67,2%
* Wikipedia – 28%
* Jogos – 22,8%
* Música – 22,5%
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Como está o número de celulares no Brasil e no mundo
* O Brasil já possui mais de 100 milhões de celulares.
* Existem 3 bilhões de linhas celulares no mundo.
(*) É autor do primeiro livro em português e terceiro no mundo sobre conteúdo online, ‘Webwriting – Pensando o texto para mídia digital’, e de sua continuação, ‘Webwriting – Redação e Informação para a web’. Ministra treinamentos em Webwriting e Arquitetura da Informação no Brasil e no exterior. Em sete anos, seus cursos formaram 1.300 alunos. É Consultor de Informação para a Mídia Digital do website Petrobras, um dos maiores da internet brasileira, e é citado no verbete ‘Webwriting’ do ‘Dicionário de Comunicação’, há três décadas uma das principais referências na área de Comunicação Social no Brasil.’
JORNAL DA IMPRENÇA
Moacir Japiassu
Sexo com bicicleta, 22/11/07
‘A farda de soldado
a véstia de cangaceiro
exibem idêntica urdidura
(Talis Andrade in O Enforcado da Rainha)
Sexo com bicicleta
O considerado Camilo Viana, diretor de nossa sucursal em Minas Gerais, homem vivido e testemunha de raros acontecimentos pela vida afora, ficou deverasmente impressionado com esta notícia:
Britânico é condenado por fazer sexo com bicicleta
Robert Stewart foi condenado a três anos de prisão em regime aberto depois de ser flagrado fazendo sexo com uma bicicleta no abrigo onde morava, em Ayr, na Escócia. Stewart, de 51 anos, admitiu ter agido de maneira inapropriada e teve seu nome incluído no cadastro de pessoas condenadas por crimes sexuais – que inclui estupradores e pedófilos.
O britânico foi denunciado depois que as faxineiras do Aberley House Hostel, um abrigo do governo que acomoda pessoas que não têm onde viver, o flagraram com a bicicleta e pediram ao gerente que chamasse a polícia.
‘Elas bateram na porta do quarto diversas vezes e não houve resposta. Elas usaram a chave-mestra para abrir a porta e depararam com o acusado vestindo apenas uma camiseta branca, nu da cintura para baixo’, disse o promotor Gail Davidson ao tribunal. ‘O acusado estava mexendo os quadris para frente e para trás, simulando sexo.’
Janistraquis, que quando menino fez sexo até com os mandacarus da caatinga, considerou a questão juridicamente simples:
‘Ignoraram solenemente a invasão de privacidade; o sujeito estava a perigo, mas trancado no quarto, quando foi perturbado pelas intrometidas, as quais, é evidente, queriam estar no lugar da bicicleta.’
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Coutinho pornô?!?!
Janistraquis se chegou mais espantado que torcedor argentino depois da virada da Colômbia:
— Considerado, sabe o Eduardo Coutinho?
— O cineasta?
— Esse mesmo…
— O que o mestre do documentário nos oferece agora?
— O considerado nem imagina… o homem partiu pro filme pornô!!!
Fiquei perplexo com a infâmia, porém Janistraquis me mostrou o Guia da Folha, no qual estampava-se o seguinte título: Mulheres se abrem diante da lente de Coutinho.
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Revista Brasileiros
Embora seja amigo e companheiro de lutas dos diretores Helinho Campos Mello, Nirlando Beirão e Ricardo Kotscho, somente agora o colunista pôde folhear Brasileiros, assim mesmo porque encontrou os números 2 e 4 a dar moleza sobre uma poltrona do Memorial da América Latina, durante o I Salão Nacional do Jornalista Escritor, evento comemorativo do centenário da ABI.
Todavia, como nem Janistraquis nem eu guardamos rancor de velhos amigos, por mais dolorosa que seja a desfeita, podemos garantir ao considerado leitor que Brasileiros é revista de altíssimo nível e revive os melhores tempos da imprensa deste país. Quem ainda não a conheceu não sabe o que está perdendo.
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O enforcado
Leia no Blogstraquis a íntegra de Os Trajos de Guerra, versos do novíssimo livro do mestre Talis Andrade, poeta que toma as devidas providências para voltar a enxergar o mundo com os olhos atentos de um sertanejo do Recife.
