Leia abaixo a seleção de quinta-feira para a seção Entre Aspas.
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Veja Online
Quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009
10 ANOS
Diogo Mainardi
A quarta dose de rum
‘‘Uma revista semanal é como um convidado fixo para jantar’, disse Jon Meacham, diretor da Newsweek. ‘Às vezes, é a pessoa mais deliciosa do mundo; outras vezes, se embebeda e vomita em cima da gente’.
Minha coluna está completando dez anos nesta semana. Depois de dez anos, me acostumei à ideia de ser a quarta dose de rum oferecida por VEJA. Aquela dose de rum que, ocasionalmente, faz entornar o jantar ingerido nas demais páginas da revista.
A Newsweek acaba de anunciar seus planos para tentar sair do buraco. De acordo com o New York Times, que também está tentando sair do buraco, um dos planos da Newsweek é ‘apostar pesadamente em jornalistas de renome, figuras conhecidas da TV assim como da página impressa, como Fareed Zacharia e Christopher Hitchens’. Isso é bom para mim. Eu sou uma figura conhecida da TV, assim como da página impressa. Mas é bastante peculiar que, num momento como este, em que qualquer abestalhado pode publicar na internet seus palpites sobre qualquer assunto, palpiteiros profissionais sejam vistos como uma saída para a imprensa, torpedeada pela própria internet. Qual é meu palpite profissional sobre o assunto? Meu palpite profissional é que os abestalhados sempre ganham.
A Newsweek concorda que os abestalhados sempre ganham. Por isso, seu plano, de agora em diante, é perder leitores, em vez de ganhá-los, passando dos atuais 2.600.000 assinantes a apenas 1.500.000 em janeiro do ano que vem. Mas o ideal, pelas contas de sua diretoria, é continuar perdendo até atingir 1.200.000 assinantes: os melhores, os mais bem educados, os mais bem informados, os de maior poder de compra. O resto? O resto pode ler os palpites dos abestalhados, publicados gratuitamente na internet. O futuro da imprensa é se transformar num antisspam, capaz de bloquear o rebotalho da internet, que invade os computadores com seus esquemas criminosos, com sua publicidade indesejada e com seus comentários imprestáveis.
Dez anos depois de publicar minha primeira coluna, a imprensa corre o risco de desaparecer. Nunca pensei que eu pudesse produzir esse efeito. Em meu artigo de estreia, relatei a viagem que acabara de fazer à tribo dos índios uaiuai, no meio da Amazônia. Naquele artigo, citei um trecho de Tristes Trópicos, em que Claude Lévi-Strauss dizia que ‘a função primária da comunicação escrita foi facilitar a servidão’. Usei essa ideia para defender debochadamente o analfabetismo, concluindo: ‘Se Lévi-Strauss estava certo ao dizer que a comunicação escrita apenas reforçava a servidão, somos o país mais livre do mundo’. O analfabetismo infelizmente foi derrotado. Agora todos os uaiuai publicam seus palpites abestalhados na internet. Quer mais uma dose de rum?’
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Folha de S. Paulo
Quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009
OBAMA E A CRISE
As virgens e a trombose
‘SÃO PAULO – Começo a temer que o companheiro Fidel Castro venha a tomar o meu lugar como colunista. Afinal, bem na frente de todo o mundo, o inoxidável líder cubano (os cronistas esportivos maldosos diriam ex-líder em atividade) afirmou sem pestanejar que o recém-instalado presidente Barack Obama já perdera a virgindade.
É verdade que Fidel errou na virgindade perdida. Aludia aos problemas com impostos de vários integrantes do primeiro e do segundo escalão da nova administração norte-americana. São problemas, sem dúvida, mas nada que se compare com a virgindade destroçada do petismo aqui no Brasil.
Onde a virgindade de Obama começa mesmo a perder-se é no desafio econômico. De alguma maneira, e em linguagem obviamente mais polida e técnica, Martin Wolf, principal colunista do ‘Financial Times’, e Vinicius Torres Freire, que se vai tornando o Martin Wolf tupiniquim (em termos de competência, não de compartilhamento de ideias), disseram ontem a mesma coisa: Obama ainda não achou o ‘ippon’ que derrubaria a crise de uma boa vez.
