Wednesday, 27 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

A los brothers de Brasil

E lá vamos nós para intermináveis meses molestos e de angústia com toda mídia falando através de um dialeto particular dos ditos brothers e sisters. É verão e a líder do país entre as emissoras de TV recorre ao infalível BBB, edição 9. Sempre recorde em todos os números, mas desta vez parece que por fim o povo brasileiro ou uma parcela um pouco maior dele encontrou mais o que fazer. Segundo nota da Folha Online:

‘A nova edição do reality show Big Brother Brasil registra os menores índices de audiência desde seu surgimento, em 2001, informa a coluna Ooops! do UOL.’

O programa da Endemol Globo registra queda na audiência desde 2004. Nas últimas cinco edições, a média comparada caiu de 47,5 pontos para 32, ou seja, apresentando uma redução de 33% no número de telespectadores, segundo o colunista.

Mesmo assim, o programa ainda é líder isolado em seu horários e do ponto de vista comercial talvez seja o produto mais rentável e lucrativo da emissora, segundo a Ooops!. A coluna informa que a receita estimada para este ano gira em torno de R$ 110 milhões.

TV aberta faz estragos

Pensando pelo lado positivo, é uma forma de aumentar o PIB do país, pois afinal quase todos os anunciantes são multinacionais. Entretanto, parte da rende vai para a Holanda, onde fica a sede da Endemol. Tentei ver algo positivo no BBB 9, mas analisando bem fica difícil. Ao menos para mim, que me sinto totalmente agredido ao ter contato com pessoas medíocres e chego a pensar que graças às pessoas podres é que as pessoas decentes neste país passam a perder a esperança em ter êxito, sendo pessoas de caráter. E dentro deste estratagema sócio-cultural, um dos ápices é este programa não ser proibido judicialmente de estar no ar.

Agora, muitos dirão, as pessoas não estão à frente da TV porque o verão está muito intenso em suas médias de temperatura. Mas com a crise que o bolso do brasileiro vem passando na última década, onde seus ganhos foram ano a ano se sucateando na surdina após o perverso Plano Real, que embora se diga que não haja inflação nenhum preço está próximo do que fora em sua instalação.

A diversificação de opções na TV aberta paulatinamente está fazendo estragos à inabalável poderosa. É notado que a soma das outras emissoras ainda na média por dia seja menor que o índice da líder. Mas fato também é de que nos períodos noite e manhã são os mais homogêneos das últimas três décadas.

Especialistas em BBB

Concordem ou não, a qualidade na Vênus Platinada é algo que há anos se passou a questionar, perdeu a áurea de santa intocável. A coluna ‘Zapping’, do jornal Agora, trouxe em sua edição do dia 26 deste mês um comentário inocente, mas que mostra esse desleixo e falta de cuidado de produção antes impensado:

‘Trânsito

Motoqueiros usam capacetes brilhando, de tão novinhos, com selo do Inmetro e tudo, em plena Índia, na novela ‘Caminho das Índias’.’

Mas até o Globo Repórter mostrou, na semana passada, antes de a novela estrear, que não há regras no trânsito da Índia. Ninguém respeita nada. É uma loucura.

Em Caminho das Índias, Ísis Valverde reencarnou a personagem de Beleza Pura.

Entre não atores, desleixo de produção e mesmices, os telespectadores não podem ser culpados em buscar alternativas dentro da falta de alternativas da TV brasileira. Com a exceção de Sonia Abrão e Luciana Gimenes, que farão essa tortura maior perante os BBBs, pois se não bastassem os atuais na poderosa, elas fazem ressurgir os velhos de outras edições. São os especialistas em ser BBB, analisando os novos e inexperientes BBBs, como se precisasse mais que 40 de QI para ser BBB. Nestes momentos, creio que uma frase antiga que proferi há seis ou sete anos se faz necessária: ‘Quer ser valorizado no Brasil? Seja podre e imbecil!’. Ou siga este lema ou sofra as conseqüências da atual sócio-cultura.

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Ator, diretor teatral, cantor, escritor e jornalista