Nas últimas semanas a imprensa internacional e nacional noticiou a descoberta de novos planetas similares à Terra e lançou sobre esta descoberta a seguinte pergunta: “Existe vida em algum outro lugar do universo? ” Ou ainda: “Existe vida inteligente no universo?” Até mesmo o brilhante físico Stephen Hawking (a quem homenageio no título deste texto) lançou-se na empreitada pela busca de vida racional além da Terra, ainda que sob o auspício da suspeita.
Mas essas perguntas trazem apenas um prolongamento de um espaço especular, ou dizendo de outro modo, são uma projeção de nossa própria falibilidade. Ou à maneira heideggeriana, por que a vida e não outra coisa?
A pergunta sobre a existência de outra vida esbarra na pergunta sobre o que constitui a vida. Procurando outra vida estamos procurando um ser com metabolismo? Um ser capaz de se locomover? Um ser capaz de reproduzir? Isso tudo conjuntamente?
E se a pergunta pela existência de vida parece tormentosa, imagine a existência de vida inteligente. O que seria isso? A existência de seres dotados de linguagem? A existência de seres dotados de lógica ao estilo aristotélico? A existência de seres fabricantes de tecnologia (esquecendo-se da discussão de que é um objeto tecnológico)?
Uma imagem e semelhança de nós mesmos
Logo, a busca por seres vivos ou seres vivos inteligentes é uma procura vaga, talvez mais tormentosa do que se buscar uma agulha no palheiro, pois quando busco tal agulha, sei o que busco. Já no caso desses pesquisadores, o objeto desejado parece ser ainda muito vago.
O que parece estar sendo buscado é uma projeção extraterrena de nós mesmos. Num mundo onde Deus já está morto, a salvação parece buscar no além alguma imagem e semelhança de nós mesmos.
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Pedro Henrique Correa Guimarães é professor