Leia abaixo a seleção de quinta-feira para a seção Entre Aspas. ************ Folha de S. Paulo Quinta-feira, 26 de novembro de 2009 POLÊMICA Samantha Lima Imprensa é paga para mentir, diz ministro ‘O ministro Juca Ferreira defendeu ontem a divulgação de impresso com nomes de deputados que supostamente defendem a cultura, classificando de ‘absolutamente’ legítimo o governo ter financiado o material, responsabilizou a oposição por criar um ‘factoide’ e atacou jornalistas, a quem chamou de ‘pagos para dizer mentira’. O ministro atribuiu as queixas contra o folder com 250 nomes de parlamentares a uma reação da oposição ao crescimento de Dilma Rousseff (pré-candidata governista à Presidência) nas pesquisas eleitorais, além da tentativa de prejudicar a votação do programa do governo federal Vale-Cultura. Anteontem, durante a sessão para votação do vale -cartão magnético, com saldo de até R$ 50 por mês, por trabalhador, a ser utilizado no consumo de bens culturais- Ferreira havia negado que o ministério tivesse produzido e mandado imprimir o material. Horas após a negativa dele, a pasta admitiu a produção de 4.500 cópias, ao custo de R$ 11 mil. Ontem, em nota, o ministério rechaçou que o material tenha características de propaganda eleitoral. Ontem, questionado por que a pasta acabara reconhecendo que havia mandado produzi-lo, Ferreira perguntou: ‘Que material?’. ‘O folder’. ‘Que folder?’. ‘O folder como o nome dos deputados’, especificaram os jornalistas. ‘Só vou dizer isso: criaram um factoide e vocês são vítimas desses factoides. Eles criaram isso para atrasar a votação do vale, porque acreditam que está sendo criado para promover o filme do Barreto [Luiz Carlos Barreto, diretor de ‘Lula, o filho do Brasil’].’ Ferreira alegou que o material é suprapartidário por ser da frente parlamentar da cultura. ‘Não tem nada de ilegítimo. A frente não teria tempo de publicar e pediu pra gente publicar. Tem ofício. Publicamos e não tem nada de ilegítimo.’ Questionado por que o material tinha nome de deputados, com dedo em riste para a repórter da Folha, afirmou: ‘Vocês estão comendo mosca. Tem o nome do Rodrigo Maia [DEM-RJ]. Você acha que vou fazer campanha para ele? Olhe nos meus olhos e diga’. Ao responder por que estava emocionado, o ministro disse: ‘Eu sou [emocional]. Meu pinto, meu estômago, meu coração e minha cabeça são uma coisa só’. Afirmou que repassa recursos para todos os Estados, independentemente do partido político dos governadores, e concluiu, já de saída, olhando para os jornalistas: ‘Vocês são pagos para dizer mentira’. Ferreira esteve ontem no Rio para participar da cerimônia de lançamento do novo formato do programa de financiamento do BNDES à cultura, o BNDES Procult. O programa foi ampliado para atender projetos de preservação do patrimônio histórico, teatro, música, jogos eletrônicos, fonográfico, editorial e espetáculos. A verba é de R$ 1 bilhão até 2012.’ TRANSPARÊNCIA Jornal vai ao STF para ter acesso a notas fiscais do Senado ‘Assim como fez com a Câmara, a Folha pediu que o Supremo determine o acesso às notas fiscais dos gastos feitos pelos senadores com a verba indenizatória. O caso foi parar com o ministro Joaquim Barbosa, que remeteu o pedido à Procuradoria-Geral da República para que emita um parecer sobre o tema. Para que Barbosa possa analisar o pedido da Folha, é necessário que o procurador-geral devolva o processo com sua opinião, o que não há prazo para ocorrer.’ TODA MÍDIA Nelson de Sá De maneira adequada ‘Ainda ecoava, ontem no site do ‘New York Times’, a revelação pelo assessor Marco Aurélio Garcia de uma carta de Obama a Lula. E apareceu então, por G1, Terra, Agência Brasil, o chanceler Celso Amorim, em chamadas entre aspas, ‘Não há nenhuma tensão na relação com os EUA’. Em suma, diz ele: ‘Não sei como a carta chegou ao conhecimento da imprensa, mas já que há esse conhecimento eu acho que o presidente vai responder a carta de maneira educada, adequada, mostrando seus pontos de vista.’ CLINTON NO PODER A colunista Maureen Dowd relatou no ‘NYT’ o elogio de Obama a Hillary Clinton, na segunda, e o ostracismo de Greg Craig, assessor de Obama que a atacou na eleição. Também de Susan Rice, escanteada na chancelaria. E de Caroline Kennedy, apoio de primeira hora a Obama que se viu ‘arrastada na lama’ ao tentar a vaga de senadora por Nova York, ‘por um vingativo Bill Clinton’. ‘EL HOMBRE’ O indicado de Hillary para a região, Arturo Valenzuela, já passou no Senado. E Peter Hakim, do Inter-American Dialogue, instituição que tem FHC entre seus diretores, o apresenta como ‘El Hombre de Obama’ na nova edição da ‘América Economía’. ATÉ SARAH PALIN Sérgio Dávila relata no blog que, na Fox News, Sarah Palin mostrou que ‘não vai com a cara’ de Lula e cobrou: ‘Eu gostaria que o presidente do Brasil tivesse melhor relação com os EUA e começasse a pensar em nos acompanhar nas sanções ao Irã’. O MILAGRE A alemã ‘Der Spiegel’ deu a interminável reportagem ‘Pai dos pobres realizou milagre econômico’, com a foto, que o UOL já traduziu. Segue Lula pelos ‘sertões’ OUTRO LADO O ‘Le Monde’ publicou uma ‘crônica’ de Jean-Pierre Langellier, que segue personagens cariocas no cotidiano de trabalho pelas praias, para arrematar que para eles, ‘como para tantos outros, o Rio não tem muito a ver com a cidade maravilhosa que cantam os slogans’. FELIZ NATAL Na manchete do UOL, ‘Governo isenta móveis de IPI até março’, anúncio da Fazenda. Imediatamente abaixo, ‘Natal deve ter menor taxa de juro desde 94’, anúncio do Banco Central de Henrique Meirelles. Na disputa, Guido Mantega fechou em vantagem com ‘Brasil eleva aporte ao FMI e ganha poder de veto’, que ecoou até no site do ‘Wall Street Journal’. ROUBINI E O CONTROLE Ontem no ‘WSJ’, ‘Rússia eleva intervenção no rublo’ e ‘Vietnã desvaloriza moeda’, em posts que remetiam ao controle de capital iniciado no Brasil. Da Argentina, Nouriel Roubini saiu em apoio ao Brasil num despacho da Reuters, ‘Controle de capital é chave para frear moedas na América Latina, diz Roubini’. CAIU O PRIMEIRO Manchete no ‘Financial Times’ (acima) e no ‘WSJ’, o fundo soberano de Dubai ‘anunciou ‘paralisação’ de seis meses em sua dívida’. Evita-se a expressão, mas é moratória. Em outros enunciados do ‘FT’, ‘choca os investidores’, ‘mercados cabaleiam’ etc. CORTE O ‘Washington Post’, que perdeu US$ 167 milhões nos três primeiros trimestres do ano, decidiu fechar as suas últimas sucursais nos EUA, em Nova York, Los Angeles e Chicago. Em suma, justifica o editor-chefe do jornal, ‘nós não somos uma organização de notícias nacionais’. RETORNO De volta à direção do PT, José Dirceu relançou ontem seu site, com comunidade e dez colunistas, entre os quais Paulo Rabello de Castro e Rose Nogueira. No blog que também foi repaginado e que fornece manchetes ao site, destaque para entrevista que concedeu ao ‘El País’.’ CONFECOM Elvira Lobato Conferência de comunicação discutirá volta da Embrafilme ‘A Confecom (Conferência Nacional de Comunicação), programada para dezembro, juntará as propostas mais polêmicas para o setor já produzidas nos meios sindical e acadêmico. A lista inclui desde a volta da estatal Embrafilme -extinta em 1990, no governo Collor-, à criação de mecanismos para controle social sobre a mídia e a concessão de canal de TV para as centrais sindicais. Convocada pelo presidente Lula, a conferência custará cerca de R$ 8 milhões à União. O objetivo é formular propostas para uma política nacional de comunicação, mas a representatividade ficou comprometida após 6 das 8 entidades empresariais abandonarem, em agosto, a organização do encontro. Do lado empresarial, permanecem os grupos Bandeirantes e RedeTV! e as companhias telefônicas, representadas pela associação Telebrasil, contra oito entidades dos chamados ‘movimentos sociais’. Os grupos de comunicação se retiraram por considerar inconciliáveis suas divergências com os representantes das ONGs. Para as empresas, a conferência será um jogo de cartas marcadas em que