Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Folha de S. Paulo

VENEZUELA
Gustavo Patu

Chávez diz que ‘o império contra-ataca’, mas que ele não teme o ‘tigre de papel’

‘‘O império contra-ataca, como o filme’, dizia Hugo Chávez, referindo-se ao episódio da série ‘Guerra nas Estrelas’ em que as forças do mal se reorganizam para lutar contra os rebeldes vitoriosos do filme anterior.

‘Hoje saiu derrotado aqui o império’, prosseguiu, agora sobre a criação da Unasul e, obviamente, o império que produziu o filme, durante entrevista à TV estatal de seu país e à TV Educativa do Paraná, conduzida por Emir Sader, Fernando Morais e Carlos Alberto de Almeida.

Almeida perguntou se era coincidência a recriação da Quarta Frota dos EUA para atuar na América Latina. O contra-ataque do império, disse Chávez, está espalhado. São os protestos de ruralistas contra Cristina Kirchner, a oposição a Evo Morales, a morte de um líder das Farc, ‘assassinado enquanto dormia’, no Equador. ‘O objetivo foi frear o processo de integração da Unasul’, disse.

Mas o império, na frase de Mao Tsé-tung citada por ele, é um ‘tigre de papel’: ‘Não te tememos’. Ao final, a homenagem: ‘Soy loco por ti, América. Soy loco por ti, Brasil’. ‘Ele foi brilhante’, disse Almeida.’

 

NEPOTISMO
Andreza Matais e Adriano Ceolin

Ministro confirma que filho era funcionário-fantasma

‘O ministro Hélio Costa (Comunicações) divulgou ontem nota na qual confirma que seu filho Eugenio Alexandre Tollendal Costa não prestou nenhum serviço ao então senador Duciomar Costa (PTB-PA), prefeito de Belém, nem ao senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA).

Segundo o ministro, Eugenio trabalhou em seu gabinete quando era senador, ele não especificou quando, ‘para planejar, desenhar e abastecer’ sua home page.

Em conversa com a Folha, na quarta-feira, Eugenio disse que não estava lotado no gabinete do pai ‘por motivos óbvios’. A Folha revelou que, desde 13 de junho de 2003, ele é funcionário-fantasma no gabinete de Ribeiro, que vai exonerá-lo.

Costa disse que Eugenio ‘foi transferido do seu gabinete para o do senador Duciomar para prestar o mesmo trabalho’, mas o projeto não prosperou. Costa disse que não ‘tratou mais do assunto’ com Duciomar desde que saiu do Senado e que o filho decidiu pedir demissão porque ‘é um jovem de caráter irreparável’.’

 

ABUSO ONLINE
Walter Ceneviva

Anonimato criminoso

‘CONTINUAM CHEGANDO AOS tribunais questões relativas a abusos cometidos nos sistemas eletrônicos de comunicação via internet, com ofensas à honra e à dignidade de pessoas. O uso dos novos meios de divulgação para atingir inimigos, causando-lhes prejuízo com a difusão de informações falsas, agrava-se seriamente quando feito sob proteção de anonimato que lhes seja permitido.

Em nosso país, a questão vem claramente distinguida em duas partes fáceis de compreender. De um lado, como valor social indiscutível, está a liberdade plena da manifestação do pensamento. Não há democracia sem que essa garantia seja resguardada. De outro lado, como valor individual fundamentalíssimo, a preservação da vida, da intimidade, da imagem e da honra das pessoas.

Os dois segmentos, assegurados pela Carta Magna, têm, como um de seus elementos básicos, a proibição do anonimato. Quando se trata de comunicações destinadas ao público em geral, o anonimato nega o direito da vítima. Resulta em benefício danoso daquele que se esconde criminosamente, na certeza de que não será chamado a responder pelas conseqüências de sua ilicitude. Essa conduta é inaceitável.

Perde-se na noite do tempo a grita contra a divulgação anônima de ofensas ou de versões desairosas sobre pessoas ou grupos. Do mesmo modo, tem sido preservada a liberdade de emitir opiniões críticas, ainda que desagradem aos atingidos. O ponto do equilíbrio entre o direito individual e o direito geral é difícil de situar em cada caso, mas continua inaceitável quando, na atualidade, o sistema eletrônico, ao preservar seus clientes não identificados, garanta o anonimato do ofensor. Trato do tema depois de debate em mesa na Universidade Anhembi-Morumbi à qual compareceu, entre outros, Frederico Vasconcelos, expoente de nosso jornalismo investigativo em textos assinados por ele.