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Globo Rural
Quando Janistraquis ligou a TV para assistir ao Globo Rural, um pouco antes das oito da manhã de domingo, 18/11, a Seleção Brasileira de vôlei já perdia para os americanos; e o jogo acabou em 3 a 0 para eles. Meu secretário, que se ocupava doutras coisas e somente por hábito deixou o aparelho ligado, comentou, ao final do massacre:
‘Quer saber, considerado? Adorei!!! É sempre bom que fracassem todos os esportes quando a emissora os prefere ao Globo Rural, este que é, longe, o melhor programa da televisão brasileira.’
Compreendo a ira de Janistraquis; afinal, acompanhamos desde a estréia esse belo programa que ensina e diverte. Trata-se de repulsivo absurdo ocupar aquele horário com joguinhos de vôlei, basquete, corridas de carro, essas coisas.
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Provocação
O considerado Heitor Dias dos Reis, engenheiro aposentado e torcedor do Palmeiras, acompanhava pela TV um treino da Seleção Brasileira no Morumbi quando apresentador mais comentarista passaram a conversar a propósito de torcedores do São Paulo que gritavam o nome de Rogério Ceni sempre que o goleiro Júlio César pegava na bola.
É ou não é provocação, discutiam os dois, e Heitor, que não tem opinião definida a respeito do transcendental assunto, quer saber a opinião de Janistraquis, o qual assim se manifestou:
‘Considerado amigo, provocação é um discurso de Lula ser interrompido aos gritos de Fernandenrique! Fernandenrique! O resto é besteira…’
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Perversão colonialista
Janistraquis leu o artigo do sociólogo/flamenguista Gilson Caroni Filho na Agência Carta Maior e falou baixinho, como um petista a conspirar:
‘Considerado, se eu sou o rei da Espanha mandava o serviço secreto ficar de olho nesse cara…’
Leia a abertura do artigo e confira o restante aqui.
Ninguém nega que o presidente Hugo Chávez é uma liderança impulsiva, sujeita, por vezes, a exageros e atropelos verbais. Mas o que aconteceu no encerramento da 17ª Cúpula Ibero-Americana, no Chile, é por demais significativo para ficarmos no campo das aparências.
Ao mandar, aos gritos, o presidente venezuelano se calar, quando ele chamou José Maria Aznar de fascista por ter apoiado a empreitada golpista de 2002, o rei Juan Carlos deslocou o debate do campo político e promoveu o retorno de algo que o passado histórico insiste em recalcar: a perversão colonialista.
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Tautologia
O considerado José Truda Júnior, que observa a cena do alto de seu minarete em Santa Teresa, escreve à coluna:
Pensava em enviar à coluna uma notinha em protesto à expressão ‘anos atrás’, que tem-se repetido incômoda e exaustivamente em colunas e reportagens por este brazilzão, quando o amigo Walcy Joannou, veterano do saudoso Jornal do Brasil, fez a gentileza de enviar este pequeno apanhado tautológico, que todo redator deveria ter tanto na memória quanto no dicionário de seu editor de textos, como certamente o têm os leitores do Jornal da ImprenÇa.
E segue a abominável lista, que tem início com ‘elo de ligação’ e termina em ‘exceder em muito’. É leitura obrigatória e abriga-se no Blogstraquis. Leia, copie, decore e evite.
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Faltou contar
Em sua excelente apresentação no Salão do Jornalista Escritor, sexta, 16/11, Alberto Dines revelou a gênese da biografia de Stefan Zweig, a qual escreveu em grande estilo, e este colunista, que em seguida se referiu à obra, perdeu a oportunidade de contar aos estudantes como foram encontrados os corpos do escritor e de sua mulher no cenário daquele pacto de morte.
Zweig preferiu deixar, em vez de carta de despedida, a transcrição desta estrofe de Camões:
No mar, tanta tormenta e tanto dano,
Tantas vezes a morte apercebida!
Na terra, tanta guerra, tanto engano,
Tanta necessidade aborrecida!
Onde pode acolher-se um fraco humano?
Onde terá segura a curta vida?
Que não se arme e se indigne o Céu sereno
Contra um bicho da terra tão pequeno.
É curioso e comovente ver um escritor de língua alemã, égide de tanta literatura e tanta filosofia, encontrar no queixume lusitano que põe termo ao Primeiro Canto d’Os Lusíadas a mensagem que iria encerrar sua própria vida.
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Jaguaraná
O humorista Jaguar, um dos maiores boêmios do mundo em todos os tempos, foi flagrado na semana passada a beber guaraná durante frugal refeição no restaurante do Novotel Jaraguá, em São Paulo. Infelizmente, não havia fotógrafo por perto.
