ETANOL
A Economist concorda com Fidel. E agora?, 7/12
‘Fidel falou que o aumento da produção de etanol iria causar fome no mundo e foi chamado de louco.
A Economist, bíblia do liberalismo econômico, divulgou ontem um editorial descendo a lenha no crescimento de etanol feito a partir de milho (padrão nos Estados Unidos). Diz que isso vai causar uma alta mundial no preço dos alimentos.
O impacto vai ser sentido também em outros produtos, uma vez que os fazendeiros americanos estão migrando para este grão em detrimento de outras commodities, haja visto que os subsídios disponíveis são mais altos. De acordo com a revista, concorrência desleal com os produtores do terceiro mundo.
As alternativas não são das melhores. A Economist lembra que boa parte das novas terras estão em locais remotos do Brasil, Rússia, Cazaquistão, Congo e Sudão – o que significa botar abaixo florestas. Isso em um momento em que se discute a preservação de cobertura vegetal na reunião sobre o clima em Bali, para tentar diminuir o impacto do – irreversível – aquecimento global.
E com o aumento da temperatura mundial, diminui também a quantidade de terras aráveis – inclusive no Brasil.
Mas nossa cana não é tão verde como apontam seus defensores quando comparada com o milho.
A demanda por etanol está levando a uma busca incessante por terras para plantar cana em locais de agricultura consolidada, expulsando outras culturas em direção ao Cerrado e à Amazônia. Em Goiás, por exemplo, é visível a disputa entre cana e soja. Nessa briga, quem sai perdendo é o meio ambiente e as populações tradicionais. Isso sem contar os trabalhadores, que vêm sofrendo com a superexploração e o trabalho degradante em canaviais. Em São Paulo, há laranjal sendo colocado abaixo para dar lugar à cana.
E o pior é que vamos dispor de terras que são destinadas à alimentação para produzir mercadorias cujos lucros não serão nem de longe divididos pelos trabalhadores. Dessa forma, eu me pergunto: crescer para quê? Se ainda assim os cortadores de cana fossem tratados com dignidade no país, vá lá. Mas as mais de 20 mortes de bóias-frias só no principado paulista, devido à exaustão do corte da cana, e a situação de miséria das cidades de aliciamento (ops, desculpe), contratação de trabalhadores, no Nordeste mostram que não é bem assim que as coisas acontecem.
Agora que a Economist concorda com Fidel, como disse um amigo, será que os arautos do liberalismo também vão chamar a revista de louca?’
TRABALHO ESCRAVO
Repórter Brasil lança boletim sobre pacto contra escravidão, 6/12
‘Chega aos correios eletrônicos das mais de 130 empresas, associações e entidades setoriais do país, nesta semana, a primeira edição do boletim semanal sobre o Pacto Nacional da Iniciativa Privada pela Erradicação do Trabalho Escravo. O conteúdo enviado está disponível no site www.pactonacional.com.br.
O boletim reúne informações sobre novas adesões, agendas e debates relativos ao Pacto, bem como atualizações da ´lista suja` do trabalho escravo – cadastro de empregadores que foram flagrados explorando esse tipo de mão-de-obra, elaborado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
Notícias e dicas de conteúdo de referência (estudos, pesquisas, teses, etc) sobre as cadeias produtivas nas quais a prática do trabalho escravo tem sido mais freqüente – como nos segmentos de carne bovina, produção de carvão vegetal, soja, algodão e álcool combustível – compõem a newsletter semanal.
Está previsto ainda a publicação de painéis sobre os esforços, os caminhos e as vantagens – sem esquecer das dificuldades – para a promoção do trabalho decente, no Brasil e no mundo. O conteúdo do boletim busca problematizar questões socioambientais e trabalhistas que sejam relevantes para a tomada de decisões estratégicas por parte dos signatários do Pacto Nacional.
Também faz parte do boletim uma seção de clipping comentado com material divulgado pela imprensa sobre o tema. Será dado espaço para análises sobre políticas públicas e corporativas, com informes e avaliações sobre ações adotadas por governos e empresas (brasileiras e estrangeiras) no sentido de combater o trabalho escravo contemporâneo e o trabalho degradante.’
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