essas entidades, aliadas a representantes do governo, vão expor o setor a um massacre público. O maior foco de divergência se dá em torno do que as ONGs chamam de ‘controle social sobre a mídia’, que os grupos empresariais consideram censura. As ONGs e entidades sindicais aprovaram, há três semanas, suas principais propostas para o debate. A lista tem engordado à medida que se realizam as assembleias estaduais para indicação dos 1.539 delegados, que votarão na plenária nacional, em Brasília, entre 14 e 17 de dezembro. São Paulo terá a maior representação: 180. A proposta de maior impacto sobre o setor defendida pelos chamados movimentos sociais é a criação de um conselho nacional de comunicação -composto 50% por usuários, 25% por trabalhadores do setor e 25% pelas empresas- para regulamentar e aprovar concessões para diversos serviços. A proposta inclui ainda a ideia de um comitê dentro do conselho para analisar os processos de outorga. As rádios comunitárias são mais um foco de tensão entre ONGs, sindicatos e empresas de radiodifusão. As duas primeiras querem multiplicar por dez a potência das já existentes e das novas e descriminalizar as piratas. Na agenda, estão várias propostas para concessão de novos canais de TV públicos. É uma antiga reivindicação das universidades, cujos canais são restritos às TVs a cabo. Propõem que nos próximos dez anos sejam aprovados quatro canais de TV públicos para cada concessão privada e que seja criado imposto sobre a venda de aparelhos de rádio e televisores para um fundo de fomento à TV pública, além da recriação da Embrafilme. As centrais sindicais reivindicam um canal de TV aberto para uso compartilhado entre elas e/ou criação de horário gratuito dentro das TVs comerciais, como o horário eleitoral. A Abert (Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão) não quis se manifestar sobre o impacto que essas propostas, se aprovadas, teriam sobre o setor. A entidade diz que fará um encontro, depois da Confecom, para se posicionar em relação ao que for aprovado.’ Confecom terá 600 delegados de teles e TVs ‘Os grupos Bandeirantes e RedeTV! e as companhias telefônicas estão indicando cerca de 600 delegados à Conferência Nacional de Comunicação. No evento, as teles vão defender a mudança da lei que as impede de oferecer TV a cabo e a redução de impostos sobre a telefonia. As companhias telefônicas participam da organização da conferência por intermédio da Telebrasil. O receio das teles de que haja uma pressão para eliminar a assinatura básica do telefone até agora não se confirmou, pois tal proposta não ganhou relevância na agenda proposta. Depois que seis associações -Abert (rádio e TV), Abranet (provedores de internet), ABTA (TV por assinatura), ANJ (jornais), Adjori (jornais do interior) e Aner (revistas)- deixaram a conferência, coube à Telebrasil e à Abra (Associação Brasileira de Radiodifusores, que representa a Band e a Rede TV!) preencher a cota de delegados do setor empresarial. Flávio Lara Resende, diretor da Rede Bandeirantes e da Abra, diz que é contrário a várias teses defendidas por ONGs e entidades sindicais -como o controle social sobre a mídia e a descriminalização das rádios piratas-, mas afirmou que que vê pontos convergentes e espaço para diálogo.’ HONDURAS Fabiano Maisonnave Corte de Honduras e TV são alvo de ataques ‘Em meio a chamados cruzados para apoiar e boicotar a eleição de domingo em Honduras, a Corte Suprema e um estúdio de TV foram atacados respectivamente com lança-granadas e uma bomba caseira ontem de madrugada, causando pequenos danos materiais. O impacto do ataque ao órgão máximo do Judiciário, cuja segurança tem sido feita por soldados, abriu um buraco de cerca de um metro na parede externa e quebrou o vidro de três janelas, sem deixar feridos. Segundo fontes militares, o explosivo foi lançado pelo lança-granadas antitanque russo RPG-7. O armamento, que não é usado pelas Forças Armadas, circula na América Central desde os anos 80, quando foi