A imposição de revelar a identidade daquele que quis ocultar-se ao ofender a honra de alguém não viola o direito da livre manifestação. A divulgação ofensiva sem autoria conhecida é o oposto da democracia.

O governo do povo, pelo povo, seria impensável se, na amplitude dos ‘orkuts’ e dos blogs, a agressão da honra tivesse compatibilidade com o anonimato. Pensamento anônimo pode existir na divulgação, desde que não interfira na órbita do direito de terceiros.

Posta a mesma questão em face da ciência jurídica, sabe-se que o direito se destina a coordenar as relações interpessoais, para repetir a feliz frase de Del Vecchio. Coordenação pacífica, equilibrada. Essas qualidades não sobrevivem e são impossíveis de serem preservadas ao se unirem o emissor ofensivo e o meio que propicia a comunicação pública, oral ou escrita, eletrônica ou impressa, que proteja o autor de crime contra a honra, punido pela lei.

Onde, pois, o equilíbrio? Incluídos meios velhos e novos sob a designação de comunicação social, tomada como gênero, é imprescindível submetê-los aos mesmos critérios de clareza aceitos tradicionalmente. Não fosse assim, estaríamos privilegiando a irresponsabilidade dos anônimos em face dos que, no exercício profissional de serem comunicadores, são constantemente chamados a garantir o direito de resposta sob o risco de sanções penais e econômicas.’

 

ANTÔNIO CARVALHO (1946-2008)
WillianVieira

Voz que ecoava na madrugada da rádio

‘Os fãs se empertigaram na internet, em 2006, para arrancar do radialista Antônio Carvalho a resposta -quando voltaria, afinal, ao programa que embalara as madrugadas com sua ‘conversinha de pé de ouvido’? Não sabia.

Foi em Lavras (MG) que nasceu e começou no rádio, aos 13, na Cultura, até vir para São Paulo. ‘A sensação que tive quando estreei nos microfones da [rádio] Bandeirantes foi de estupor, de que eu estava no paraíso.’ Isso em 1969, no ‘Titulares da Notícia’ -lá sua voz grave passou a demorar-se no fim das palavras, como a fincá-las na memória dos fãs.

Fez um programa atrás do outro, do ‘Freqüência Balançada’ ao ‘Grande Sampa’, que abria o dia para muitos. ‘Tudo o que falo no ar tem um começo, meio e fim’, dizia. Mas era um fim cada vez mais espiritualista.

‘Se eu fosse falar o que falo hoje há dez anos, eu seria internado’, disse Carvalho. ‘Um dia eu disse algo no ar sobre quando vi o Sol, uma visão. Eu não vi o Sol, vi um arcanjo enorme.’ Já não era o mesmo, nem seus anseios ou sua saúde. Mas acreditava que a leucemia não o deixaria voltar ao rádio. Não deixou. Morreu sábado, aos 62.

Falaram da morte ao locutor que o substituiu no programa ‘Grande Sampa’. Ele tremeu. Dois dias depois exigiu que a vinheta na voz de Carvalho jamais fosse tirada do ar: ‘Prestação de serviço, informação na madrugada, começa agora Bandeirantes a Caminho do Sol’.’

 

LITERATURA
Marcos Strecker

O holandês voador

‘Poucos escritores viajam como o holandês Cees Nooteboom (a pronúncia é ‘seis nôtebôm’), nome recorrente entre os candidatos ao Prêmio Nobel e um dos principais convidados da Festa Literária Internacional de Parati (Flip), que vai de 2 a 6 de julho. Como Paul Theroux e Bruce Chatwin, ele transforma suas aventuras em literatura. Como Melville ou Joseph Conrad, foi marinheiro para conhecer o mundo. E como Peter Handke ou Robert Walser, usa suas jornadas como inspiração filosófica.

Seu último romance, ‘Paraíso Perdido’, que agora chega às livrarias, tem uma curiosidade. A personagem central (Alma) é uma brasileira, moradora dos Jardins, fã de Maria Bethânia, que inicia sua jornada espiritual para superar o trauma que sofre em São Paulo: um estupro na favela de Paraisópolis, depois que seu carro enguiçou.