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Elogio ao Correio
O considerado Roldão Simas Filho, diretor de nossa sucursal no Planalto, de onde se avista a falta de caráter a passear às margens do Lago Paranoá, pois Roldão leu e releu o Correio Braziliense e enviou encomiástica epístola à direção:
Cumprimento o jornal pelo enriquecimento do seu conteúdo com a nova coluna semanal Conexão Diplomática. Parabéns, os leitores agradecem.
Uma observação quanto à paginação dessa coluna na seção MUNDO: embora o Itamarati seja o Ministério das Relações Exteriores, o noticiário do que acontece nos seus meandros é assunto restrito do nosso País. Logo, a paginação deveria ser, no meu entendimento, na seção BRASIL.
E continua faltando uma coluna internacional como a do Argemiro Ferreira, da Tribuna da Imprensa.
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Nota dez
Melhor jornalista cultural do Brasil, o mestre Sérgio Augusto escreveu no Caderno 2 do Estadão, sob o título A falsa cultura ao alcance de todos:
Mesmo quem lê muito rápido, sem prejuízo do gozo e da assimilação, sofre um bocado com o acúmulo de livros ao seu redor. Acompanhar o ritmo do mercado editorial é um anseio impossível, uma frustração permanente, que, como a morte, deve ser encarada como uma fatalidade ecumênica. Não sei se os que lêem menos, sobretudo por falta de tempo, sofrem mais que os bibliófagos, mas é entre eles que se encontra o maior número de preocupados com a pecha de inculto e alienado.
Leia no Blogstraquis a íntegra deste artigo que lava a alma de leitores negligentes como, por exemplo,o colunista e seu assistente Janistraquis.
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Errei, sim!
‘COISA DE VEADO — Quando o título é capenga e o revisor fez doutorado em sadismo, saem coisas assim: Dinamarca quer lei para casais gays e de lésbicas, conforme publicou a Folha da Tarde, de São Paulo. ‘Mas este título já não é de sádico, não, considerado; é coisa de veado mesmo’, falou Janistraquis, ao tropeçar no próprio deboche.’ (abril de 1988)
Colaborem com a coluna, que é atualizada às quintas-feiras: Caixa Postal 067 – CEP 12530-970, Cunha (SP), ou japi.coluna@gmail.com.
(*) Paraibano, 65 anos de idade e 45 de profissão, é jornalista, escritor e torcedor do Vasco. Trabalhou, entre outros, no Correio de Minas, Última Hora, Jornal do Brasil, Pais&Filhos, Jornal da Tarde, Istoé, Veja, Placar, Elle. E foi editor-chefe do Fantástico. Criou os prêmios Líbero Badaró e Claudio Abramo. Também escreveu nove livros (dos quais três romances) e o mais recente é a seleção de crônicas intitulada ‘Carta a Uma Paixão Definitiva’.’
DIRETÓRIO ACADÊMICO
Carlos Chaparro
Idéias esparsas sobre Jornalismo, 26/11/07
‘Passei dois dias em Aracaju, entregue à tarefa de pensar e falar sobre jornalismo, na maior parte do tempo para colegas que trabalham nas áreas de comunicação social do governo estadual, mas também em um evento especial, que chegou a ser emocionante, para estudantes de jornalismo da Universidade Tiradentes.
Resolvi trazer aos leitores do Comunique-se um resumo de algumas das idéias que levei e deixei em Aracaju. Para isso, com ligeiras intervenções de adaptação à linguagem escrita, aproveito o bom texto, feito em forma de entrevista pela jornalista Sheila Torres para a Agência Sergipe de Notícias, e publicada ontem pelo Jornal do Dia.