introduzido pelos ‘contras’ da Nicarágua -mercenários recrutados pela CIA com a missão de derrubar os sandinistas- e pela guerrilha salvadorenha. No estúdio de TV onde é gravado o programa do jornalista Rodrigo Wong Arévalo, uma bomba foi colocada no estacionamento. Os estilhaços quebraram sete vidros do prédio. A Corte Suprema e Wong Arévalo são identificados como pró-governo interino, de Roberto Micheletti, que assumiu o país após a deposição de Manuel Zelaya, em 28 de junho. Nas últimas semanas, Honduras tem sofrido ataques quase diários de bombas caseiras e granadas, principalmente em centros comerciais e banheiros públicos, até agora sem provocar grandes estragos ou mortes. Para o governo Micheletti, as bombas têm como objetivo intimidar os eleitores e são responsabilidade de simpatizantes de Zelaya, que tem exortado seus seguidores a ‘impugnar’ o pleito para escolher o novo presidente, além de deputados, prefeitos e vereadores. Anteontem à noite, Micheletti denunciou um plano para matá-lo, depois de a polícia anunciar a apreensão de dois fuzis na cidade de El Progreso, seu domicílio eleitoral. O presidente interino não foi ontem à Casa Presidencial, no primeiro dia de sua ‘licença temporária’ do Executivo, que dura até a próxima quarta-feira, dia em que o Congresso votará se Zelaya será restituído. O governo interino e seus apoiadores, que incluem os principais meios de comunicação, têm feito intensa campanha publicitária para que os eleitores votem no domingo. Já Zelaya pede que seus seguidores se abstenham, embora o principal partido que o apoia, o esquerdista Unificação Democrática (UD), tenha ratificado sua participação. Ontem, até o jornal esportivo ‘Diez’ estampava a manchete ‘Não fique sem votar’. Em algumas bancas, a edição aparecia ao lado ‘El Libertador’, pró-Zelaya, com o enunciado para o lado oposto: ‘Não vote’. Durante todo o dia de ontem, o canal 36, única emissora de TV pró-Zelaya, permaneceu fora do ar e acusou o governo interino de interferir no sinal. Ainda ontem, comunicado da Chancelaria hondurenha chamou de ‘intervencionismo inédito’ a proposta aventada pelo Brasil de adiar o pleito até que saia a decisão do Congresso sobre a restituição de Zelaya.’ TECNOLOGIA Reuters Facebook cria ações para fortalecer sócios ‘O Facebook se reestruturou com uma divisão de ações com e sem direito a voto para garantir o poder decisório de seus sócios. A empresa disse que não pretende abrir capital, mas a medida fortalece o poder dos seus principais acionistas (como o fundador Mark Zuckerberg) no caso de passar a oferecer seus papéis em Bolsa. Em 2004, os criadores do Google adotaram estrutura semelhante, antes de a empresa abrir seu capital na Bolsa de Valores.’ LÍNGUA Pasquale Cipro Neto Lambanças de títulos e textos jornalísticos ‘DIA DESSES, um site publicou esta legenda (talvez seja bom explicar que, nas artes gráficas e no jornalismo, ‘legenda’ é o texto que comenta, explica ou intitula uma imagem): ‘Companheiros em 2010, Massa encontra Alonso na Espanha’. A legenda estava sob uma foto dos dois pilotos da Ferrari. O prezado leitor já percebeu onde está o nó da frase? A quem se refere o termo ‘companheiros’? Aos dois pilotos, é óbvio. Mas os nomes dos pilotos aparecem coordenados, ou seja, exercem mesma função na estrutura do texto? Não e não. ‘Massa’ é sujeito de ‘encontra’; ‘Alonso’ é complemento dessa forma verbal. O emprego de ‘companheiros’ talvez decorra de um processo mental ultrarrápido: o redator pensa nos dois pilotos, que em 2010 serão companheiros na Ferrari, e já dispara o plural, mesmo que estruturalmente esse plural não se sustente. Qual seria a construção pertinente? Basta optar pelo sujeito composto: ‘Companheiros em 2010, Massa e Alonso se encontram na Espanha’. Para que se mantivesse o passo ‘Massa encontra Alonso’, seria necessário alterar a estrutura. Poder-se-ia optar, por exemplo, por algo como ‘Na Espanha, Massa encontra Alonso, seu companheiro em 2010’. Vamos a outro título