Ela e a amiga Almut, descendentes de alemães, partem para realizar um sonho: conhecer a Austrália, onde Alma vira amante de um aborígene e tem um encontro efêmero com um crítico literário holandês (alter ego de Nooteboom). E é o crítico que encerra o livro, em Berlim, depois de ter reencontrado Alma em uma clínica na Áustria, por acaso.

Inspirado no poema épico de John Milton, Nooteboom também empresta do imaginário de Rilke a figura dos anjos, que povoam seu livro. É exatamente fantasiada de anjo, em uma intervenção teatral na Austrália, que Alma aparece para o holandês, como uma revelação.

Isso é o livro. Nooteboom, por outro lado, é terreno e cuidadoso ao comentar suas influências. Falando à Folha de Amsterdã, por telefone, evita citar os contemporâneos e diz que leu muito Borges, Proust, Ovídio e Homero. ‘Ninguém escreve sem ter ao menos cem escritores em suas mãos.’

Anjos

A figura do anjo tem uma inspiração real. Veio do ‘Angel Project’, que assistiu na cidade australiana de Perth, ao participar de um festival literário. ‘Isso realmente aconteceu. Você precisava percorrer a cidade e encontrar anjos. Acompanhei, em 2000, então foi fácil descrever. Usavam jovens e atores.’

O tema também tem, claro, um fundo religioso. ‘Tive uma educação católica. Anjos sempre estavam presentes’, diz. ‘Nós adoramos a idéia de anjos. Eles são uma necessidade para que exista amor.’

A visão de São Paulo também é concreta, resultado de várias viagens, a última pouco antes de escrever o livro, publicado em 2004. ‘Fiquei passeando de ônibus, para sentir a cidade, que é enorme.’ Nooteboom conhece o Brasil desde o final dos anos 60. Já esteve em Manaus, Brasília e no Rio. ‘Não posso dizer que ‘conheço’ o país. Mas, como falo espanhol, consigo entender textos em português.’ (‘Eu naum fálo portugueishh’, emenda.)

‘Me perguntam como alguém com a minha idade pode se colocar no papel das jovens. Mas é ficção, eu achei perfeitamente plausível que duas jovens brasileiras, com uma certa educação, estivessem interessadas no imaginário dos aborígenes. Estive na Austrália várias vezes. Para mim não é difícil imaginar duas garotas em um país muito distante. E a idéia da perda de inocência em diferentes perspectivas me atraía. A Austrália é um exemplo disso, onde uma civilização de 40 mil anos também perdeu a inocência’, afirma.

Viagem

E como relatos de viagem se transformam em literatura? ‘No meu caso foi simples. Eu sempre viajei, desde os meus 17 anos. Isso aparece nos meus livros sem soar artificial, incluindo ‘Paraíso Perdido’. Minha vida tem a ver com viagem.’

O interesse pela aventura já o levou a todo o mundo, começando pelo Suriname, nos anos 60, como marinheiro. A paixão pela Espanha virou livro (‘Caminhos para Santiago’). E as jornadas por Berlim inspiraram uma de suas principais obras, ‘Dia de Finados’, que trata da ausência.

Já ‘Tumbas de Poetas y Pensadores’ (ed. Siruela, 264 págs., 42, R$ 107 mais frete), publicado na Espanha, traz textos dele e fotos da mulher, a fotógrafa Simone Sassen, abordando os túmulos pelo mundo de escritores famosos, como Thomas Mann, James Joyce e Pablo Neruda. No Rio, os dois registraram os túmulos de Machado de Assis (que ele conhece) e de Carlos Drummond de Andrade (que conhece muito).

As respostas de Nooteboom explicam muito da sua obra. Híbrida, é ao mesmo tempo sofisticada, prosaica, fluente, lírica e repleta de referências.

Ele trabalha atualmente em dois livros. Um de contos, outro com relatos de viagem que inclui suas mais recentes aventuras: no sul da Argentina, na Índia e no remoto arquipélago norueguês de Svalbard, próximo ao pólo norte. E, claro, talvez Paraty, para onde segue em julho, antes de seguir para Salvador (‘a parte mais africana do Brasil’).’

