Wednesday, 27 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Tereza Rangel

‘Cerca de 40 representantes de 15 países tão diversos quanto Estônia, Geórgia, Turquia, Brasil, EUA, Reino Unido, Holanda, África do Sul, Austrália, Canadá, Dinamarca, Itália, Suécia, Suíça e Colômbia estão reunidos no encontro da Organização de Ombudsmans de Notícias, em Estocolmo, Suécia, que acaba neste sábado. O Brasil tem uma delegação de três ombudsmans: além da ombudsman do UOL, o ombudsman da Folha de S.Paulo, Carlos Eduardo Lins da Silva, e do iG, Mario Vitor Santos.

A maioria dos ombudsmans presentes trabalha para jornais ou redes de rádio ou televisão. Ombudsmans exclusivos para Internet, apenas os brasileiros do UOL e do iG. A conferência tem como tema ‘Os Ombudsmans de Notícia – Hoje e Amanhã’.Foram apresentados números e pesquisas sobre quem são e como trabalham os ombudsmans de mídia no mundo. São cerca de cem profissionais, com as formas de trabalho e contratos os mais variados possíveis. Em comum, perseguem a prática do bom jornalismo e buscam representar o público, mesmo aquele que não entra em contato com o ombudsman nem se manifesta. São mediadores entre o público e a redação.

Por conta do perfil do público, uma das grandes questões levantadas foi como se dará a evolução e sobrevivência do ombudsmanato no jornalismo tradicional (em especial o impresso) frente ao crescimento da Internet, à queda de venda de jornais (principalmente nos EUA) e da participação do público como autor de conteúdo.

Ou seja, um encontro como esse traz muitas dúvidas, questionamentos, reflexões,trocas de experiências e poucas respostas.

Foram divulgadas duas interessantes pesquisas sobre o trabalho do ombudsman no mundo.

A suíça Cristina Elia apresentou um trabalho que fez parte de seu doutorado em que traça o perfil do ombudsman de notícias no mundo em 2006. Alguns dados a seguir.

Nove em dez ombudsmans são jornalistas

Nove em dez trabalham para apenas um veículo (isso tem mudado, com ombudsmans trabalhando para várias publicações de um mesmo grupo, principalmente na Europa)

Os ombudsmans europeus são em média 20 anos mais velhos do que os de outras partes do mundo

Falta visibilidade ao trabalho dos ombudsmans europeus

E-mail é a principal forma de comunicação com o público.

Peter Mc Evoy´s trouxe dados levantados no encontro do ano passado, em Harvard, no qual 37 ombudsmans responderam a questionários. Alguns dados.

** 40% dos ombudsmans tinham blog

** 51% disseram que a principal questão a ser tratada é quanto os jornalistas seguem ou não o código profissional

** 90% dos ombudsmans disseram que a principal queixa é relacionada a preconceito e distorção

Volume de trabalho (36%) e falta de apoio da redação e/ou direção (25%) são os principais obstáculos apontados.

Alerta

O jornalista e professor de ética norte-americano Edward Wasserman disse que há um risco para a independência do jornalismo na forma como a publicidade tem agido na Internet, financiando a produção de conteúdos feitos sob medida para vender produtos, com a criação de inúmeros portais verticais. Disse que as empresas de mídia que trabalharem exclusivamente sob a égide da orientação para negócios estão sendo ‘‘corrompidas financeiramente’. Citou ainda a trivialização da produção de conteúdo na Internet, em que a luta pelo ‘furo’ e a pressa na produção contínua de material retira a capacidade de reflexão e de edição, piorando a qualidade do jornalismo. Criticou também a estandartização de conteúdo, para que possa ser veiculado em todas as plataformas, sem levar em conta as especificidades de cada uma.

P.S. Volto a me desculpar pelo atraso no atendimento aos questionamentos que chegaram. De volta ao Brasil na semana que vem, vou correr para colocar a correspondência em dia.’