A organização Repórteres Sem Fronteiras anunciou esta semana os vencedores do prêmio Repórteres Sem Fronteiras – Fondation de France. A premiação homenageia anualmente, desde 1992, um jornalista, um veículo de comunicação, um ativista pela liberdade de imprensa e um ciberdissidente. Os vencedores, escolhidos por um painel internacional com 35 juízes, ganham 2.500 euros, cada.
Em 2007, o jornalista Seyoum Tsehaye, da Eritréia, foi escolhido como o ‘jornalista do ano’. Preso desde setembro de 2001, Tsehaye exemplifica o ‘catastrófico’ estado da liberdade de imprensa no país africano. Não se sabe onde ele foi detido ou como está de saúde; sua família nunca pôde visitá-lo, assim como um advogado, e ele nunca recebeu acusações formais. Pelo menos quatro jornalistas morreram em penitenciárias locais nos últimos anos. A RSF culpa pela situação o governo do autoritário presidente Issaias Afeworki, no poder desde 1993.
Brutalidade e censura
A ONG Observatório de Liberdade Jornalística, no Iraque, foi homenageada por seu ‘papel vital’ ao denunciar atos de violência contra jornalistas. Fundada em 2004 por pessoas que já foram, elas próprias, vítimas de brutalidade policial e decidiram unir forças para ajudar outros profissionais de imprensa, a organização se tornou uma das fontes de informação mais confiáveis sobre violações da liberdade de imprensa no Iraque. A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) também recebeu indicações nesta categoria.
O blogueiro egípcio Kareem Amer foi o vencedor na categoria ciberdissidente. Aos 23 anos de idade, Amer foi sentenciado a quatro anos de prisão por criticar em seu blog o presidente Hosni Mubarak e a influência islâmica nas universidades do país.
Cobertura e campanha
A emissora de rádio e TV Voz Democrática da Birmânia recebeu o prêmio de meio de comunicação por ter sido um dos veículos midiáticos mais confiáveis durante a crise no país, há alguns meses. A estação, com sede na Noruega, foi fundada em 1992 por um grupo de estudantes pró-democracia que haviam escapado dos massacres de 1988. Com uma equipe de jornalistas trabalhando em sigilo, a Voz conseguia enviar conteúdo jornalístico para fora de Mianmar por passageiros de avião, diplomatas ou, quando era possível, por e-mail.
A meses das Olimpíadas de Pequim, a organização concedeu um prêmio especial a Hu Jia e Zeng Jinyan, ativistas dos direitos humanos que atualmente se encontram em prisão domiciliar na China. Eles fazem campanha para que o governo realize mudanças democráticas no país antes da abertura dos Jogos, inclusive libertando todos os jornalistas e ciberdissidentes presos por simplesmente expressar suas opiniões.
A premiação anual tem como objetivo alertar a opinião pública para os ataques ao direito de informar e ser informado em todo o mundo e para a necessidade de apoiar ativamente uma imprensa livre. Informações do sítio da RSF [5/12/07].