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Sobre os desafios que o jornalista enfrenta dentro de uma assessoria de imprensa de um órgão governamental – ‘Em primeiro lugar, temos de pensar que o jornalista é um socializador informações e conhecimento. Portanto, um socializador de conteúdos. Por isso, tem de uma relação competente com as áreas onde esses conteúdos são gerados. Nas redações não brotam conteúdos; eles brotam do mundo. E os governos são grandes produtores de conteúdos, talvez os mais importantes. De outro lado, o jornalista precisa captar as coisas, entendê-las. Escrevemos artigos, reportagens, textos para que os conteúdos de interesse público sejam socializados. Mas socializados não na perspectiva de quem os gerou, mas em função de quem irá recebê-los. Isso exige habilidades e também certos padrões de comportamento. Não podemos utilizar as habilidades da profissão para enganar os outros. E as habilidades da profissão nos tornam capazes de enganar. Há, portanto, uma dupla face nesse processo. É preciso captar e entender os conteúdos, os discurso talvez especializados dos outros, e isso exige competência, preparo intelectual. E precisamos transformar esses conteúdos em bem público, socializando-os. No trabalho de assessor, o jornalista trabalha na ponta inicial do processo de socialização, no local onde os conteúdos são gerados. A responsabilidade jornalística é a mesmo, só que, ao invés de publicar a sua matéria no jornal, o assessor atua nos mecanismos que levaram os conteúdos trabalhados aos circuitos jornalísticos de mediação e difusão. Em qualquer das posições exige-se competência técnica, mas também um compromisso ético. Um compromisso com as razões da sociedade. Se aquilo que você faz é feito para servir ao aperfeiçoamento da sociedade, então, deve-se ater aos valores dos ideários nos quais a sociedade existe e se manifesta. No mínimo, é preciso respeitar a linguagem jornalística. Quando a gente diz que o jornalista não pode enganar os outros, de alguma forma estou falando da preservação da linguagem.’
Sobre as diferenças de tratamento da notícia, na assessoria e nas redações – ‘As dificuldades que o assessor tem no seu ambiente de trabalho, o jornalista da redação também as tem. São de outro tipo, mas existem, como a necessidade de vender jornal, as pressões do dono, do editor, do anunciante. Mas tem de ser comum a convicção de que não existe notícia falsa. Ou ela é verdadeira ou não é notícia. O profissional precisa ser rigoroso em qualquer lugar em que trabalhe. Quando atua na fonte, o jornalista assessor de comunicação é de certa forma a interface competente da sua empresa ou instituição para se relacionar com a sociedade. Então, ele não pode só olhar para dentro da organização onde trabalha. Deve olhar para fora e se relacionar profissionalmente com as redações, que são interfaces da sociedade. É tolice pensar que o assessor melhora a empresa se fraudar a informação. Hoje, não há como enganar ninguém, as coisas se descobrem. O q eu amplia a exigência de coerência entre aquilo que se diz e aquilo que se faz, entre aquilo que se anuncia e aquilo que de vende. E para que assim seja, o jornalista deve ser um educador dentro das empresas e das instituições.’
Sobre o dogma e o uso da pirâmide invertida – ‘A pirâmide é um método que todos usamos para nos comunicarmos uns com os outros. É um método velho e eficaz de interlocução. Quando falamos com os filhos, por exemplo, usamos a pirâmide invertida ou a normal, a depender da situação. Ela representa a noção de que existem coisas mais importantes e colisas menos importantes. Não há como contar uma história se o narrador não sabe decidir o que é mais importante. E essa escolha gera os critérios para organizar os relatos. É a lógica da relevância. A pirâmide normal põe o importante no final do relato, e a invertida, no começo. O que é realmente fundamental é que haja algo de maior relevância, não importando onde esteja. Saber pensar é saber fazer essa distinção entre o mais importante e o secundário e estabelecer relação entre as duas coisas. Não há história que não seja contada assim.’
Sobre as modificações produzidas pelo advento da Internet, com o surgimento de fenômenos como os blogs – ‘O jornalismo se modifica na mesma medida e no mesmo ritmo em que o mundo se modifica. O jornalismo faz parte do mundo e não o mundo do jornalismo. O mundo gera informações e solicita informações, cada vez mais. Gera idéias e solicita idéias. E a notícia se tornou a maneira mais eficaz de agir no mundo e sobre o mundo. Se mudam as razões e as estratégias das ações humanas na política, na economia, na cultura, nos espaços sociais, muda também o jornalismo. Mudam, ainda, os aproveitamentos d as tecnologias, para que as notícias cheguem mais longe e mais rapidamente aos seus destinos. Hoje, há a possibilidade de noticiar as coisas quando elas ,m as teorias sobre essa poderosa mediação jornalística. Se hoje qualquer um pode espalhar ao mundo as suas notícias e acessar as notícias dos outros diretamente na fonte, então o jornalista tem que repensar o seu papel. Acontece que quanto mais rico é o nível de informação das populações, maior e crescente se torna também a demanda de explicações e debates. E aí há um espaço novo para o jornalismo. A reportagem nasceu assim, no final do século XIX.’