Por isso, vai-se diluindo aquela sensação -difusa, como toda sensação, mas muito presente- de que, já no dia 21 de janeiro, 24 horas depois da posse, Obama reergueria os Estados Unidos e içaria o mundo com eles.
Pior: não aparece, em lugar nenhum do mundo, um hímen devidamente preservado. A rigor, estamos hoje como estávamos em setembro, o mês em que quebrou o Lehman Brothers, episódio arbitrariamente tomado como o início do fim dos tempos.
Ninguém conseguiu desentupir as veias do sistema financeiro, vítimas de ‘trombose’ na descrição de Christine Lagarde, a ministra francesa de Economia. Sem essa ação, tudo o mais vai continuar girando em falso e não sobrarão virgens nem no paraíso.’
TODA MÍDIA
Dezembro ou janeiro
‘O ‘Wall Street Journal’ deu reportagem de Antonio Regalado e outros, dizendo que a ‘desaceleração atinge os emergentes’. Ressaltou como ‘demonstração da mudança na fortuna’ dos emergentes a queda na produção industrial de dezembro do Brasil, com dados tirados das manchetes daqui. Já a Reuters Brasil destacou ontem que a ‘produção industrial de São Paulo sobe em janeiro, após três meses de queda’. Mas pouco ecoou por aqui.
COMMODITIES…
O ‘WSJ’ foi à Argentina mostrar como o ‘mergulho das commodities atinge as economias latino-americanas’. Concentra-se na soja, cujo preço caiu desde julho e, no país, enfrenta ‘a pior seca em 70 anos’. Aborda também o Brasil, que ‘paga preço pesado por depender de recursos naturais como soja e ferro’ para exportar.
OU COMMODITIES
Mas o mesmo ‘WSJ’ volta a defender investimento nos emergentes, Brasil à frente, hoje ‘em posição bem melhor que em crises passadas’. E o site da ‘Forbes’ postou longa ‘análise’ da Reuters, enviada de Chicago e intitulada ‘Brasil deve herdar vendas de soja da Argentina atingida pela seca’. Era o topo das buscas de Brasil no Google News, no fim do dia.
BANCOS…
O UOL manteve ao longo da tarde a manchete ‘Bancos da América Latina já sentem mais a crise’. Do Brasil, destaca-se um aumento nas ‘taxas de calote sobre empréstimos’. Mas nada de ‘pressões sistêmicas’, segundo a reportagem, nem de prognósticos de ‘prejuízo’.
OU BANCOS
Nos EUA, o site financeiro Zacks voltou a postar relatório sobre o Brasil, anunciando agora os ‘primeiros sinais de recuperação’. Diz que o sistema bancário ‘não foi atingido pela crise internacional’ e saúda que o crédito ‘voltou a crescer’, como anunciado pelo Banco Central. ‘Um bom sinal’ da recuperação do crédito é a ‘reação da indústria automobilística’, que cresceu em janeiro depois de cinco meses.
IRA
Na manchete on-line do ‘Financial Times’, ‘Banqueiros encaram ira do Congresso’. Do ‘WSJ’, ‘Banqueiros garantem que estão emprestando’. Eram Citigroup, Bank of America e outros, se explicando para os congressistas
ESPIRAL PROTECIONISTA
O site do ‘FT’ abriu a seção ‘Protecionismo’, para seguir o tema ‘em profundidade’. No destaque do dia, ‘Itália alerta para espiral protecionista’. Presidindo o G8, o país teme que, ‘se os Brics não puderem entrar no mercado americano’ de aço, ‘vão invadir a Europa’. Já Pascal Lamy, da Organização Mundial de Comércio, avaliou no ‘Washington Post’ que ‘a situação ainda está sob controle’ e saudou Obama e Lula ‘por resistirem à pressão protecionista de industriais e legisladores’.
