Muita das vezes, os jornalistas esportivos são repetitivos e óbvios. Mas não deriva deste fato a eventual grosseria que Muricy apresenta nas coletivas de imprensa, após os jogos do São Paulo. O problema parece ser outro.
O técnico são-paulino não é uma espécie de Renato Gaúcho, que extrapola com os repórteres tanto nas derrotas, como nas vitórias. Prova disso foi que Muricy, no calor do tricampeonato, perdeu horas com a imprensa ao posar para as câmeras que captavam detalhes de suas férias no Guarujá. Até onde se sabe, ali o treinador não destratou nenhum repórter.
Parece, então, que Muricy tem problemas mesmo é com as derrotas. Aliás, ele não é o único a sofrer deste mal no Morumbi. Marco Aurélio Cunha, superintendente de futebol do São Paulo, ano passado minimizou o fato de seu time ter sido eliminado pelo rival Palmeiras, desviando as atenções para um possível spray de pimenta lançado no vestiário são-paulino.
Mais complacência
Naquele mesmo jogo, o sempre solícito Rogério Ceni (que costuma levantar a mão para pedir impedimento em quase todos os gols que toma) acertou um tapa na cara do chileno Valdivia quando a partida já havia sido decidida a favor do Palmeiras. Pior ainda, fez seu suplente, o goleiro Bosco. No mesmo Parque Antártica, em 2007, ele fingiu, grotescamente, ter sido atingido por uma pilha na cabeça.
O São Paulo, que nos últimos anos soube como nenhum outro clube vencer no futebol brasileiro, luta obstinadamente pelo posto de maior time do Brasil. Mas deveria saber que’maior’ é um adjetivo destinado aos grandes. E para ser grande, é preciso saber perder.
Quem sabe um pouco mais de complacência, nas coletivas, após as derrotas, seja um bom começo.
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Jornalista, Rio de Janeiro, RJ