mal redigido e confuso, também publicado num site: ‘Mãe é presa por deixar filhos sozinhos em Jundiaí’. Qual seria o papel da expressão ‘em Jundiaí’? Indicar o lugar em que a mãe relapsa foi presa ou o lugar em que os pobres pimpolhos foram abandonados pela mãe desnaturada? Sabe Deus! Pois bem. Quando se lê a notícia, descobre-se que… Melhor transcrever o trecho inicial: ‘Uma mulher de 22 anos foi presa em flagrante hoje, em Jundiaí (SP), depois de sair de madrugada e deixar os filhos sozinhos em casa’. Pois é, caro leitor. Para que isso ficasse claro (no título), bastaria ter posto ‘em Jundiaí’ no início do período: ‘Em Jundiaí, mãe é presa por deixar filhos sozinhos’. Quer mais? Opa! O que não falta é exemplo. Vamos a mais um, também provindo de um site. Prepare-se, caro leitor, porque a coisa é braba. Lá vai: ‘Britânico confessa assassinato da sogra durante oração’. Pode? Estamos diante de um rito satânico. Está certo que muita gente prefere o Diabo à sogra, mas matar a pobre durante uma oração… Haja espírito maléfico, hediondo, cruel! Mas vamos à notícia: ‘Um homem britânico foi condenado após ter confessado o assassinato da mãe de sua namorada grávida durante uma prece captada por um grampo montado em seu carro pela polícia’. Xi! Cruz-credo! A coisa é ainda pior! O sujeito tem pelo menos duas namoradas, uma das quais está grávida, e mata a sogra, digo, uma das sogras (a mãe da namorada grávida) durante uma prece (ao Demo, certamente). Bem, vamos tentar melhorar a redação do título? Que tal deixar claro o local do assassinato, digo, o momento da confissão do crime? Esse título perderia seu tom ultralambão com a simples inversão da expressão ‘durante oração’: ‘Durante oração, britânico confessa assassinato da sogra’. Simples, não? Então por que diabos de motivos o pessoal das Redações não enxerga essas coisas? O texto também tem problemas. A sequência apresentada não corresponde aos fatos. Ninguém é condenado após confessar, ou será que a polícia montou o grampo, o sujeito caiu na arapuca, isto é, deu com a língua nos dentes e, flagrado, foi imediatamente julgado e condenado? Os conectivos (‘após’, no caso) não podem estabelecer nexos falsos. O que há nesse caso é uma relação causal, ou seja, o homem foi condenado, sim, mas não após ter confessado (nem por ter confessado). Ele foi condenado pelo assassinato (que confessou durante uma prece). Precisão é precisão. É isso.’ TELEVISÃO Silvia Corrêa Band compra séries para o horário nobre ‘TV aberta com cara de TV fechada. A tendência parece se consolidar no chamado ‘prime time’-o horário nobre da televisão, entre as 20h e as 23h. Depois de o SBT mudar ‘Sobrenatural’ das madrugadas de domingo para as 21h de segunda a sexta, a Band comprou cinco séries e planeja exibí-las nessa faixa,a partir de março. Hélio Vargas, diretor artístico e de programação da emissora, diz que o investimento em séries é ‘uma tendência mundial’ e que a Band, voltando para esse segmento no ‘prime time’, espera fidelizar a audiência desse público coma renovação constante dos produtos do gênero na grade’. O pacote inclui todas as temporadas e ‘Zoey 101’ e ‘Ned’s Declassified School Survival Guide’ (Venevision) e as duas primeiras fases de ‘VIP’ (Sony), ‘Malcolm in the Middle’ e ‘Burn Notice’ (Fox). A Band ainda não definiu a ordem em que serão exibidas. O SBT afirma que mudou o horário de ‘Sobrenatural’ ao notar, em pesquisas, que os telespectadores queriam uma série em horário nobre. Desde então, há dois meses, a audiência atinge ao menos oito pontos no Ibope -um crescimento de 110% no horário, o que deixa a TV de Silvio Santos, em geral, à frente da Record. Cada ponto equivale a 57 mil televisores. A própria Record tem colhido bons frutos dos importados. Um pouco mais tarde (entre 0h e 0h30), ‘House’ e a trilogia ‘CSI’ chegam com freqüência à liderança no Ibope. RUMO À ÁFRICA Roberta Durrant, diretora de criação da produtora sul- africana Penguin Films, fez um contato com a equipe da Globo que