ÓDIO
Ecoou nos sites no fim do dia e acabou virando manchete do ‘JN’ a história da brasileira atacada e marcada por neonazistas da Suíça, em aparente episódio de xenofobia
OBAMA & AMÉRICA LATINA
Na manchete do site Stratfor, de ‘previsões estratégicas’, uma longa análise sobre ‘A administração Obama e a América Latina’. Avalia que as relações ‘decaíram’ sob Bill Clinton e George W. Bush e ‘Obama pode não ser capaz de estabelecer uma política ampla’, limitando-se ao ‘diálogo diplomático’. Diz que ‘o clima político’ nos EUA não deve ‘permitir concessões na questão mais importante para o Brasil: comércio’. E a incapacidade dos EUA de se integrarem ‘abre oportunidade para o Brasil avançar como líder na região’. Mas entre especialistas em política externa, caso de Cynthia McClintock, em depoimento ao Congresso postado ontem, segue a pressão para o país ‘melhorar as relações’, a dois meses da Cúpula das Américas.
‘CRAZY’ FIDEL
Huffington Post, Gawker e outros sites americanos exploraram comicamente a ‘bizarra’ coluna de Fidel Castro no ‘Granma’, em que ele especula de forma desencontrada sobre a origem do sobrenome Emanuel, do chefe de gabinete de Obama.
OS TRÊS BISPOS
‘NYT’ e outros pelo mundo reproduziram reportagem especial da Reuters, em Abaetetuba, sobre a rotina perigosa de três bispos estrangeiros ligados à Teologia da Libertação e que seguem em ação no Pará, mesmo depois de ameaçados de morte.’
DÍVIDA
Rádio via satélite estuda concordata
‘A rádio via satélite americana Sirius XM, que tem cerca de 20 milhões de assinantes, estuda pedir concordata, de acordo com o ‘Washington Post’. A empresa, ainda segundo o jornal, enfrenta dificuldades para conseguir pagar uma dívida de US$ 175 milhões que vence na semana que vem.
Considerada altamente promissora na época do seu lançamento, em 2002, a rádio nunca teve lucro e vem perdendo assinantes com a crise econômica. Com a possível concordata, as suas ações recuaram 51,71% ontem.’
TELEVISÃO
‘BBB 9’ terá dois novos participantes hoje
‘Dois novos participantes entrarão em ‘Big Brother Brasil 9’ às 13h de hoje, quase um mês após o início do reality show e depois de cinco eliminações.
Os novos jogadores, um homem e uma mulher, ficarão até domingo dentro de uma ‘casa’ de vidro no quintal do confinamento da Globo. O público votará se eles se juntarão ou não aos demais participantes.
Se a decisão for pelo ‘sim’ (a expectativa é essa), será a primeira vez que ‘BBB’ admite participantes com o jogo em andamento. Nessa hipótese, eles entrarão com informações privilegiadas sobre os demais.
‘Estamos colocando pimenta na receita’, diz J.B. Oliveira, diretor-geral de ‘BBB’, sobre a última novidade do reality -que já inovou em 2009 com uma casa de vidro em um shopping e um quarto todo branco.
Um dos novos participantes tem 32 anos, três filhos, é do interior de São Paulo e disputou uma vaga pelo ‘Mais Você’. ‘Ele é bonachão, atrapalhado, um figuraça. Se alguém na casa acha que está fácil ganhar, vai ter trabalho’, diz Boninho.
A outra participante, Maíra Cardi, 27, tem farto material sensual na internet. Já foi apresentadora da Record em Cuiabá e venceu um concurso de mãe mais bonita no ‘Domingo Legal’. Sua função em ‘BBB’ será incomodar as ‘gostosas’.
Segundo Boninho, até domingo nem os novos participantes nem os antigos ‘saberão direito o que está ocorrendo’.
CESTA 1
A Globo já entrou com ação judicial contra a contratação do ex-jogador de basquete Oscar Schmidt pela Record, onde será ‘embaixador olímpico’ -o que foi anunciado anteontem. E, em decisão proferida no último dia 5, a juíza da 45ª Vara Cível do Rio de Janeiro concedeu liminar à Globo, obrigando Oscar a cumprir contrato até 2011. Cabe recurso.