Sobre a construção da independência no jornalismo – ‘É muito difícil, mas tem que se lutar por isso. O jornalismo sem independência jamais será um jornalismo veraz. O dever da veracidade tem, implícito, o pressuposto da independência. A independência é a mais difícil virtude obrigatória do jornalismo, não só no jornalismo, mas também na vida. O que cada um de nós quer é ser independente. E só somos verdadeiramente independentes quando podemos usar nossa própria razão de ser para decidir a nossa vida. No oposto, somos dependentes quando nos submetemos ou temos de aceitar a razão de ser de outros. Esse é o jogo do poder. A vida e as relações humanas giram em torno disso. Então, a luta pela independência deve ser constante. No jornalismo, por ser tão difícil quanto essencial, a luta pela independência precisa de ajudas, do auxílio da lei, da cultura, da sociedade. Precisa haver mecanismos e costumes que assegurem a independência das redações. No jornalismo europeu, por exemplo, existem as comissões de redação, os estatutos editoriais, a cláusula de consciência, que estabelecem normas, fronteiras nas relações de poder entre os donos de jornais e os jornalistas. Em outros modelos, como nos Estados Unidos, com a sua histórica Primeira Emenda, existe o respeito democrático à liberdade de imprensa, ao direito à informação e à proteção do direito ao sigilo da fonte. No Brasil falta-nos quase tudo isso. Não temos mecanismos de proteção ao jornalismo. O que temos, até nos meios sindicais, é uma pobre noção de ética. Em resumo, a sociedade tem que construir mecanismos que assegurem a independência jornalística, porque isso lhe interessa. Está na hora de pensar nisso.’
Sobre a evolução na pesquisa acadêmica na área do jornalismo distanciamento entre teoria e prática – ‘A pesquisa no jornalismo já evoluiu bastante, e continua a evoluir, graças ao crescimento e à seriedade dos cursos e programas de pós-graduação. Os estudos de pós graduação trouxeram ao jornalismo o enriquecimento de metodologias e teorias de outras áreas do conhecimento. Mas esse distanciamento entre a academia e a prática profissional é um problema ainda não superado. Já foi pior, mas continua grave. É uma burrice dos dois lados. E uma burrice preconceituosa. Os profissionais acham que a academia produz um saber inútil. Isso não é verdade. O jornalista precisa do saber acadêmico, que pode ser muito importante para a qualificação intelectual da prática profissional. E o inverso também acontece, porque o grande milagre do jornalismo não está nos livros, mas na capacidade de fazer um jornal ou um programa de TV com sucesso, todos os dias. Há um saber importante produzido nas áreas da prática, e a academia o rejeita. Em prejuízo de si própria. Sempre acreditei, e acredito, que a distância entre os dois lados deveria ser encurtada para quase zero.’
(*) Manuel Carlos Chaparro é doutor em Ciências da Comunicação e professor livre-docente (aposentado) do Departamento de Jornalismo e Editoração, na Escola de Comunicações e Artes, da Universidade de São Paulo, onde continua a orientar teses. É também jornalista, desde 1957. Com trabalhos individuais de reportagem, foi quatro vezes distinguido no Prêmio Esso de Jornalismo. No percurso acadêmico, dedicou-se ao estudo do discurso jornalístico, em projetos de pesquisa sobre gêneros jornalísticos, teoria do acontecimento e ação das fontes. Tem quatro livros publicados, sobre jornalismo. E um livro-reportagem, lançado em 2006 pela Hucitec. Foi presidente da Intercom, entre 1989-1991. É conselheiro da ABI em São Paulo e membro do Conselho de Ética da Abracom.’
JORNALISTA ESCRITOR
Eduardo Ribeiro
Não verás Salão assim, 21/11/07
‘O I Salão Nacional do Jornalista Escritor, encerrado no último domingo, 18/11, no Memorial da América Latina, em São Paulo, reuniu perto de 13.500 pessoas nas suas quase 50 atividades, incluindo debates, exposições, sessões de autógrafos, histórias, entrevistas. Os estudantes brotavam do metrô e de outras partes vindos sabe-se lá de onde, mas muitos de longe. Alguns de muito longe.
Marcado para abrir as comemorações do centenário da ABI, que vai transcorrer em abril de 2008, o Salão, no meio de dois feriados prolongados, mostrou-se na visão de muitos uma temeridade. Como conseguir audiência para um auditório de quase 900 lugares, numa São Paulo esvaziada, durante quatro dias?