estava em Nova York para o Emmy. A ideia é fazer uma coprodução na África. A Penguin foi finalista do Emmy na categoria melhor série dramática. MAIS EMMY Gloria Perez surpreendeu produtores e diretores ao dizer, num painel de discussões em Nova York,que escreveu sozinha’ Caminho das Índias’. Os outros três finalistas foram feitos a quatro ou seis mãos. DEZ ANO$ A Globo Marcas vai lançar em seu site a linha de joias ‘Mais Você’, para comemorar os dez anos do programa. As peças custam de R$ 185 a R$ 1.700 -brincos em ouro e brilhante. NO FORNO A Band começou a gravar os pilotos do ‘Tribunal na TV’, programa que Marcelo Rezende apresentará à tarde, a partir de março. As primeiras cenas serão usadas nas chamadas. INTERATIVO A banda WWW- dos protagonistas da série adolescente ‘Ger@al.com’ (Globo),que volta ao ar no dia 13-vai fazer shows pela internet para os telespectadores. Durante a trama também serão fornecidas algumas senhas que dão acesso a vídeos na web. DR. HOLLYWOOD A Rede TV! quer gravar fora do país a nova temporada de ‘Dr. Hollywood’, de Daniela Albuquerque, no segundo semestre de 2010. A idéia é levar brasileiras para fazer cirurgias plásticas no exterior.’ ************ O Estado de S. Paulo Quinta-feira, 26 de novembro de 2009 LIBERDADE DE IMPRENSA Moacir Assunção ‘A medida é abominável, odiosa e perigosíssima’ ‘O advogado Braz Martins Neto, presidente da Comissão de Exame da Ordem da OAB-SP, não economiza adjetivos ao qualificar a censura ao Estado, decretada pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJ-DF). ‘A medida é abominável, odiosa e perigosíssima. A imprensa não pode ser privada do seu direito e dever de informar. O cidadão, por sua vez, tem todo o direito de receber todas as informações’, afirmou. Desde 31 de julho, o Estado está proibido de publicar reportagens sobre a Operação Boi Barrica, da Polícia Federal, que investigou o empresário Fernando Sarney pelos crimes de lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e tráfico de influência. Fernando, indiciado após as investigações, é filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e o principal responsável pelos negócios da família. A mordaça foi baixada pelo desembargador Dácio Vieira, que acatou liminar pedida por Fernando, mas depois o magistrado acabou afastado do caso, por ter sido declarado suspeito pelos próprios colegas. Após ter recursos rejeitados no TJ-DF, que remeteu o caso para a Justiça do Maranhão, o Estado apresentou uma reclamação ao Supremo Tribunal Federal (STF), que deve ser julgada no próximo mês pelo plenário. Martins Neto afirmou não ver razões para censura à imprensa, ainda mais nos dias atuais. ‘A mordaça atenta contra todos os princípios da democracia, pela qual tanto lutamos’, disse. ‘Nada impede, claro, que se punam eventuais excessos dos meios de comunicação, observados após a publicação da reportagem ou artigo.’ O próprio sistema democrático no qual vive o País, de acordo com o advogado, consagrou o princípio da observância dos limites à atuação da imprensa, sempre depois da veiculação das informações. O ato de censurar uma reportagem antecipadamente, na avaliação de Martins Neto, se configura como censura prévia. ‘Sou um leitor assíduo do Estado e conheço sua seriedade e o cuidado no trato com a informação’, destacou. PLENA LIBERDADE A Constituição de 1988, lembrou o advogado, estabelece o sistema de plena liberdade de imprensa, limitada à responsabilidade na publicação, sempre observada pelos veículos de comunicação sérios e cientes do seu papel social. ‘Qualquer cidadão tem o direito de questionar alguma publicação, por se sentir injuriado ou caluniado, mas não pode tentar impedir a veiculação’, afirmou. Em sua visão, o princípio da censura prévia traz uma série de perigos, ao atentar contra os pilares básicos do sistema democrático, como a liberdade de expressão e de opinião. Liminar do Tribunal de Justiça do DF em ação movida por Fernando Sarney proíbe o jornal de publicar dados sobre