Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Rita Célia Faheina

‘Há colunas, publicadas no O POVO, que são motivos de reclamações quase que diárias. Leitores questionam principalmente uma: ‘Reportagem’,do colunista social Lúcio Brasileiro. Dizem que o jornalista só se refere a ele próprio, fala banalidades, muitas vezes escreve de forma incompreensível e faz campanha para receber a Medalha da Abolição (maior comenda do Ceará entregue aos cearenses que, com seu trabalho, contribuíram para a melhoria do Estado).

Outra crítica é para a Coluna Concidadania, escrita pelo editor sênior do O POVO, jornalista Valdemar Menezes. Leitores acham que ele utiliza a coluna, publicada aos domingos, como porta-voz da Igreja Católica. ‘E as outras igrejas, por que não são divulgadas na coluna?’, perguntam.

Na semana passada, recebi de um único leitor anotações que ele fez durante dias seguidos sobre as notas divulgadas na coluna Reportagem.’Rogo a que você devote atenção ao que tem figurado nas colunas diárias de responsabilidade do jornalista Lúcio Brasileiro, cuja carga de aleivosias se abeira do ridículo’, pede o leitor. E dá como exemplo, a insistência de Lúcio para ‘a anulação de 60 outorgas da Medalha da Abolição (a condecoração que ele obcecadamente almeja) que Virgílio Távora conferiu. E, ainda, tornar obrigatória a cremação dos corpos, por determinação do Estado, desconsiderando os valores culturais de nosso povo atrelados à inumação’.

Outras notas do colunista são citadas pelo mesmo leitor como críticas à Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), propondo o fim das férias e o trabalho em dois turnos aos sábados. ‘práticas adotadas nos tempos feudais europeus ou no período da escravidão americana’, diz o leitor acrescentando notas que fazem ‘alusão ao livro ‘Assim Falava Paco’, seguindo à sua velada intenção de autopromoção intelectual’. O leitor se refere ainda às menções que o colunista faz aos jogos de azar, como o carteado, jogo do bicho e aos cassinos.

Há quem faça também correções a erros de informação na coluna. Ireleno Benevides corrige a frase ‘agora é cinza, tudo acabado e nada mais’ citada pelo Lúcio Brasileiro como sendo de uma canção de Noel Rosa. Na verdade, trata-se do samba ‘Agora é Cinza’, de autoria de Bide e Marçal, datado de 1933. O leitor Ismael de Sousa corrige a informação de que ‘O Iate (Iate Clube) traz (trouxe) Carlos Lira para lançar seu livro sobre Maísa. ‘ Não seria Lira Neto, jornalista cearense, radicado em São Paulo, autor de bela obra literária sobre a inesquecível estrela brasileira ?’, pergunta. O leitor tem razão. Lira Neto, ex-ombudsman do O POVO, é autor da obra ‘ Maysa: Só Numa Multidão de Amores’.

Lúcio explica

O jornalista diz que a sua coluna é muito pessoal. ‘Sempre digo que a minha coluna é na primeira pessoa e a da Sônia (Sônia Pinheiro, também colunista social do O POVO) é na terceira pessoa’.

Quanto à Medalha da Abolição, ele diz que foi criada para ser concedida aos cearenses que se destacam ou se destacaram fora do Ceará. ‘Gonzaga Mota (quando governador do Ceará) deu 60 medalhas (da Abolição) e eu estou pedindo que sejam anuladas’.Ressalta que, na sua coluna, são publicadas suas opiniões, escreve o que pensa. ‘Por exemplo, sou favorável à pena de morte, O POVO (o jornal) não é’.

Lúcio diz ainda que, com 53 anos de jornalismo, segue a sua trilha, expressa sua opinião. E cita como exemplo, a defesa do jogo de carteado que é permitido e influi no saber jogar. Quanto ao jogo do bicho, diz que defende porque faz parte da cultura brasileira e as pessoas podem jogar com pouco dinheiro.

Concidadania

Para o jornalista Valdemar Menezes existe leitor que tem certa implicância com as notas que se referem à Igreja Católica, e sempre a acha as informações excessivas.’ É um direito seu não gostar e do colunista de escolher o tema que mais lhe parecer conveniente falar’, diz.

O redator da coluna lembra que a maioria da população brasileira continua sendo formada por católicos e a maioria dos leitores do O POVO também é católica. ‘Atendo a essa realidade. Isso não significa exclusão das religiões das minorias. Sempre que houver alguma notícia sobre elas que o colunista considere relevante, ele a abordará independentemente do credo em questão. O que é relevante para o colunista pode não ser para algum leitor. Só não podemos ser intolerantes e preconceituosos. Tanto o colunista, como o leitor’.

Coluna extinta

Como o caderno infantil Clubinho, foi suspensa também, fevereiro passado, a coluna sobre Educação que era publicada semanalmente. ‘Um espaço que, de certa forma, demonstrava respeito aos educadores e valorizava suas ações nas escolas, divulgava eventos que podiam interessar-lhes e abria espaços para o debate’, define a jornalista Cristiane Parente, primeira editora do Clubinho e redatora da coluna que reforçava o programa O POVO na Educação. Com a mudança de Cristiane para Brasília, onde atualmente é coordenadora executiva do Programa Jornal e Educação da Associação Nacional de Jornais, ficou responsável a jornalista Isabelle Câmara.

A editora-executiva da Redação, Fátima Sudário diz que a coluna, publicada aos sábados no Jornal do Leitor, deixou de circular e não há previsão de quando voltará e se voltará a ser publicada.’