Forças de segurança do Sudão fecharam o jornal al-Wan por tempo indeterminado, após terem sido publicadas informações militares que podem estar relacionadas a um ataque de rebeldes em Cartum no dia 10/5, em uma tentativa de derrubar o presidente. O diário, publicado em árabe, tem ligações islâmicas, assim como os rebeldes de Darfur responsáveis pelo ataque na capital, noticia Opheera McDoom [Thomson Reuters, 15/5/08].
O chefe de redação, al-Tayyib Farraj, diz não saber exatamente o motivo para o fechamento da publicação, mas acredita que a ação esteja ligada a um artigo sobre o sumiço de um avião militar logo após o atentado. Ele afirma que, no dia 14/5, agentes de segurança foram até o jornal com ordem de fechar a redação e confiscar todos os bens. Para Farraj, o fechamento foi injusto, porque censores sempre lêem o jornal antes de ele ser publicado. Há alguns meses, foram implementadas no país rígidas leis de censura. ‘Por meses, temos censura diária e nosso jornal não é impresso sem antes os censores terem lido a edição’.
O editor-chefe, Hussein Khojali, foi intimado para interrogatório na semana passada. Grupos de defesa de direitos humanos expressaram preocupação com as prisões em massa de pessoas de Darfur após o ataque em Cartum, que matou mais de 200 pessoas e expôs a vulnerabilidade da capital.
Ainda na semana passada, outro jornalista do al-Wan foi intimado, detido por um dia e interrogado sobre telefonemas feitos para o grupo rebelde de Darfur Movimento Justiça e Igualdade. O Movimento tem uma forte equipe ligada à mídia que geralmente entra em contato com jornalistas para lhes dar informações.