a investigação da PF acerca de negócios do empresário, evitando assim que o ‘Estado’ divulgue reportagens já apuradas sobre o caso’ CAMPANHA José Roberto de Toledo Tucano testa discurso no rádio e na TV ‘Pressionado pelo PSDB e pelo DEM a definir sua candidatura, José Serra intensificou o teste de seu discurso de campanha em entrevistas a programas de TV e rádio nos últimos dias. Para impor sua agenda, ele precisa comparar-se a Dilma Rousseff, não a Lula, convencer o eleitor de que manterá os programas aprovados pela população e tirar o governo Fernando Henrique do debate. Ao mesmo tempo, os adversários fazem o oposto. O resultado será aferido por pesquisas quantitativas de intenção de voto e entrevistas com grupos de eleitores, as pesquisas qualitativas, encomendadas pelos partidos e comitês de campanha. Antes de avaliar a eficácia do discurso, dificilmente Serra se lançará candidato. Como o governador testa seu discurso? Como anotou a repórter Julia Duailibi, no Estadão, Serra, sempre que pode, diz que o eleitor deve comparar o currículo dos candidatos. Mesmo sem se referir diretamente a Dilma, ele assim procura mostrar que sua adversária é a ministra, e não Lula. Numa comparação direta, ele levaria vantagem pela experiência e trajetória. Enquanto governo federal e PT tentam fundir as imagens de Dilma e do presidente, colando-os em todas as oportunidades de aparição pública, o tucano procura agir como solvente. Até agora, a lenta mas constante evolução de Dilma nas pesquisas tem mostrado que essa cola é mais forte do que o discurso de Serra. O governador precisa afastar os temas que favorecem a candidata da situação. Por ora, a economia é um deles. Serra descarta o crescimento como mote da eleição e volta ao discurso do ‘candidato mais preparado’, como ele deve aparecer nas pesquisas qualitativas do PSDB. Ainda sobre os temas que lhe são indesejáveis, qualificou a comparação dos governos Lula e FHC como ‘contrabando’ na pesquisa CNT/Sensus. Esta semana, Serra escolheu dizer à rádio cearense Verdes Mares, para alcançar a população nordestina, que, se eleito, manterá o Bolsa-Família, que tem forte aceitação e influência no Nordeste. Seu discurso é dizer que, como prefeito, manteve os programas sociais petistas em São Paulo e, segundo ele, melhorou-os. O problema desse discurso é que ele cabe melhor na boca de um candidato da situação. O eleitor pode perguntar: se é para manter, por que mudar? A grande lacuna é uma agenda própria que cative o eleitorado. Falta uma bandeira que mobilize os eleitores e paute os debates. Sem ela, a tendência, diante do grau de aprovação de Lula, é a campanha virar plebiscito contra ou a favor de seu governo – tudo que a oposição não quer. * É jornalista especializado em reportagens com uso de estatísticas e coordenador da Abraji’ HONDURAS Efe Sede do Judiciário e TV são atacadas a bomba ‘Duas bombas explodiram na madrugada de ontem, em Tegucigalpa, quatro dias antes da eleição presidencial em Honduras. Uma delas foi lançada contra a Suprema Corte de Justiça e a outra contra o Canal 10 de TV, provocando apenas danos materiais. A polícia informou que a bomba lançada contra a sede do Judiciário é de fabricação russa. A polícia hondurenha também investiga um suposto plano para assassinar, no domingo, o presidente de facto Roberto Micheletti. Quatro suspeitos foram detidos ontem na cidade natal de Micheletti, El Progreso, acusados de porte ilegal de um fuzil com mira telescópica, modelo AK-47, além de equipamento de transmissão de rádio e computadores. O governo disse que não se pronunciará sobre o caso.’ GAFE Google pede desculpas a Michelle por foto ‘O Google pediu desculpas por uma imagem racista da primeira-dama dos EUA, Michelle Obama, que aparece no topo da lista quando os usuários buscam imagens dela no site. A empresa colocou um texto sobre a imagem intitulado ‘resultados de busca ofensivos’ e divulgou uma carta sobre o incidente. A Casa Branca não quis comentar o caso.’ EXCELÊNCIA GRÁFICA Estadão ganha prêmio de impressão ‘O jornal O Estado de S. Paulo ganhou, na terça-feira, o Prêmio Brasileiro de Excelência Gráfica Fernando Pini, na categoria jornais diários. ‘O prêmio é um reconhecimento à qualidade de nosso trabalho de impressão’, afirmou Odair Bertoni, diretor Industrial do Grupo Estado. Foram enviadas duas edições do jornal para concorrer ao prêmio, e ambas ficaram entre os cinco finalistas. Trata-se da oitava vez em que o jornal foi premiado. Promovido pela Associação Brasileira de Tecnologia Gráfica (ABTG) e pela Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf), o prêmio Fernando Pini está em sua 19ª edição.’ CRISE ‘Washington Post’ fecha escritórios ‘O jornal The Washington Post anunciou ontem o fechamento de três de seus escritórios nos Estados Unidos, em uma tentativa de atenuar os efeitos da crise econômica sobre suas finanças. Em seu site na internet, o diário informou que a medida afetará seis de seus correspondentes em Nova York, Los Angeles e Chicago, que serão alocados em novos postos na capital americana. A medida foi anunciada após quatro rodadas de reduções de pessoal e da combinação e redução das seções do diário. Em um comunicado dirigido aos funcionários, o editor executivo do jornal, Marcus Brauchli, disse que o periódico precisou concentrar seu ‘poder de fogo jornalístico’ em sua missão central de cobrir a capital do país. ‘O fato é que podemos cobrir efetivamente o resto do país desde Washington D.C.’, acrescentou o executivo. O grupo que edita o diário, The Post Co., e que inclui outras publicações, como a revista Newsweek, teve perdas de US$ 166,7 milhões nos três primeiros trimestres deste ano, assinalou o anúncio na internet. O problema ficou evidente para os leitores nos últimos meses, com a redução no número de páginas do jornal. No terceiro trimestre, a companhia elevou em 69% sua receita, em boa parte por causa das medidas de corte de custos. No marco de seu plano de austeridade, forçada por seus problemas econômicos, o jornal já tinha fechado seus escritórios em Austin (Texas), Denver (Colorado) e Miami (Flórida). WATERGATE Com circulação de mais de 582 mil exemplares, o Post é o quinto diário mais lido dos Estados Unidos em dias úteis, de acordo com o Audit Bureau of Circulations. Aos domingos, é o terceiro jornal mais lido, com vendas de 822 mil exemplares. Diferentemente de outros grandes concorrentes, como Wall Street Journal e The New York Times, sua distribuição é em boa parte limitada à região metropolitana de Washington.Mesmo com essa limitação, é considerado uma das publicações mais importantes e influentes dos EUA. Ganhou também grande prestígio internacional na década de 70, com a cobertura do caso Watergate, que acabou provocando a renúncia do presidente Richard Nixon.’ TELEVISÃO Keila Jimenez Enganaram o Rei ‘Tem alguém mais arrasado que Helena (Taís Araújo) com o destino da própria em Viver a Vida, da Globo? Sim, Roberto Carlos. Segundo fontes ligadas ao cantor, o Rei, que tanto custou em liberar para a novela A Mulher Que Eu Amo, música-tema do casal Helena e Marcos (José Mayer), estaria arrependido de embalar o romance, que agora vai de mal a pior. É justamente esse o problema. Noveleiro assumido, o Rei ficou chateado com o desenrolar da história da protagonista, trama que em tão pouco tempo já teve traição, separação e um rio de lágrimas. Apesar de inédita para o público, A Mulher Que Eu Amo já existia antes de a novela estrear, e ao cair nas mãos da Globo, prontamente foi parar na novela. Acontece que Roberto não estava satisfeito com a gravação, queria refazê-la, ameaçando a entrada da canção na trilha sonora da novela. Com jeitinho, convenceram o cantor de que a música estava ótima e que ela embalaria um romance daqueles. Só que a felicidade acabou depois da curva. Para tristeza do Rei, o hit segue no ar, embalando as lamúrias de Helena e, mais adiante, as de Marcos, até sumir da trama. Não se pode enganar a realeza.’ ************