Pois esse foi um fator decisivo a garantir uma audiência surpreendente em todas as atividades do Salão, já que foi graças aos feriados que muita gente conseguiu vir de outras regiões para São Paulo, para ver e ouvir alguns dos principais expoentes da literatura e do jornalismo brasileiros, entre eles Luis Fernando Veríssimo, Carlos Heitor Cony, Moacyr Scliar, Eric Nepomuceno, Flávio Tavares, Mauro Santayana, Ruy Castro, Ziraldo, Jaguar, Ignacio de Loyola Brandão, José Hamilton Ribeiro, Domingos Meirelles, Caco Barcellos, entre tantos.
Quem lá esteve saiu com a certeza de que o jornalismo brasileiro é forte, guerreiro, ousado, mas anda meio adoentado. Trocou a inteligência pela força bruta, na sua inalienável vocação de ler e interpretar o mundo para a sociedade e de ser protagonista de seu tempo. Sua independência anda dependente de bom senso e de coragem de questionar vários de seus métodos. A produção industrial inibiu a criatividade e o jornalismo autoral, pasteurizando o noticiário. As chefias medíocres estimulam e forjam equipes idem. A ousadia da pauta criativa deu lugar às pautas encomendadas e de dossiês, criados para sujar a honra de alguns. As matérias são sentenças prontas, sem que julgamentos tenham sido feitos. E os veículos se reproduzem no erro, por medo de se diferenciarem pelo acerto.
O Salão, como muitos disseram, valeu por um ano de universidade. Cada exposição, rica em reflexões, conceitos, revelações, correspondeu mais que a uma aula, a um curso inteiro.
Quem por ali passou, não saiu igual a como entrou. Mexeram-se com os brios, com a dignidade, com a combatividade, com a criatividade, com a ética, com o saber, com a vocação, com o fazer jornalístico.
Há tempos não se via em nossa atividade um ambiente tão fértil em reflexões e ensinamentos como nesse Salão. Tanto que o próprio idealizador da mostra, Audálio Dantas, sobre quem escrevi na última semana, quer fazer um livro com o que de melhor ali foi apresentado, que até título já tem: Conversas do Salão. Que ele tenha êxito nesta nova empreitada, porque efetivamente o que lá vimos é digno de registro e merece difusão.
Se geralmente se usa essa expressão ao final de um bem sucedido evento, no caso do Salão pode-se dizer com toda a tranqüilidade que ele abriu com chave de ouro o centenário da ABI, a julgar sobretudo pelas palavras do escritor Moacyr Scliar, um dos convidados ilustres, que o considerou um marco na trajetória do jornalismo brasileiro. ‘Vocês estão participando de um evento histórico do jornalismo brasileiro, pois dificilmente se reúne tantos personagens como aqui, que protagonizaram alguns dos episódios mais importantes da nossa história nas últimas décadas’ – disse ele na sua palestra.
Entre os milhares de estudantes presentes, despontaram na platéia figuras como o senador Eduardo Suplicy e experientes jornalistas como José Maria Mayrink, Carlos Moraes, Luciano Martins, Flávio Tiné, Jorge de Sá Miranda, Alex Solnic, entre outros. Além, obviamente, dos conselheiros da ABI, como Gioconda Bordon, Carlos Marchi, Carlos Chaparro e Sérgio Gomes.
Sequer o jogo da Seleção brasileira, no domingo, contra o Peru, atrapalhou. Ao contrário, o pico de audiência do evento, com a participação de quase 800 pessoas (auditório repleto) se deu exatamente nos dois últimos painéis do domingo, entre 17h e 21h. Um deles, foi o debate sobre o tema Livro-Reportagem, fronteira literária do jornalismo, com Caco Barcellos, Domingos Meirelles, Eliane Brum e Florestan Fernandes Jr. e o outro foi a entrevista com Mino Carta, no mesmo horário de Brasil x Peru, que fechou o Salão.
Não verás Salão assim, pode ter certeza o caro leitor do Comunique-se. Se perdeu é bom se preparar para o próximo, que certamente será ainda melhor.
(*) É jornalista profissional formado pela Fundação Armando Álvares Penteado e co-autor de inúmeros projetos editoriais focados no jornalismo e na comunicação corporativa, entre eles o livro-guia ‘Fontes de Informação’ e o livro ‘Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia’. Integra o Conselho Fiscal da Abracom – Associação Brasileira das Agências de Comunicação e é também colunista do jornal Unidade, do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, além de dirigir e editar o informativo Jornalistas&Cia, da M&A Editora. É também diretor da Mega Brasil Comunicação, empresa responsável pela organização do Congresso Brasileiro de Jornalismo Empresarial, Assessoria de Imprensa e Relações Públicas.’
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