CESTA 2
Nos bastidores do jornalismo esportivo da Globo, o comentário é de que a emissora só foi à Justiça pela política interna de que todo contrato deve ser cumprido. A participação de Oscar como comentarista na Olimpíada de Pequim foi considerada um desastre. Desde então, não vinha sendo aproveitado pela emissora. Oscar não atendeu às ligações da coluna.
15 MINUTOS
Com o final do horário de verão, no próximo domingo, a Globo fará pequenas mudanças em sua grade. O ‘Jornal Nacional’ voltará para as 20h15, mas as novelas das seis e das sete continuarão entrando no ar mais tarde do que usualmente.
REDE LULA
O Ministério das Comunicações concedeu ontem três emissoras de rádio à EBC, a empresa que controla a TV Brasil, a TV pública federal. As futuras FMs serão em Imperatriz (MA) e Tucuruí (PA) e Porto Velho (RO).
BOLA MURCHA
O amistoso da seleção brasileira rendeu só 23,6 pontos à Globo anteontem. É quase a mesma audiência que as novelas das seis e das sete vêm registrando no horário.’
Folha de S. Paulo
Série traz moda artesanal de Villaventura
‘Na última edição da São Paulo Fashion Week, em janeiro, o estilista paraense Lino Villaventura levou à passarela uma coleção só com looks pretos. Mas o que vemos no programa que traça um retrospecto sobre seu trabalho, exibido hoje pelo Fashion TV dentro da série ‘Nomes da Moda’, são inúmeras cores.
Lino, 57, trocou Belém por Fortaleza ainda jovem e, como tantos outros estilistas, começou a criar quase sem querer. Sem dinheiro para comprar um presente para a então namorada, a hoje empresária Inez Villaventura, costurou um colete, que já trazia os bordados, os pingentes e a estampa tie dye, que são marca do seu trabalho artesanal, pouco afeito a uma moda comercial. ‘As pessoas se escondem atrás de uma t-shirt e um jeans’, diz Lino.
Depois do colete e a pedidos de amigos, Lino começou a costurar outras peças e assim caminhou para a profissionalização de sua moda. Entre imagens de desfiles e entrevistas com Lino e seus colaboradores, o programa ouve especialistas em moda, que são unânimes em afirmar como ele segue sua própria moda, longe das tendências internacionais que pautam tantos outros estilistas.
NOMES DA MODA – LINO VILLAVENTURA
Quando: hoje, às 22h30, e domingo, às 11h
Onde: Fashion TV
Classificação indicativa: não informada’
DOCUMENTÁRIO
Michael Moore recruta Wall Street
‘O documentarista Michael Moore está atrás de executivos de Wall Street para seu novo filme. Ele fez a convocação ontem, por meio de mensagem enviada para quem se inscreveu em seu site (www.michaelmoore.com). Moore promete sigilo para quem dividir com ele informações sobre abusos no centro mundial das finanças que ‘o povo americano precisa saber’.’
200 ANOS
Sylvia Colombo
Inglaterra faz festa para Darwin
‘Depois de passar os últimos anos como pivô de um violento debate entre ateístas e seus opositores, discussão sobre a qual não teve interesse direto em vida, Charles Darwin finalmente terá uma festa que celebrará sua principal obra.
‘A Origem das Espécies’ (1859), está no centro das comemorações da efeméride de 200 anos do naturalista, nascido em 12 de fevereiro de 1809.
Nela, o cientista britânico expôs o que muitos consideram ser a principal ideia científica da história, a de que os seres vivos mudam para adaptar-se às condições do ambiente ao longo dos tempos, por meio do processo de seleção natural.
O lançamento, hoje, em Londres, de uma reedição ilustrada pelo britânico Damien Hirst, artista contemporâneo que realiza obras com animais, dá início a uma intensa programação que se estenderá até o final do ano. Já em Oxford, haverá um debate entre o evolucionista Richard Dawkins e o bispo Richard Harries.
Enquanto aqui a efeméride ainda não causa grande movimentação no mercado editorial, no Reino Unido novos estudos iluminam diversos aspectos da trajetória do cientista. Dois títulos se destacam.