 

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Crítico literário notifica editora em caso de plágio

‘O crítico Luiz Costa Lima está notificando extrajudicialmente a editora Nova Cultural pelo plágio de uma tradução de ‘O Vermelho e o Negro’, clássico de Stendhal. A sua tradução, publicada pela ed. Brughera em 1969, foi reeditada pela Nova Cultural, que atribuiu a tradução a Maria Cristina F. da Silva. Este é um dos 22 títulos da coleção ‘Obras-Primas’, lançados entre 1995 e 2002, com confirmação ou suspeita de plágio.

Dois casos de plágio em tradução da Nova Cultural haviam sido noticiados pela Folha em 15 de dezembro de 2007, inclusive de uma tradução de Mario Quintana, que também teve o nome omitido. Em seguida, um grupo de tradutores reunidos no blog http://assinado-tradutores.blogspot.com apontou mais 20 títulos com plágio na coleção ‘Obras-Primas’ e organizou um abaixo-assinado de mais de 300 especialistas.

Segundo Marco Túlio de Barros e Castro, advogado da Weikersheimer & Castro, escritório carioca que representa Costa Lima, a notificação extrajudicial visa a suspensão da comercialização e distribuição das edições de 1995 e 2002 de ‘O Vermelho e o Negro’, o pagamento de indenização e a publicação de uma errata em um jornal de grande circulação. Segundo ele, os pedidos seguem a lei 9.610 de 1998 (lei do direito autoral) e seu artigo 108. Segundo Castro, não havendo resposta positiva da editora, será ajuizada a ação judicial.

Professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e da PUC-RJ, Costa Lima é um dos principais críticos literários do país. ‘Foi a única tradução que fiz do francês’, afirmou. ‘Fiquei muito surpreso pela extensão da coisa’, disse. Ele foi alertado do plágio pelo grupo de tradutores (e é signatário do abaixo-assinado).

O crítico, que é colunista da Folha, notou que pelo menos um erro da edição original havia sido reproduzido de maneira idêntica na edição da Nova Cultural. Erros repetidos são provas importantes para caracterizar plágios judicialmente, segundo especialistas.

Outro lado

Procurada pela Folha, a Nova Cultural disse desconhecer qualquer demanda de Costa Lima. Perguntada se tinha a intenção de divulgar errata, destruir exemplares não-comercializados ou conceder indenização, a editora se limitou a afirmar que ‘dedicará a melhor atenção ao caso visando a solução de quaisquer problemas que possam ter ocorrido’.

A coleção ‘Obras-Primas’, vendida de início em bancas de jornal, está à venda no site www.novacultural.com.br. Neste ano, após as denúncias, os 22 títulos apontados como plágio deixaram de ser vendidos pela internet, incluindo ‘O Vermelho e o Negro’.

A editora L&PM, que editou dois títulos desta coleção após negociar os direitos de publicação em 2003, já acionou judicialmente a Nova Cultural, conforme a Folha noticiou no último dia 10. Não é o único caso de plágio apontado no mercado editorial recentemente. A Martin Claret também tem livros com plágio em tradução, como a Folha noticiou no fim de 2007.’

 

TELEVISÃO
Mônica Bergamo

Produto exportação

‘Depois da Record e da RecordNews, o bispo Edir Macedo pode internacionalizar os negócios televisivos da Igreja Universal: em sigilo, já iniciou o projeto para uma nova TV com sede em Miami, nos EUA. O orçamento previsto do projeto gira em torno de US$ 40 milhões e inclui a compra de um satélite exclusivo.

CNN UNIVERSAL

A nova emissora deve começar a operar no início de 2010. O plano é ambicioso: fazer da nova TV uma espécie de ‘CNN’ em português, que poderá ser captada por parabólica em qualquer lugar do mundo.’

 

Mauricio Puls

Cultura faz almanaque visual sobre Maio de 68

‘A TV Cultura exibe de domingo para segunda, à meia-noite, um documentário sobre as manifestações estudantis que marcaram 1968. O programa está centrado nas mobilizações ocorridas na França, no Brasil e nos EUA, mas aborda também, de passagem, a Primavera de Praga, na então Tchecoslováquia, o massacre de Tlatelolco, no México, os assassinatos de Martin Luther King e de Robert Kennedy, nos EUA, e a ofensiva do Tet, no Vietnã.

