Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Três abordagens para conhecer melhor a atividade jornalística

selo_rev_jorn_espmO jornalismo pode estar em crise, mas estudos acadêmicos sobre ele continuam a prosperar em instituições de ensino e pesquisa nos Estados Unidos e na Europa Ocidental. Abaixo, três abordagens que estão em voga atualmente. Todas exigem ainda mais investimento para se mostrarem mais produtivas, mas indicam caminhos promissores.

Estudos etnográficos

A partir da premissa de que o jornalismo é uma cultura particular, cientistas sociais vêm usando técnicas antropológicas da etnografia para estudar as mudanças na atividade devido à revolução digital, com a imersão de pesquisadores em redações por longos períodos de tempo.

Um bom exemplo é Making Online News: Newsroom Ethnographies in the Second Decade of Internet Journalism, de David Domingo e Chris Paterson, que documenta como jornalistas lidam com as inovações para a profissão trazidas pela internet, como eles resistem a elas, as incorporam seletivamente e as harmonizam com suas práticas antigas.

Mensuração de impacto

Tanto para veículos sem fins lucrativos, que precisam provar sua importância às entidades que os mantêm, quanto empresariais, que têm de prestar satisfação aos acionistas, é cada vez mais fundamental para o jornalismo mostrar qual o seu impacto.

Isso pode ser feito tanto a partir de métricas quantificáveis (instrumentos do tipo Google Analytics) como de estudos qualitativos para tentar estabelecer relação entre conteúdo jornalístico e mudanças sociais verificáveis. Um dos exemplos da primeira abordagem é Measuring the Online Impact of Your Information Project, de Dana Chinn, da Knight Foundation.

Engajamento cívico

Pesquisas têm sido realizadas, especialmente em comunidades pequenas e com seus veículos jornalísticos locais, para aferir quanto a atividade jornalística contribui para aumentar o nível de conhecimento sobre assuntos específicos ou alterar a opinião de pessoas sobre certos temas ou ainda para gerar iniciativas de atuação social.

Entre elas, destacam-se Engaging Audiences: Measuring Interactions, Engagement and Conversions, do J-Lab da escola de comunicação da American University, e The Engagement Metric: A Resource for Newsrooms, do Reynolds Journalism Institute.

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Carlos Eduardo Lins da Silva é livre-docente, doutor e mestre em comunicação; foi diretor-adjunto da Folha e do Valor.