Anúncios publicitários temáticos que aparecem ao lado de e-mails podem estar com os dias contados na Europa. Preocupados com a questão da invasão de privacidade, reguladores da União Européia darão início, em breve, a uma investigação sobre a publicidade online personalizada, noticia Astrid Wendlandt [Reuters, 23/11/07]. ‘Este é um assunto que será debatido por nós no ano que vem’, promete Gabriele Loewnau, conselheira legal da Comissão Federal Alemã para Proteção de Informações.
A Alemanha preside um órgão de consulta da UE para temas de proteção de dados, conhecido como grupo de trabalho do Artigo 29. Algumas de suas recomendações influenciaram a obrigação imposta pela Comissão Européia ao Google, obrigando-o a reduzir para 18 meses o tempo em que armazenava informação sobre as pesquisas dos seus usuários. Quando um internauta realiza uma busca no Google, as informações ficam retidas através de arquivos chamados ‘cookies’ e podem ser passadas para anunciantes.
Lucro de menos
As grandes empresas de mídia não gostaram muito da idéia, tendo em vista que, para elas, este tipo de publicidade funciona como uma poderosa fonte de lucros. ‘A publicidade personalizada será uma grande ferramenta para nós, pois irá aumentar a renda gerada por cada usuário’, afirma Jean-Bernard Levy, executivo-chefe do grupo de mídia e telecomunicações Vivendi. Em agosto, o sítio de compartilhamento de vídeos YouTube lançou um novo tipo de anúncios personalizados – banners que aparecem na parte inferior dos vídeos, relacionados ao seu conteúdo. ‘Isso significa um crescimento significativo nos lucros, pois poderemos cobrar a mais pelos anúncios’, revela Patrick Walker, diretor de parcerias de vídeos do YouTube na Europa.
Os anúncios online são o segmento que mais cresce na indústria publicitária, registrando aumento de mais de 25% ao ano, ou mais que cinco vezes o crescimento médio anual da publicidade em todas as outras mídias juntas. Analistas estimam que de 6 a 7% dos gastos com anúncios são destinados à internet.
Mais privacidade
Os internautas já demonstraram não estar dispostos a ter sua privacidade invadida aos usar serviços online. Recentemente, 13 mil usuários da rede de relacionamentos Facebook assinaram uma carta em protesto contra seu novo sistema de publicidade – que informa os membros sobre compras realizadas por seus amigos na internet. Os internautas podem optar para que suas transações comerciais não sejam divulgadas, mas críticos advertem que esta possibilidade não é claramente explicitada.
Alguns usuários ameaçaram sair do Facebook, alegando que seus amigos podem acabar descobrindo, por exemplo, o que vão ganhar de Natal. ‘Sítios como o Facebook estão revolucionando o modo como nos comunicamos na democracia do século 21. Mas precisamos ter certeza que o direito à privacidade dos usuários está acima das necessidades dos anunciantes’, diz Adam Green, porta-voz do grupo MoveOn.org, que organizou a petição.