Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Proposta modesta para salvar os jornais






Muito se discute sobre o futuro dos jornais. A migração de leitores e anunciantes para a internet deu início a uma crise no setor, ampliada agora pela recessão financeira mundial. Dinheiro à parte, a instantaneidade da internet e sua portabilidade – hoje as notícias podem estar até nos aparelhos de celular – são aspectos que levantam questões sobre o papel do jornal impresso. A revista Time entrou neste debate na semana passada, com uma matéria de capa intitulada’Como salvar o seu jornal’.

A imagem da capa mostra, sugestivamente, um exemplar do New York Times embrulhando um peixe. O artigo, assinado por Walter Isaacson, afirma que o modelo de negócios usado atualmente pelos veículos jornalísticos não é viável, e que o fato de revistas e jornais distribuírem seu conteúdo de graça na internet não faz o menor sentido.


Isaacson, que já comandou a redação da Time, foi CEO da CNN e hoje preside a organização Aspen Institute, refuta a idéia de falta de leitores.’Os jornais têm mais leitores do que nunca. Seu conteúdo, assim como o das revistas noticiosas, é mais popular do que nunca – até (e especialmente) entre os jovens’, escreve ele.’O problema é que poucos destes consumidores pagam por este conteúdo’. De acordo com um estudo do Pew Research Center, no ano passado mais pessoas nos EUA obtiveram suas notícias online, de graça, do que comprando jornais e revistas impressos.


O problema, diz Isaacson, é que abrir o conteúdo noticioso na rede podia fazer sentido no início da internet, mas hoje, com os jornais sofrendo para conseguir sobreviver, isso não funciona. Se o jornalismo tradicional conta com três fontes de receita – vendas, assinaturas e anúncios publicitários –, o novo modelo se debruça apenas na última delas. A questão crucial é que, com a recessão, os anunciantes param de investir em publicidade, e os sítios dos jornais perdem sua fonte.


‘Então espero que, este ano, vejamos o surgimento de uma antiga e audaciosa idéia’, afirma Isaacson:’ser pago por quem usa os serviços que [os jornais] fornecem e pelo jornalismo que produzem’. Um dos poucos jornais que hoje cobram por seu conteúdo online é o Wall Street Journal – é preciso pagar uma assinatura mensal para ter acesso ao sítio. Quando comprou o Journal, há um ano, o magnata Rupert Murdoch considerou acabar com a cobrança, mas analisou a situação econômica – que ainda nem era tão ruim – e percebeu que era besteira se livrar de uma fonte de receita necessária: as assinaturas do sítio do Journal cresceram mais de 7% em 2008.


Curiosamente, é possível ler o artigo de Isaacson (em inglês) gratuitamente no sítio da Time.