GOOGLE
Frase da semana
‘‘As investigações não vão nos impedir de seguir com nossos planos’
Eric Schmidt, diretor geral da Google, a respeito de uma investigação movida pela Comissão Federal de Comércio dos EUA.
A Google é acusada de violar regras antimonopólio, pois Schimdt faz parte do quadro de diretores de duas empresas ao mesmo tempo – Apple e Google.
Também nesta semana, procuradores estaduais nos EUA começaram a investigar um acordo da Google para digitalizar livros. Eles temem que seja criado um monopólio.
Segundo Schmidt, com o crescimento da empresa de busca, eram esperados esses tipos de investigações. Daqui para frente, a Google espera por mais ações reguladoras em todo o mundo.’
EBOOK
A semana do ‘Big Mac Kindle’
‘Nesta semana, a Amazon anunciou o lançamento do Kindle DX, a nova geração do leitor de ebook, uma espécie de iPod de livros. Tela maior (9,7 polegadas), melhor para a leitura, mais memória, novos acordos de conteúdo com parceiros.
Tamanho quase duplo, maior capacidade de armazenamento, o que lhe rendeu o apelido de ‘Big Mac Kindle’.
O lançamento não teria ganho tanto destaque se parte da indústria de jornais (NYTimes, principalmente) não tivesse feito tanto barulho tentando vender o Kindle DX como a ‘salvação para o jornalismo’.
Para mim, o efeito foi contrário. O que esse lançamento deixou mais evidente é que o Kindle DX não tem como foco principal os jornais, apesar da presença Arthur Sulzberger Jr, publisher e diretor do NYTimes, no lançamento do gadget.
Para começo de conversa, seu lançamento aconteceu numa universidade, os ‘usuários testes’ do Kindle eram estudantes universitários e a Amazon já deu sinais claros de seu foco principal é no mercado de livros escolares e universitários. Os jornais fazem parte do acervo do Kindle, mas não é o foco principal.
A Amazon vai distribuir não sei quantos Kindles de graça de teste para alunos das universidades do Arizona, Case Western Reserve, Princeton, Reed, Darden School of Business e a Universidade da Virgínia, além disso está fechando parcerias com diversas editoras de livros didáticos.
Sem contar o endosso de especialistas na área, como o pessoal do blog Teleread, que cobre a área de ebooks desde os anos 90, que acredita que o Kindle terá um brilhante futuro no mercado educacional.
Para mim, o Kindle é, antes de tudo, um gadget voltado para especialistas, pessoas que precisam fazer consultas e andar com muitos livros de um lado a outro – estudantes, professores, jornalistas, pesquisadores.
Os jornais tentam vender como principal benefício de ler jornais no Kindle o fato de você ter mobilidade. Ter o jornal ao seu lado toda manhã, numa idéia meio nostálgica de querer reproduzir a sensação do jornal impresso num gadget e ter a ‘impressão de receber o jornal todo dia em sua porta’.
Não sei se todas as pessoas vão querer ter essa sensação ou, melhor ainda, sabem o que é ter essa sensação de receber jornal todo dia, como um assinante. A forma de consumir livros ainda é a mesma, mas a de consumir conteúdo noticioso mudou bastante..
Quem quer ter mobilidade vai acessar o jornal pelo celular ou laptop. E não a versão dos jornais no Kindle que é paga e não dá acesso a infográficos interativos e a vídeos, por exemplo.
Ou seja, a pessoa vai pagar mais por menos. Enquanto que no site do jornal, ele pode ter tudo isso e mais de graça.
É só fazer as contas, pagar US$ 489 (mais ou menos 1.100 reais) pelo aparelho, depois assinatura do jornal no Kindle… jornal caro esse, hein? É mais negócio comprar um celular que dá acesso a um conteúdo maior, vídeos, atualizados mais rápidos, incluindo os próprios jornais que estão no Kindle.
O site de mídia Gawker lembra que a indústria de jornal vem buscando qualquer coisa que represente publicamente uma salvação aos seus negócios. Uma hora é o sistema de micropagamentos que vai salvar os jornais, outra hora é o mobile, agora é o Kindle DX. Amanhã será outra coisa.
O que a indústria de jornais precisa é recuperar o espírito de inovação e criatividade que tanto a guiou em seu início. Característica que, diga-se de passagem, hoje está nas redes p2p, nos blogs, sites de vídeos e em alguns sites de notícias. O Kindle DX terá sim um público nos jornais, mas nada que salve a indústria.
O que o Kindle veio salvar mesmo foi o mercado de ebooks. Não dá para negar que até hoje é o mais bem sucedido na área.’
NEW YORK TIMES
Quando a vida profissional começa num blog coletivo
‘Como alguns devem saber, desde 1896 o NYTimes é controlado pela mesma família. Uma verdadeira dinastia, tão bem registrada no livro O Reino e o Poder, do escritor Gay Talese, que, diga-se de passagem, foi entrevistado no último domingo no Estadão.
A família Ochs Sulzberger sempre teve uma política interna de que todo novo sucessor deveria ser da área de jornalismo. Mesmo sendo filho do ‘dono do NYTimes’, Arthur Ochs Sulzberger Jr, atual publisher do jornal, por exemplo, começou a sua carreira em outros jornais e em editorias que tinham um ritmo mais puxado.
Mesmo sabendo que, mais cedo ou tarde, seria publisher, essa inicialização de Sulzberger Jr serviria para conhecer, na prática, como um jornal funciona, além de ter vivência de redação, algo que até hoje faz uma grande diferença na formação de um profissional, mesmo que ele trabalhe apenas na gestão de um projeto de jornalismo.
Neste ano, chegou a vez de mais um sucessor, Arthur Gregg Sulzberger (foto no começo do post), de 28 anos, começar a sua carreira profissional. Desde fevereiro, ele está no jornal em Nova York.
Sinal dos tempos, ao invés de começar no jornal impresso, Arthur começa em um blog, no City Room, blog coletivo do NYTimes sobre a cidade de Nova York, que tem pautas que vão desde a última festa badalada que reuniu celebridades na cidade até um buraco na rua que tem incomodado os moradores.
É um dos blogs mais dinâmicos do site do jornal, ligado a prestação de serviços e com uma constante troca de informações com leitores e, muitas vezes, fazendo-se de ponte entre cidadãos e governantes.
É um detalhe pequeno na história do NYTimes, mas que simbolicamente mostra para onde vai a imprensa como um todo. Sulzberger III começa no NYTimes numa outra dinâmica, num blog, num contato mais direto com a audiência, tendo que responder diretamente a comentários de leitores e a realizar pautas enviadas pelo leitor por meio da caixa de comentários.’
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