O primeiro é ‘Darwin’s Island – The Galapagos in the Garden of England’ (a ilha de Darwin – Galápagos no jardim da Inglaterra), de Steve Jones. O geneticista mostra como passagens da vida pessoal do cientista influenciaram suas ideias.
Darwin (1809-1882), como muitos da típica família vitoriana de que fazia parte, casou-se com uma prima, com quem teve dez filhos, alguns com sérios problemas de saúde.
A partir dessas tragédias familiares, o cientista passou a refletir sobre a possibilidade de o cruzamento sexual entre parentes gerar prole deficiente.
O segundo é ‘Darwin’s Sacred Cause – How a Hatred of Slavery Shaped Darwin’s Views on Human Evolution’ (a causa sagrada de Darwin – como o ódio à escravidão moldou as ideias de Darwin sobre a evolução humana). Nele, os historiadores da ciência Adrian Desmond e James Moore ressaltam sua faceta abolicionista. Nenhum dos dois livros tem previsão de edição no Brasil.
Haverá também exposições e painéis em diversas universidades e cidades britânicas. À Folha Bob Bloomfield, que comanda o projeto Darwin200, disse que esses eventos vão privilegiar o legado científico de Darwin, e num segundo plano o impacto que causou em outras áreas. ‘A teoria da evolução provocou uma mudança tão radical no pensamento humano que se expandiu para as artes e outras áreas. Lastimável que hoje tenha sido mal apropriada e usada como instrumento em debates sobre moral filosófica, política e religião’, declarou.’
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O Estado de S. Paulo
Quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009
PROPAGANDA ENGANOSA
Como parecer amigo do presidente por R$ 30
‘Por uma fotomontagem com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, R$ 30. Caro? Não para dezenas de prefeitos, vice-prefeitos, assessores e vereadores, que viram ali o valor inestimável de um material de campanha. Tudo bem, era apenas uma montagem. Mas um assessor de prefeito deixou claro do que se tratava: ‘A gente escaneia e põe no jornal, como o povo vai dizer que não é?’
Do lado de fora do centro de convenções que reuniu, nos dois últimos dias, milhares de pessoas de todos os cantos do País, uma pequena empresa de fotografia digital encontrou uma ‘mina de ouro’: montou um estande oferecendo montagens de fotos com Lula de um lado e Dilma de outro. Bastava o candidato pagar, tirar uma foto com fundo branco e três minutos depois saía com o futuro material de propaganda nas mãos: sua imagem impressa entre o presidente e a ministra.
Na fila, os candidatos a amigos de Lula e Dilma vinham de todos os partidos, até da oposição. Alguns, mais constrangidos, afirmavam que usariam a foto apenas para guardar como lembrança do encontro em Brasília. A maioria, no entanto, admitia sem pudores que faria uso político da foto.
O prefeito de Timbiras (MA), Raimundo Nonato Pessoa (PT), achou uma boa justificativa: ‘Na eleição meus adversários diziam que eu era do partido do presidente, mas não tinha relação com ele, que não ia adiantar nada ser eleito. Estou levando para provar.’ Aparecida Panissaet, prefeita de São Gonçalo (RJ), contou que vai usar a foto em campanhas de divulgação em seu município. ‘Somos da base, precisamos mostrar que temos o apoio do presidente’, disse a prefeita, que é do PDT.
Antes de tirar a foto, as perguntas eram várias: se podia ampliar para fazer um banner ou outdoor, se dava para tirar a foto abraçando Lula e Dilma – impossível, já que na montagem só cabia o fotografado entre os dois -, se a foto da ministra era anterior ou posterior à plástica (o fotógrafo garantia que era recente).
Um dos assessores do prefeito Glimaldo Paiva, de Três Pontas (MG), já fazia planos: ‘Se a gente coloca no jornal ninguém vai perceber que é montagem’. Isso apesar de o recorte um pouco desastrado do cabelo da ministra e do braço do presidente darem sinais de que a amizade fotografada não era nada verdadeira.
A empresa, de Goiânia, é especialista em vender fotomontagens em festas, convenções, feiras e encontros. O dono, Silvano Júnior, diz que não é a primeira vez que faz montagens com o presidente. Sempre tem sucesso.’
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