Wednesday, 18 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1318

‘Devemos ouvir os leitores’

O diretor do EL PAÍS, Antonio Caño, frisou na quarta-feira durante um encontro digital através da página do jornal no Facebook que ouvir os leitores é “um ato de humildade e realismo que todos os jornalistas devem fazer”. “É uma experiência fantástica e garanto que não será a última vez que respondo perguntas aqui. Outros jornalistas do jornal também estarão a partir de agora nessa rede social para falar com vocês”, disse. Caño é o primeiro diretor de um jornal espanhol a conversar com os leitores através dessa plataforma, a de maior penetração global e na qual o EL PAÍS tem 1,7 milhão de seguidores.

Durante a hora em que respondeu aos leitores, o diretor do jornal global em espanhol falou sobre a digitalização total do EL PAÍS, objetivo que ele chamou de “principal” e frisou que a edição impressa do jornal se encontra em um “processo de adaptação” à realidade digital. “O EL PAÍS é hoje, principalmente, um jornal digital. Ou, dito de outra forma, é um jornal digital que conta com o magnífico complemento de uma edição impressa”. Em março, o site do EL PAÍS registrou 15,2 milhões de usuários únicos, 21% a mais do que em fevereiro, dado que o coloca na liderança dos jornais do mundo de língua espanhola.

Caño também defendeu que os redatores conheçam os dados do tráfego de suas informações, uma ferramenta que o The New York Times e o The Washington Post logo colocarão em prática e que o The Atlantic já utiliza. “Ajuda a conhecer o que os leitores estão lendo, mas em nenhum caso isso deve determinar sobre quais temas iremos escrever”.

Ao ser perguntado sobre a atenção informativa que o jornal líder em espanhol dedica à Venezuela, o diretor do EL PAÍS frisou que o jornal “mostrou o mesmo interesse, por exemplo, pela cobertura da situação de segurança e direitos humanos no México”. “Sobre a matança de Iguala, por exemplo, publicamos dezenas de artigos e investigações, e exigimos em nossos editoriais que o Governo assuma a responsabilidade. Continuaremos fazendo o mesmo no futuro”, enfatizou Caño, ao lembrar que o EL PAÍS “pretende acompanhar os países da América Latina em sua modernização e regeneração democrática”. “No passado, estivemos ao lado dos países que suportaram ditaduras militares e queremos agora estar na defesa do respeito às liberdades em todos os países”.

Ao falar sobre outros assuntos, Caño respondeu que o EL PAÍS “publicou amplamente nos últimos meses notícias sobre o debate catalão, tentando abranger os pontos de vista de todas as partes”. “Nossa linha editorial é que a Catalunha faz parte da Espanha e deveria continuar assim no futuro, em benefício da Espanha e da Catalunha”, acrescentou. “O EL PAÍS é um jornal defensor das liberdades e do progresso, em todos os âmbitos”.

O diretor do EL PAÍS lembrou que todas as informações publicadas são submetidas “aos mais altos” controles de qualidade e rigor e apelou a todos os leitores para que se aproximem do jornal “sem preconceitos e sem suspeitas”. “Me fale do que você não gosta e tentaremos melhorá-lo”, pediu a um deles. Caño também lembrou que o jornal que ele dirige é o único da Espanha que tem uma Defesa do Leitor.