A acumulação de tantos fatos históricos num período de tempo tão curto impressiona, e Zuenir Ventura chama a atenção, em seu depoimento, para o ‘sincronismo absolutamente misterioso’ que se manifesta no mundo -e num período em que ‘não havia globalização’.

Esse ‘mistério’, porém, não será elucidado pelo programa, que se limita a apresentar uma cronologia dos acontecimentos, com muitas cenas e músicas da época, entremeada por comentários de protagonistas e testemunhas dos eventos.

Esse almanaque visual aproxima o telespectador da atmosfera do período. É instrutivo observar que uma crise política que paralisou a França e provocou a dissolução do Assembléia Nacional começou com a prosaica reivindicação de que as alunas da Universidade de Nanterre pudessem freqüentar os alojamentos dos alunos.

É visível o esforço dos realizadores para abarcar um grande número de informações sobre a época, o que confere ao filme um andamento bastante truncado tanto na parte visual como na musical. Contudo, a tentativa de reunir o máximo de dados sobre um período não basta para esclarecê-lo, pois a mera simultaneidade entre dois eventos não significa que eles estejam conectados. Que relação existe entre o assassinato de Martin Luther King e a Primavera de Praga? Ou entre a vitória de De Gaulle nas eleições e a greve na Cobrasma, em Osasco? O programa termina assim com a singela conclusão de que ‘1968 foi mágico’.

MAIO DE 68: REVOLTA OU REVOLUÇÃO

Quando: amanhã, à 0h, na TV Cultura

Avaliação: regular’

 

Clara Fagundes

Documentário suaviza polêmicas

‘Um ano após o desaparecimento de Madeleine McCann, os pais da garotinha inglesa recebem a GNT. Parecem sóbrios, anestesiados, prontos para gravar mais um capítulo da campanha incessante para encontrar a menina, vista pela última vez em Portugal, dias antes de completar 4 anos.

Em casa, os médicos Gerry e Kate McCann acumulam caixas de cartas sobre o caso: doidas, cruéis, boas idéias. Nenhuma levou à menina.

A busca por Madeleine tornou-se uma luta feroz entre a polícia, a imprensa e os pais, suspeitos oficiais do desaparecimento desde setembro. Tablóides ingleses e portugueses publicaram reportagens sugerindo que os McCann mataram a filha e encobriram o caso. A trégua veio em forma de acordo extrajudicial, com pedido público de desculpas e doação ao fundo para encontrar Madeleine -que também paga despesas da família.

Sempre na trincheira dos pais, a GNT suaviza pontos polêmicos. Não ouve testemunhas, a polícia, os jornalistas que reproduziram especulações precipitadas, o luso-britânico Robert Murat -declarado suspeito pela imprensa e só depois pela polícia. O resultado, monocórdico, decepciona.

O DESAPARECIMENTO DE MADELEINE MCCANN

Quando: hoje, às 20h’

 

FOTOGRAFIA
Folha de S. Paulo

Morre em NY Cornell Capa, fundador do Centro Internacional de Fotografia

‘Morreu ontem, em Nova York, o fotógrafo Cornell Capa, 90. Segundo o Centro Internacional de Fotografia (fundado por ele em 1974), a morte foi de causas naturais.

Ao longo da carreira, Cornell clicou para a revista ‘Time’, integrou a agência Magnum e administrou o espólio do irmão célebre, Robert Capa, morto em 1954.

Nascido Cornel Friedmann na Hungria, ele planejava ser médico até se juntar ao irmão em Paris, em 1936. Na cidade, tendo por mentores Robert, Henri Cartier-Bresson e David Seymour, descobriu a fotografia. Depois de se mudar para Nova York e servir na unidade de inteligência fotográfica do Exército americano na Segunda Guerra, Cornell foi contratado pela ‘Life’.

Daí em diante, seus temas preferidos foram os políticos e sociais: registrou a campanha presidencial e os primeiros cem dias de mandato de John Kennedy, documentou a repressão do governo Perón na Argentina e a Guerra dos Seis Dias em Israel e esteve na Rússia soviética durante a Guerra Fria para clicar a Igreja Ortodoxa.

‘O que espero é ter feito algumas boas histórias fotográficas, com imagens memoráveis que afirmem uma idéia e, talvez, façam diferença’, disse, em livro de 1992.

Com agências internacionais’

 

 

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